Você tem uma Relação Amorosa Equilibrada?
11:56
Para Jung não existe relacionamento psicológico entre duas pessoas que estejam num estado de inconsciência. À partir de qualquer outro ponto de vista, do fisiológico por exemplo, elas poderiam ser consideradas como estando relacionadas, mas não poderíamos dizer que seu relacionamento é psicológico. Vamos considerar fisiológico como sexo agradável. Assim como não é incomum pessoas se relacionarem por uma ligação espiritual, mas isso também não significa que é um relacionamento psicológico. Do ponto de vista psicológico união porque o sexo entre os dois é muito bom e união porque somos espiritualizados é uma não relação, exceto se examinado à luz da psicologia. Assim também quando apenas uma das partes é consciente, não se considera uma relação psicológica.
Considerando que o instinto é inato, automático, uma pessoa dirigida por sua parte sexual é inconsciente. Os instintos podem nos levar a uniões, mas, o que acontece depois? Um instinto não examinado é indício de inconsciência e característica fundamental da mente não desenvolvida. Os instintos precisam ser percebidos e orientados, a ponto de se tornarem extintos alguns determinantes que levam a comportamentos inconscientes.
Por outro lado, Jung acredita, que o espírito seja uma coisa perigosa e não crê na sua supremacia, acredita sim num corpo inundado de espírito, na qual Yin e Yang, se unem numa forma viva, e, portanto uma relação baseada somente na espiritualidade (gostaria de que se considerasse aqui também aquelas pessoas que se unem apenas por terem objetivos comuns, mas pensam que foi por amor) também é inconsciente. Me veio a ideia cristã de que seríamos cheios do Espírito Santo, se quiséssemos, e nunca dito que nós seríamos o Espírito Santo.
A parte fundamental onde reside a relação psicológica é no equilíbrio entre espírito e instinto, resumidamente Jung diz: “Uma característica animal excessivamente forte distorce o homem civilizado, e, um excesso de civilização produz animais doentes.
Recebemos em psicoterapia poucas pessoas que se consideram “espiritualizadas”, exatamente porque elas se consideram melhores do que outras, como se tivessem ultrapassado o psicológico e isso as torna raras e portanto superiores. E acreditam que psicólogos têm conhecimentos inferiores aos seus, que beiram a santidade. No oposto também recebemos menos instintivos, exceto quando eles têm a consequência arrasadora dos seus atos. Eles se gabam de viver e fazer o que tem vontade, se rotulam de livres, mas se sentem constantemente ansiosos não percebendo as correntes que os prendem e tem medo que a terapia os imponha algum limite. E imposição não pertence a terapia, esse é um espaço de escolhas e escolhas próprias.
Essas duas classes quando chegam à terapia só vêm em busca de apoio aos seus comportamentos, são aqueles que fazem algumas sessões e quando percebem que vão precisar mudar ou não recebem o agrado necessário dão o fora rapidinho. Os mais comuns em terapia e os que ficam são os que têm um mínimo de consciência e suportam os erros. Na maioria das vezes os instintivos preferem só os medicamentos e os espiritualizados, bem, esses não precisam de ninguém.
Essas duas classes quando chegam à terapia só vêm em busca de apoio aos seus comportamentos, são aqueles que fazem algumas sessões e quando percebem que vão precisar mudar ou não recebem o agrado necessário dão o fora rapidinho. Os mais comuns em terapia e os que ficam são os que têm um mínimo de consciência e suportam os erros. Na maioria das vezes os instintivos preferem só os medicamentos e os espiritualizados, bem, esses não precisam de ninguém.
Nenhuma pessoa que viva nesses opostos deve negá-los. Esse material é muito bem-vindo e respeitado e usamos apenas para interpretar a mensagem que despertará a consciência.
Eu citei no início que aqueles vínculos não podem ser reconhecidos como relação psicológica, exceto se examinado à luz da psicologia. O que isso significa? Não é incomum duas pessoas opostas se vincularem e acabar não se relacionando, apesar de casadas, porque vivem em mundos diferentes, porque tem linguagens diferentes. Mas essas relações podem ser viáveis e inclusive podem ser bastante positivas se examinadas, pois podem proporcionar o equilíbrio individual. Por não saber disso elas podem acabar se separando e logo em seguida sentir muita falta uma da outra, pois aquele ou aquela é quem poderia ser espelho para lidar com seu mundo oposto ou não necessariamente lidar, mas complementar e trazer um alívio necessário num primeiro momento. O que de certa forma traria um certo equilíbrio e vantagens em termos de autodesenvolvimento. Quando os dois estão no mesmo polo é mais difícil perceberem a necessidade de também agregar o outro em si mesmo e consequentemente na relação. Já os espiritualizados descartam o prazer material e os materialistas descartam o prazer espiritual, o que dificulta chegarem para examinarem suas relações à luz da psicologia. Ainda assim todos temos momentos de consciência e se não a negarmos podemos nos aprofundar mais.
Portanto sim, podemos buscar esse equilíbrio que nos permite adentrar nosso Eu profundo e ter nossa verdade conhecida em relacionamentos que não são os mais equilibrados, desde que estejamos conscientes deles e os utilizemos para nos examinar. Esse é um dos propósitos das relações e talvez seja o único, pois os opostos são realmente encantadores e nos mantêm magnetizados e por isso buscamos crescer neles e com eles e os iguais são tão mornos, pois já o temos em nós, que podem cansar e também buscarmos melhora-los, ao invés de nós mesmos. Mas nada melhor do que a relação de duas pessoas equilibradas. E acima disso, nada melhor do que uma relação equilibrada consigo mesmo, independente de ter ou não uma relação amorosa com um outro.
Luciana Sereniski
CRP 12/06912
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