Mais um ano e mais do mesmo. Os mesmos planos? Vamos combinar que será a última vez?
Emagrecer e enrijecer o que detonamos mais uma vez no ano anterior. Já não está na hora de estabilizar o corpo? Mas juramos que esse ano vai.
Planejamos também conter os gastos e guardar dinheiro, investir, estudar mais sobre o assunto, pagar as dÃvidas. Vamos tomar consciência e desta vez ir em frente com isso?
E também resolver aquelas “pendengas” amorosas que duram anos. Sair de cima do muro, tomar uma decisão nem que seja a errada para ter a chance de arrumar mais à frente, recomeçar dentro ou fora com novas atitudes.
E aquelas promessas de se afastar das pessoas nocivas, dos empregos insatisfatórios que estancam a criatividade? Ou quem sabe treinar de uma vez por todas aquele comportamento que mudaria o rumo da profissão, da vida financeira, da vida.
E que tal aproveitar aquele aplicativo que foi baixado para começar a conhecer outro idioma e que hoje só ocupa lugar no celular e enche a caixa de e-mail com mensagens implorando para você voltar a estudar. Talvez um e-mail cheio te dê a sensação de que você está vivendo. Será?
E as pobres crianças que há anos esperam que cumpramos nossas promessas e as visitemos nos orfanatos, nos lares para adoção. As Ongs que resolvemos apoiar e não pagamos os boletos. E aquele apoio emocional que darÃamos para quem passou por uma doença, um abuso, uma injustiça?
E as aulas de Yoga que pagamos, a promessa da meditação diária, as orações esquecidas.
Tem também os livros que já compramos que proporcionariam o autoconhecimento, que ensinariam as técnicas profissionais que faltam, e aqueles livros tolos que tornariam nosso ócio mais estimulante. Todos tirados o pó semanalmente. E nada aprendido.
O dinheiro que prometemos guardar mensalmente para aquela super viagem e que foi usado num final de semana de rebeldia, no Ifood ou naquela roupa para impressionar um novo par amoroso que durou um tempinho. A promessa de que teria sido o último ano sem aquelas férias maravilhosas, se tornou agora não um desejo, mas uma pendência, acumulada com a sensação de culpa.
A mudança de visual que revelaria mais do teu Eu, a ousadia que faltava no cabelo, nas cores, na maquiagem. Sério que vão ficar para o ano que vem?
E aquelas pessoas que você deveria perdoar, soltar? Que deveria deixar ir, tirar o peso, se livrar, não olhar para trás, aquelas que você prometeu: Nunca mais. Nunca mais é sério. Se nunca mais, apaga o número, não olha rede social, queima as fotos, rasga os cartões, deleta os e-mails, esquece o nome. A vida é urgente.
Adoro os planos de passeio, de papo furado, de falar bobagens, daquela futilidade, de comer algo delicioso sem culpa, de falar mal dos ex, de assuntos proibidos, de conhecer gente diferente.
Adoro os planos de vida que incluem conhecer novos restaurantes, novos lugares, novos costumes, novas sensações, novas posições. E porque não?
A questão não é o que planejamos, mas o que vivemos. Por isso este ano resolvi ter apenas um plano: Nunca mais repetir um objetivo. Será neste ano ou nunca.
Resolvendo todos os planos até aqui esse poderá ser o ano em que você ficará rica, ganhará a promoção desejada, conhecerá o mundo, terá o melhor orgasmo de todos, ficará arrepiada de tão feliz, usará o biquine que deseja, terá seu dinheiro reserva, dormirá em paz, viverá o maior amor de todos.
Este pode ser o ano em que você exterminará com teus objetivos de estimação, que você dará a volta por cima, que você terá a chance de sair da caixinha que esteve por anos tentando vencer as mesmas coisas. Pare de repetir a mesma vida e aja.
Esse é meu convite para este ano, e se for repetir algo no próximo ano que seja apenas o teu perfume que deixará no ar para todos sentirem e admirarem a pessoa que você é com a lembrança de quem você foi um dia.
Luciana Sereniski
CRP 12/06912