Sobre o Amor - Jung
17:56
Dica de Leitura
Marianne Schiess, a partir de citações, textos pequenos, relatos de casos clínicos, delineia o pensamento de Jung sobre o amor, em diferentes períodos de sua vida.
Apesar de ser um pequeno livro é de uma grandiosidade em conteúdo, que prende, instiga o leitor a reflexões na medida que aborda o tema do amor interligado no cotidiano intrínseco ao ser humano; suas relações no campo do casamento, sociedade e ainda o processo do relacionamento que cura, entre outros.
Destaca que, para Jung, o amor representa uma grande problemática para a evolução do homem, onde este, para dar-se conta desse processo necessita da relação com o outro, com o coletivo, mesmo sentindo que esse processo é algo do individual, quando não consegue perceber que “é muito da incapacidade de amar que rouba das pessoas as oportunidades” .
A concepção, a força e o desenvolvimento do amor na psique quando ficam bloqueados, não permitindo o fluir da libido em direção aos relacionamentos, não percebendo a complexidade e a beleza de ouvir, nos torna vazios.
Quando o homem não lida com o “sofrimento da alma” é atrofiado no processo de “criação e progresso espiritual”, gerando a incapacidade da alma agir.
De acordo com Jung, “a base do casamento é sempre essencialmente coletiva” e, historicamente, a ênfase era no contrato social, não propriamente no amor.
A nossa sociedade atual, contudo, não aceita isto, uma vez que o encontro da relação está centrado no amor. Na medida que nos aproximamos e nos assemelhamos ao ser amado, lidamos com a “participation mystique” e, posteriormente, quando nos defrontamos com as diferenças do outro, torna-se um desafio, na nossa individualidade, a manutenção do casamento.
No capítulo sobre a sociedade, Jung expressa que os relacionamentos estão “minados pela desconfiança” em função de uma sociedade cada vez mais competitiva, gerando uma individualização que é favorável aos que controlam o poder, ficando os afetos suscetíveis e o amor comprometido em razão dessas projeções de insegurança diante da sociedade. “Onde termina o amor começam o poder, a violentação e o terror”.
Faz uma reflexão de que devemos lidar com as projeções e suportarmos as diferenças e percebermos que também podemos e devemos aceitar os erros dos outros, que isso sim é humano.
Mostra-nos que, nos dias atuais, é cada vez mais pertinente a importância da psicologia nos relacionamentos e, ressalta a dialética terapeuta – cliente, no sentido do autoconhecimento para perceber o que é meu e o que do outro. É um livro que resgata o pensamento de Jung sobre o amor, com o discurso dentro de uma atualidade.
É para leitores que sentem a necessidade e o interesse nos diversos temas ligados ao amor.
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