Quando temos a oportunidade de conhecer tipos diferentes de pessoas não é raro percebermos as personas criadas para esconder os sentimentos pessoais de imperfeição. Elas adotam diferentes posturas para compensar a falta de valor próprio interior exibindo sua riqueza, seu status, suas façanhas intelectuais, sua força fÃsica, suas conexões sociais ou sua “superioridade” moral, na tentativa de provar que não são tão indignas quanto se sentem.
Às vezes tudo começa com uma pequena mentira ou simulação, mas com o passar do tempo a farsa vai ganhando uma dimensão maior, dando origem a um personagem que é o oposto de como a pessoa realmente se sente. Verdadeiras fraudes, temem ser desmascaradas todo o tempo. De certa forma, em alguma medida, todo mundo esconde ou compensa uma parte de si que não gosta.
Corremos atrás para satisfazer essa imagem criada. Trabalhamos arduamente para conseguir o dinheiro que mostramos ter, nos matamos para mostrar o corpo perfeito, o casamento perfeito, para fazer os contatos sociais que mostrarão que somos os tais, condenamos os outros para mostrarmos nossa elevação moral e espiritual. Se isso fosse uma verdade estaria tudo certo essa corrida incessante, mas na grande maioria é somente uma ação desencadeada por uma motivação coletiva, instintiva, na busca de poder, domÃnio, como fazem os animais. Num nÃvel mais caótico ainda apenas inventamos todas as realidades que queremos mostrar. Fazemos tudo que nossa persona pede, e então porquê ainda nos sentimos vazios?
Quando toda a sua energia é empregada para manter a ilusão do “eu” que você projeta e esconde do mundo a imagem do seu “eu temido”, a voz baixa e mansa do seu “eu verdadeiro”, quem você realmente é, mal pode ser ouvida. Fale mais alto e ouse responder à essas perguntas:
- Quem você é hoje, desperta a vontade de sua própria companhia?
- Quem é você quando ninguém está olhando?
- Se você se sentisse totalmente seguro, o que faria de maneira diferente?
- Quem você seria se vivesse sem nenhum medo?
Dizem que quando perguntaram a Michelangelo como ele conseguia esculpir anjos tão belos, ele respondeu: “Eu enxergo o anjo na pedra e vou removendo tudo que está ao seu redor”.
Ser você mesmo é semelhante a isso: menos uma tentativa de ser como você gostaria de ser e mais uma questão de reconhecer a magnificência de quem você realmente é.
Luciana Sereniski