Deusas e a Mulher

Perséfone - A Jovem que atrai os homens

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Com homens a mulher tipo Perséfone é mulher-criança, insegura e juvenil na atitude. Três categorias de homens são atraídos pelas mulheres tipo Perséfone: homens que são tão jovens e inexperientes quanto ela; homens malandros atraídos pela sua inocência e fragilidade; e homens que não se sentem confortáveis com mulheres amadurecidas.

O rótulo amor jovem se ajusta a primeira categoria. Nesses relacionamentos de escola secundária e faculdade, o jovem e a jovem estão explorando, como iguais, a companhia do sexo oposto.

A segunda categoria emparelha Perséfone, o arquétipo da garota agradável de uma boa família, com um homem malandro. Ele é fascinado por essa garota protegida e privilegiada que é tão seu oposto. Ela, por sua vez, é cativada por esse magnetismo pessoal, aura sexual e personalidade dominadora. 

A terceira categoria estereotipada envolve homens que por várias razões não se sentem confortáveis com mulheres amadurecidas. O relacionamento pouco duradouro entre um homem mais velho e uma mulher mais jovem, por exemplo, é um exagero do modelo patriarcal arquetípico. Supõe-se que o homem seja mais velho, mais experimentado, mais alto, mais forte e mais esperto que a esposa. Supõe-se que a mulher seja mais jovem, menos experiente, mais baixa, mais fraca, menos educada e menos inteligente. O tipo que mais intimamente se ajusta a esse ideal é o de uma jovem Perséfone.

Além do mais, Perséfone é bastante diferente da imagem que muitos homens têm da mãe, mulher poderosa e difícil de agradar, e isso é outra razão pela qual alguns homens gostam de moças mais jovens. Com uma Perséfone, um homem sente que pode ser percebido como homem poderoso e dominante, e não ter sua autoridade e ideias desafiadas. Sente também que ele pode ser inocente, sem experiência ou incompetente, e não ser criticado. 

O relacionamento com um homem pode ser o meio através do qual a mulher tipo Perséfone se separa de uma mãe dominadora. Agora passa por um estágio de ser Perséfone “a joguete” onde ela é o objeto a ser possuído numa luta pelo poder entre um homem e sua mãe. Apaixona-se por um homem do qual sua mãe não gosta, alguém diferente do homem bonzinho que sua mãe tinha em mente. Algumas vezes Perséfone escolhe um homem de classe social diferente, ou ainda raça diferente. A mãe pode objetar à sua personalidade: “Ele é reservado e grosseiro” ou “Ele é desagradável, tem sempre que ter outro ponto de vista”. Pode ser a primeira pessoa que não tenha tratado a filha como uma princesa mimada, e não toleraria que ela fizesse esse papel. Sua mãe fica horrorizada. Confiante de que possa influenciar sua filha usualmente complacente, a mãe ataca sua escolha. Lamenta a personalidade do homem, seu caráter ou educação, algumas vezes também pondo em questão o julgamento, a competência e os princípios morais da filha.

Muitas vezes a mãe reconhece que ele é um adversário em potencial e, de fato, essa habilidade para resistir à sua mãe foi uma razão por que a filha Perséfone sentiu-se atraída por ele. Agora pela primeira vez na vida, A filha tipo Perséfone pode estar em desigualdade com sua mãe e seus padrões de comportamento de boa menina. Sua mãe ou sua família podem proibi-la de ver o homem que escolheu. Ela pode concordar, em vez de desafiá-los abertamente, e depois sair furtivamente para vê-lo. Ou pode tentar convencer a mãe das boas qualidades que ele tem.

Depois de certo tempo nesta luta, o homem usualmente ordena que ela se confronte com a mãe ou que desista de tentar obter a aprovação da mãe. Pode ordenar que ela viva com ele, case-se com ele, vá embora com ele ou corte o contato com a mãe. Prensada entre os dois, ou ela volta para a mãe e representa o papel de filha recuperada e submissa, ou compartilha a sorte com ele e faz a ruptura.

Se ela literalmente ou figurativamente não se afasta da mãe, pode ter começado sua jornada para tornar-se um ser humano separado e autodeterminado. Faz isso com o risco de trocar a mãe dominadora por um marido dominador, mas usualmente, tendo desafiado a mãe, ela muda e não é mais a pessoa complacente que era antes. A reconciliação com a mãe pode vir mais tarde, após ter ela alcançado sua independência emocional.

Luciana Sereniski
CRP 12/06912