Autodesenvolvimento

Prêmio Quality - Segmento: Psicóloga

15:27


EVENTO DE PREMIAÇÃO OCORRERÁ NO DIA: 05 DE DEZEMBRO DE 2013

LOCAL: EXPO CENTER NORTE - CENTRO DE EXPOSIÇÕES E CONVENÇÕES - SÃO PAULO - SP

ALGUMAS EMPRESAS E PERSONALIDADES TAMBÉM PREMIADAS: LUCIANO HUCK, GUGU LIBERATO, VOLKSWAGEN, PETROBRÁS, GRUPO PÃO DE AÇÚCAR, NESTLÉ, TAM, O BOTICÁRIO, ELIANA, FELIPE SCOLARI, MAURICIO DE SOUZA, ...

Equilíbrio Emocional

Transtorno Bipolar - Como atua e Tratamento necessário

10:33


O Transtorno Afetivo Bipolar (antiga Psicose Maníaco-Depressiva) caracteriza-se pela presença de fases depressivas, geralmente graves, e uma ou mais fases maníacas num indivíduo. Entre as fases, a pessoa se apresenta "normal".

Mania é um estado de elação: persistência anormal do humor elevado, expansivo, irritado, alegre, animado, e de muita atividade, oposta à depressão. Estas fases podem ocorrer sem uma ordem pré-estabelecida, ou seja, pode haver mania seguida de mania, depressão seguida de depressão, mania seguida de depressão, depressões e apenas uma fase de mania, etc. Não corresponde à mania dita popularmente (hábitos repetitivos numa pessoa). É perceptível que a pessoa encontra-se fora do seu normal habitual. Uma autoestima extremamente elevada, com grandiosidade, podendo atingir proporções delirantes: o indivíduo passa a acreditar que é uma pessoa importante do meio político, religioso ou é próximo a Deus (quando a crença se torna uma verdade absoluta, estamos diante de um delírio). Sente-se cheio de energia, porém, pode haver muita irritabilidade e labilidade (oscilação) do humor. Apresenta uma desinibição sexual intensa, podendo chegar à promiscuidade.

É subdividida em tipo I e tipo II. O Transtorno Bipolar do Tipo II apresenta depressões e hipomanias, que correspondem a um quadro de mania, porém mais leve.

A Fase Depressiva é um quadro de depressão em tudo semelhante à Depressão Maior. A Fase Maníaca caracteriza-se por uma grande elevação do humor, levando a exaltações, alegrias, irritação, explosividade, agressividade. Durante a fase, deve ocorrer três ou mais sintomas a seguir:

Autoestima inflada, grandiosidade
Falante, pressão para falar
Fuga de ideias, "pensamento está correndo muito"
Distraibilidade
Aumento de atividades direcionadas para um objetivo
Agitação psicomotora
Prazer em atividades perigosas (comprar em excesso, indiscrições sexuais, investimentos financeiros descabidos, etc.)
O sono quase desaparece ou desaparece totalmente, a pessoa está sempre com altíssima energia, uma hiperatividade que não permite que fique quieto por minutos.
Seu pensamento se torna extremamente rápido, com dificuldade de interrupção, chegando ao que se chama "fuga de ideias" (velocidade extrema do pensamento, onde ocorrem associações de ideias através de semelhanças e/ou por sons, porque uma ideia se interpõe a outra devido à pressão à qual estão submetidos os pensamentos).
O tom de voz é geralmente elevado e ficam falantes. Os indivíduos se sentem muito bem, infalíveis, não havendo limites para nada, tudo é permitido e realizável. Do mesmo modo que ficam irritados, esquecem facilmente.

Inicia-se geralmente na adolescência, porém não é via de regra. O início pode ser gradual ou abrupto.

O Transtorno Bipolar tem fatores desencadeantes psicológicos ou sociais estressantes, fatores genéticos ou biológicos como na Depressão Maior, porém, provavelmente sua causa é genética (hereditária). Os fatores genéticos (biológicos) podem determinar como a pessoa reage frente aos estímulos estressantes da vida.

TRATAMENTO

Muitas vezes, o indivíduo que só apresenta fases de depressão até então; recebe o diagnóstico de Transtorno Afetivo Unipolar. Só é feito o diagnóstico de Transtorno Bipolar quando ocorre pelo menos uma fase de mania.

Trata-se com medicamento, indicado por médico psiquiatra ou neurologista, ao menos até um equilíbrio entre consciente e inconsciente, e,

Psicoterapia: embora se diga que não tem cura", a psicologia analítica junguiana trabalha, através de suas técnicas, com efetividade no controle do humor. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Equilíbrio Emocional

O Que é um Ataque de Pânico?

17:00


O ataque de pânico é um episódio de intenso medo ou receio de início súbito e de relativa curta duração, juntamente com uma assustadora onda de sensações físicas e pensamentos.

AS SENSAÇÕES FÍSICAS PODEM INCLUIR: 
Coração batendo rapidamente 
Tontura / desmaio 
Falta de ar 
Dores no peito 
Dormência / formigueiro 
Transpiração 
Agitação 
Náuseas 

SENSAÇÕES PSICOLÓGICAS DE QUE VOCÊ ESTÁ: 
Fora de controle físico e/ou emocional 
A morrer 
A ter um ataque cardíaco / curso 
A desmaiar 
Enlouquecendo 

Um ataque de pânico é uma intensa reação em cadeia, física e mental. Pode começar com uma simples sensação corporal ou um pensamento sobre algo ameaçador. Em poucos segundos, uma reação em cadeia é acionada, envolvendo pensamentos de medo, reações físicas, e sentimentos de terror e desespero. Na maioria dos casos, um ataque de pânico pode começar com uma variedade de sintomas e atinge um pico dentro de 10 a 15 minutos, sendo que depois vai gradualmente diminuindo. Os efeitos secundários, no entanto, podem durar um longo período de tempo. Às vezes, pode demorar um ou dois dias só para voltar ao seu estado físico e mental normal. Com o tempo, os ataques de pânico podem começar a alterar a sua maneira de pensar, agir e sentir a sua vida diária, mesmo quando você não está tendo um ataque de pânico real.

Enquanto as sensações de pânico são uma resposta natural ao perigo, os ataques de pânico, geralmente estão fora de proporção em relação a qualquer perigo real que a pessoa pode estar enfrentando no momento. Eles parecem ter vida própria.

O QUE CAUSA OS ATAQUES DE PÂNICO E TRANSTORNO DE PÂNICO?

Nem sempre se tem uma noção clara acerca daquilo que provoca um ataque de pânico pela primeira vez. A vulnerabilidade e/ou suscetibilidade a ter ataques de pânico pode ser comum em algumas famílias ou algumas pessoas podem ter uma forma de ser e de pensar que as torna mais propensas. O primeiro ataque de pânico geralmente verifica-se em momentos de stress ou em reação a uma experiência traumática. Após o primeiro ataque de pânico, as pessoas começam a prestar mais atenção aos seus sintomas físicos. Eles muitas vezes começam a ficar com medo das suas próprias reações físicas. Começam a ficar num estado de hipervigilância sobre os seus sintomas físicos ou algo que possam considerar como ameaça. Quando isto acontece, qualquer situação/alteração que produza uma reação física semelhante, tais como o exercício físico, emoções fortes ou mesmo uma mudança na temperatura, podem desencadear um ataque de pânico. A pessoa passa a fazer um conjunto de associações (de medo) erradas que provocam uma reação em cadeia, fazendo disparar o sistema nervoso autônomo que deixa a pessoa num estado elevado de excitação. Este estado de excitação é interpretado como perigoso, levando ao completo descontrole.

É UM ATAQUE CARDÍACO OU UM ATAQUE DE PÂNICO?

A maioria dos sintomas de um ataque de pânico são físicos, e muitas vezes esses sintomas são tão graves que as pessoas pensam que estão tendo um ataque cardíaco. De fato, muitas pessoas que sofrem de ataques de pânico vão ao médico ou ao pronto-socorro (urgências) porque acreditam que a sua vida está em risco. Embora seja importante para descartar possíveis causas de sintomas médicos, como dor no peito, palpitações do coração, ou dificuldade para respirar, é na grande maioria da vezes o pânico que é ignorado como uma causa potencial do mal-estar sentido, e não o contrário. Se este tipo de episódio ou situação já lhe aconteceu, certamente desmistificou a possibilidade de sofrer de alguma condição médica prejudicial à sua saúde.

O QUE FAZER PERANTE UM ATAQUE DE PÂNICO?

Seria sensato fazer um exame físico completo. O primeiro passo a ser dado, é marcar uma consulta com o seu médico para descartar qualquer problema de saúde física. Muitos sintomas do pânico podem ser assustadores e podem ser similares a algumas condições médicas. Se junto do seu médico confirmar que não há nenhum problema físico, você precisa lembrar-se disso quando voltar a sofrer de um ataque de pânico. A confirmação de que não existe nada de errado consigo é uma premissa para reestruturar a crença de que tudo não passa de medos “irracionais” e consequentemente nada de mal lhe irá acontecer.

O QUE FAZER DURANTE UM ATAQUE DE PÂNICO?

Tente não lutar contra o que você está sentindo. É importante relembrar-se que está sentindo uma intensa ansiedade e o mais certo é ser desproporcional a qualquer perigo real que possa julgar estar presente nesse momento. Muitas vezes, lutar contra os sentimentos, evitando-os ou tentar distrair-se pode realmente aumentar o seu medo de pânico e aumentar ainda mais o desconforto sentido. É importante relembrar-se que o pânico nunca é permanente, a maioria dos ataques de pânico nunca duram mais do que alguns minutos (em média, 4 a 6 minutos). Depois de atingir um pico de desconforto a tendência é que a intensidade dos seus sintomas diminua.

Relaxe. O relaxamento é a chave para superar os ataques de pânico. As técnicas de relaxamento, controle da respiração e meditação podem ser praticados para ajudar a relaxar. Um exemplo de controle da respiração é a respiração lenta e profunda.

Exemplo: respire calmamente e em silêncio, conte para si mesmo à medida que vai inspirando: 1 … 2 … 3 … 4 … 5…, sustenha a respiração por um breve momento e expire continuando a contar para si: 1 … 2 … 3 … 4 … 5 …, repita o processo durante cerca de cinco minutos para que o equilíbrio de oxigênio e dióxido de carbono possa voltar ao normal. Este é um processo muito eficaz quando utilizado aos primeiros sinais de um ataque de pânico.

Desafie o seu medo. Tente ser consciente acerca do que você está pensando e veja se consegue desafiar esses medos.

Apresento algumas perguntas que você pode fazer a si mesmo: 
“De acordo com o que agora sei sobre os ataques de pânico, e levando em consideração o recente check-up médico que descartou a possibilidade de qualquer explicação física para os episódios, estarei realmente tendo um ataque cardíaco, derrame ou a enlouquecer? O que eu temo está realmente a acontecer, ou o mais provável é que estes sintomas façam parte da minha resposta de ansiedade? “ 
“O que é que eu aprendi da minha experiência com ataques de pânico? Já tive esses sentimentos antes e eles nunca me provocaram dano nenhum (morte), ou não passam de um ataque de pânico, tendo a causa no meu medo infundada". 
“Se alguém que eu conheço estivesse sentindo estes sintomas, o que eu lhe diria para tranquilizá-lo que o que ele está sentindo são apenas sintomas de ansiedade?” 

Dê um tempo a si mesmo. Tente não se apressar durante um ataque de pânico. Não tente distrair-se ou fingir que não está sentindo a ansiedade. Não deve fazer isso, porque muitas vezes é esse fato que aumenta a ansiedade. Reconheça os seus sintomas como “apenas os sintomas”, lembre-se que você pode separar aquilo que sente, daquilo que pensa ou do medo que está a viver. Algumas pessoas acham útil pensar no pânico como se fosse idêntico a “surfar uma onda ” em que a onda vai crescendo, atingindo um pico, para em seguida diminuir suavemente na praia. Quando se sentir restabelecido, volte ao que estava fazendo.

Desenvolva e aplique o poder do pensamento positivo. Outra forma que contribui para a redução dos ataques de pânico é perceber a maneira que você fala para si mesmo, especialmente durante os períodos de maior stress e pressão. Os ataques de pânico geralmente começam a formar-se quando você diz a si mesmo coisas assustadoras, como “Eu sinto-me tonto… Eu estou prestes a desmaiar!” ou “Eu estou preso neste engarrafamento e algo terrível vai acontecer!” ou “Se eu sair, eu vou perder o controle e fazer feio.” Estes pensamentos são chamados de “previsões negativas” e têm uma forte influência sobre a maneira como sente o seu corpo. Se você estiver mentalmente prevendo uma catástrofe, o seu corpo irá disparar uma resposta de alarme, uma resposta de “lutar ou fugir”.

Adote uma atitude positiva, tente concentrar-se em pensamentos positivos, calmantes e capacitadores, como “Eu estou aprendendo a lidar com as sensações ansiosas de pânico e sei que algumas pessoas conseguem superar o pânico “ou “Isto vai passar rapidamente, e eu posso ajudar-me, concentrando-se na minha respiração e imaginar um lugar relaxante ” ou ” Estes sentimentos são desconfortáveis, mas eles não vão durar para sempre. “

SERÁ MUITO ÚTIL LEMBRAR-SE DE ALGUNS DOS SEGUINTES FATOS SOBRE OS ATAQUES DE PÂNICO: 

Um ataque de pânico não pode causar insuficiência cardíaca ou um ataque cardíaco. 
Um ataque de pânico não pode fazer você parar de respirar. 
Um ataque de pânico não pode fazer você desmaiar. 
Um ataque de pânico não o leva a “enlouquecer”. 
Um ataque de pânico não pode fazer você perder o controle de si mesmo (poder pode, mas apenas se você permitir). 

PORQUE RAZÃO CONTINUA A TER ATAQUES DE PÂNICO?

Depois do transtorno do pânico se desenvolver, geralmente torna-se num ciclo diário de medo. O ciclo começa com a ansiedade antecipada sobre onde, quando e como é que o próximo ataque de pânico pode ocorrer. As pessoas com transtorno de pânico muitas vezes tornam-se conscientes e preocupadas com as mudanças físicas que podem acontecer no seu corpo. Esse crescendo de medo e ansiedade, muitas vezes leva ao aumento do medo da situação temida, aumentando igualmente a probabilidade de realmente ter um ataque de pânico e, para algumas pessoas, esta é a razão para evitar a situação por completo. As pessoas que têm transtorno de pânico com agorafobia, podem gastar muito do seu tempo evitando atividades e lugares que julgam poder vir a desencadear um novo ataque de pânico.

É IMPORTANTE NÃO DEIXAR QUE UNS POUCOS ATAQUES DE PÂNICO SE TORNEM UM PROBLEMA MAIOR A LONGO PRAZO. ALGUNS PONTOS-CHAVE QUE DEVE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO, SÃO:

Não evitar situações ou atividades habituais. Tente não evitar as situações ou atividades que estão relacionadas com o pânico. Por exemplo, não tente evitar o exercício, os transportes públicos, ou dirigir. Se você está começando a temer ou a evitar certas situações, precisa pouco a pouco voltar a fazer essas coisas. Esta é a melhor maneira de aprender que o pânico não precisa impedi-lo de realizar as suas atividades habituais e que você pode passar por isso sem prejuízos maiores.

Evite automedicar-se. Evite a ingestão de álcool, isso não irá ajudar a diminuir as sensações de pânico e, a longo prazo irá torná-los pior. Os tranquilizantes, por vezes, têm um efeito muito curto, não sendo úteis a longo prazo, sendo que podem surtir num problema dado que é fácil tornar-se dependente. É importante que saiba que alguns medicamentos para a ansiedade podem ser viciantes. Deverá sempre obter aconselhamento médico acerca de qualquer medicação.

Evite o desenvolvimento de hábitos prejudiciais. Algumas pessoas com ataques de pânico começam a usar muitos comportamentos supersticiosos para se protegerem. Por exemplo, podem levar garrafas de água ou um determinado livro em caso de pânico, ou que só podem seguir determinadas rotas, pois transmite uma sensação de segurança. Se você executa algum deste tipo de hábitos insidiosos na sua vida, tente revertê-los. Embora possam parecer inofensivos, eles podem impedir a aprendizagem de que os ataques de pânico não são perigosos e que você pode conseguir lidar sozinho com a situação.

O QUE DEVO SABER MAIS, ACERCA DO TRANSTORNO DE PÂNICO?

Como em qualquer outro transtorno, as pessoas com transtorno de pânico podem ter várias complicações. Algumas pessoas pensam que são fracas ou que têm algum defeito, por terem ataques de pânico. A tensão e esforço que o transtorno de pânico coloca nas famílias, pode contribuir para o surgimento de problemas conjugais e familiares. Além disso, cerca de um terço das pessoas com transtorno do pânico também têm depressão ou problemas com drogas ou álcool. Se você tem transtorno de pânico ou agorafobia, e de acordo com o que anteriormente referi, um exame físico completo é o primeiro passo no seu processo de recuperação. Posteriormente procure aderir a um programa de recuperação e tratamento do transtorno de pânico.

OBTER AJUDA

Conversar com uma pessoa próxima (cônjuge, parente, amigo) pode ser muito útil, especialmente quando você  está  se sentindo muito angustiado. É importante não se tornar excessivamente dependente do apoio dos outros e deve decidir-se a lidar com seus ataques de pânico e começar a enfrentar situações por si mesmo.

A boa notícia é que os tratamentos para o transtorno de pânico e agorafobia são eficazes. Existem dois tipos principais de tratamento que funcionam muito bem. São eles:

Terapia. A Terapia é aplicada por um psicólogo que lhe ensina as habilidades práticas para ajudar a superar os seus ataques de pânico, enquanto vai trazendo à consciência a motivação desencadeante, fazendo assim com que a libido, antes no inconsciente, seja assimilada pelo ego.  

Medicamentos. Existem alguns medicamentos específicos que mostraram ser eficazes na redução dos ataques de pânico. Estes geralmente precisam ser tomados durante um período significativo de tempo e devem ser prescritos pelo psiquiatra. É importante levar em consideração que a medicação pode ter um efeito negativo com o decorrer do tempo, dado que a pessoa pode associar a sua segurança ao medicamento, tornando-se dependente do mesmo.

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

"Meus pais são Bipolares" - Transtornos para Todos - Contardo Calligaris

11:52


Belo artigo de Contardo Calligaris em relação aos transtornos mentais e ao “afrouxamento” das categorias de diagnóstico.

Transcrito na íntegra:

O termo “bipolar” se tornou corriqueiro na boca dos adolescentes. Não é que eles citem diagnósticos psiquiátricos, no estilo “sabe, minha mãe toma remédio porque os médicos dizem que ela é bipolar”.

Nada disso; para eles, o termo é a descrição genérica de um estado de espírito dominado por altos e baixos radicais. Além disso, muitos adolescentes acham que, hoje, ser bipolar é a regra.

Não acho ruim que termos clínicos se vulgarizem e entrem na linguagem comum. Só me preocupa o fato de que, às vezes, psiquiatras e psicólogos adotam essa vulgarização, confundindo a tristeza banal com o transtorno depressivo ou, então, variações do humor banais com o transtorno bipolar.

Com isso, claro, a indústria farmacêutica faz a festa, pois vende antidepressivos a pessoas que estão apenas tristonhas ou morosas e estabilizadores do humor a pessoas que são apenas mais alegres pela manhã do que à noite. Seja como for, talvez os adolescentes tenham razão. Talvez a bipolaridade, além de um transtorno para alguns, seja hoje um traço da personalidade de todos nós. Por quê? Um pequeno desvio para responder.

Existe um grupo de trabalho encarregado de revisar o “Manual Estatístico e Diagnóstico de Transtornos Mentais”, cuja quinta versão (“DSM V”) será publicada em 2013. Foi assim que em 2010, se não me engano, soubemos que o “transtorno da personalidade narcisista” sumiria da próxima versão do “Manual”. Tanto mais bizarro que, aos olhos de muitos (assim como aos meus), a personalidade narcisista, longe de estar extinta, é a que melhor resume a subjetividade contemporânea. Antes de defini-la, vamos ver quais foram as reações.

As más línguas observaram que sempre somem os transtornos contra os quais a indústria farmacêutica não tem remédios para vender (não existe pílula para transtorno narcisista, enquanto existem várias para bipolaridade e depressão).

Outros, considerando que o transtorno da personalidade narcisista coincidiria com o espírito de nossa época, acharam normal que ele não fosse mais considerado como uma patologia.

Enfim, muitos psicanalistas (sobretudo alunos de Heinz Kohut e de Otto Kernberg, grandes intérpretes do narcisismo) protestaram, e eis que, numa revisão de 21 de junho passado, o transtorno narcisista reapareceu no “DSM”.

Em síntese, o narcisista não é, como sugere a vulgata do mito de Narciso, alguém apaixonado por si mesmo ou por sua imagem no espelho. Ao contrário, o problema do narcisista é que ele depende totalmente dos outros para se definir e para decidir seu próprio valor: ele se orienta na vida só pela esperança de encontrar a aprovação do mundo.

Infelizmente, nunca sabemos por certo o que os outros enxergam em nós. Às vezes, o narcisista se exalta com visões grandiosas de si, ideias infladas do amor e da apreciação dos outros por ele; outras vezes, ao contrário, ele despenca no desamparo, convencido de que ninguém o ama ou aprecia.

Ora, a modernidade é isso: um mundo sem castas fixas, onde cada um pode subir ou descer na vida justamente porque seu lugar no mundo depende da consideração (variável e sempre um pouco enigmática) que os outros têm por ele.

Ou seja, a modernidade nos predispõe a um transtorno narcisista permanente e, no coração dessa personalidade narcisista (sina de nosso tempo), há uma oscilação bipolar.

O adolescente tem razão: a bipolaridade talvez seja especialmente manifesta nos pais. Como disse, na sociedade moderna, só somos o que os outros reconhecem que sejamos, e os pais não são uma exceção a essa regra.

Nem lei simbólica, nem legado divino, nem provas genéticas bastam para me transformar em pai ou mãe de meus filhos. Hoje, para eu ser pai ou mãe, é preciso que os filhos me reconheçam como tal, ou seja, sem o amor e o respeito de meus filhos, eu não serei nem pai nem mãe.

Consequência: todo pai moderno é condenado à bipolaridade, entre a felicidade de ser genitor e uma consternadora queda do alto dessa nuvem. Se ele tenta educar, corre o risco de não ser mais amado e, portanto, de não ser mais pai.

Se desiste de educar para ser amado, corre o risco de não ser mais respeitado -ou seja, novamente, de não ser mais pai. É isso: os pais são bipolares.

Contardo Calligaris


Autodesenvolvimento

A Importância de Saber Viver

16:39


(Tese do pensador russo chamado GUERDJEF, que no início do século passado já falava em autoconhecimento e na importância de saber viver)

Dizia Guerdjef:

"Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento e daquilo que, realmente, vale como principal".

Assim dizendo, ele traçou 20 regras de vida que foram colocadas em destaque no Instituto Francês de Ansiedade e Stress, em Paris. Dizem os "experts" em comportamento que quem já consegue assimilar 10 delas, com certeza aprendeu a viver com qualidade.

Aqui estão as 20 regras de saber viver:

-Faça pausas de dez minutos a cada duas horas de trabalho, no máximo. Repita essas pausas na vida diária e pense em você, analisando suas atitudes.

-Aprenda a dizer não sem se sentir culpado ou achar que magoou. Querer agradar a todos é um desgaste enorme.

-Planeje seu dia, sim, mas deixe sempre um bom espaço para o improviso, consciente de que nem tudo depende de você.

-Concentre-se em apenas uma tarefa de cada vez. Por mais ágeis que sejam os seus quadros mentais, você se exaure.

-Esqueça, de uma vez por todas, que você é imprescindível. No trabalho, em casa, no grupo habitual. Por mais que isso lhe desagrade, tudo anda sem a sua atuação, a não ser você mesmo.

-Abra mão de ser o responsável pelo prazer de todos. Não é você a fonte dos desejos, o eterno mestre de cerimônias.

-Peça ajuda sempre que necessário, tendo o bom senso de pedir às pessoas certas.

-Diferencie problemas reais de problemas imaginários e elimine-os, porquê são pura perda de tempo e ocupam um espaço mental precioso para coisas mais importantes.

-Tente descobrir o prazer de fatos cotidianos como dormir, comer e tomar banho, sem porém achar que é o máximo a se conseguir na vida.

-Evite envolver-se na ansiedade e tensão alheias. Espere um pouco e depois retome o diálogo, a ação.

-Família não é você, está junto de você, compõe o seu mundo, mas não é a sua própria identidade.

-Entenda que princípios e convicções fechadas podem ser um grande peso, a trava do movimento e da busca.

-É preciso ter sempre alguém em que se possa confiar e falar abertamente ao menos num raio de cem quilômetros.

-Saiba a hora certa de sair de cena, de retirar-se do palco, de deixar a roda. Nunca perca o sentido da importância sutil de uma saída discreta.

-Não queira saber se falaram mal de você e nem se atormente com esse lixo mental; escute o que falaram de bem, com reserva analítica, sem qualquer convencimento. Competir no lazer, no trabalho, na vida a dois, é ótimo...para quem quer ficar esgotado e perder o melhor.

-A rigidez é boa na pedra, não no homem. A ele cabe firmeza, o que é muito diferente.

-Uma hora de intenso prazer substitui com folga 3 horas de sono perdido. O prazer recompõe mais que o sono. Logo, não perca uma oportunidade de divertir-se.

-Não abandone suas três grandes e inabaláveis amigas: a intuição, a inocência e a fé.

-Entenda de uma vez por todas, definitiva e conclusivamente: Você é o que se fizer.

(Guerdjef)

Autodesenvolvimento

Dois anos de planejamento

15:15


Texto escrito por um brasileiro que vive na Europa e trabalha na Volvo. Não consta seu nome.

Já vai para 18 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante. 

Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É regra. Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade generalizada. 

Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo. 

Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui. 

E vejo assim: 

1. O país é do tamanho de São Paulo; 

2. O país tem 2 milhões de habitantes; 

3. Sua maior cidade, Estocolmo, tem 500.000 habitantes (compare com Curitiba, que tem 2 milhões); 

4. Empresas de capital sueco: Volvo, Scania, Ericsson, Electrolux, ABB, Nokia, Nobel Biocare... Nada mal, não? 

5. Para ter uma idéia, a Volvo fabrica os motores propulsores para os foguetes da NASA. 

Vale salientar que não conheço um povo, como povo mesmo, que tenha mais cultura coletiva do que eles. 

A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca. Chegávamos cedo na Volvo e ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei: "Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final." 

Ele me respondeu simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da porta. Você não acha?". 

Deu para rever bastante os meus conceitos. 

Há um grande movimento na Europa hoje, chamado Slow Food. A Slow Food International Association - cujo símbolo é um caracol, tem sua base na Itália (o site, é muito interessante. Veja-o!). 

O que o movimento Slow Food prega é que as pessoas devem comer e beber devagar saboreando os alimentos, "curtindo" seu preparo, no convívio com a família, com amigos, sem pressa e com qualidade.

A ideia é a de se contrapor ao espírito do Fast Food e o que ele representa como estilo de vida e que o americano endeusificou. 

A surpresa, porém, é que esse movimento do Slow Food está servindo de base para um movimento mais amplo chamado Slow Europe como salientou a revista Business Week numa edição europeia. 

A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser". 

Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas( 35 horas por semana ) são mais produtivos que seus colegas Americanos ou ingleses. 

E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%. 

Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já). 

Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade. Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress". 

Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé. 

Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor. 

Gostaria que você pensasse um pouco sobre isso... Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de desenfreada loucura? 

Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?

No filme "Perfume de Mulher", há uma cena inesquecível, em que um personagem cego, vivido por Al Pacino, tira uma moça para dançar e ela responde: - "Não posso, porque meu noivo vai chegar em poucos minutos." 

- "Mas em um momento se vive uma vida" - responde ele, conduzindo-a num passo de tango. 

E esta pequena cena é o momento mais bonito do filme.

Algumas pessoas vivem correndo atrás do tempo, mas parece que só alcançam quando morrem enfartados, ou algo assim. 

Para outros, o tempo demora a passar; ficam ansiosos com o futuro e se esquecem de viver o presente, que é o único tempo que existe. 

Tempo todo mundo tem, por igual! 

Ninguém tem mais nem menos que 24 horas por dia. A diferença é o que cada um faz do seu tempo. Precisamos saber aproveitar cada momento, porque, como disse John Lennon: "A vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos para o futuro"...

Parabéns por ter lido até o final!

Muitos não lerão esta mensagem até o final, porque não podem "perder" o seu tempo neste mundo globalizado. 

Pense e reflita, até que ponto vale a pena deixar de curtir sua família. 

De ficar com a pessoa amada, ir pescar no fim de semana ou outras coisas... 

Poderá ser tarde demais! 

Autodesenvolvimento

Dicas para Estresse

15:02


Em uma conferência, ao explicar para a platéia a forma de controlar o estresse, o palestrante levantou um copo com água e perguntou:

- Qual é o peso deste copo d'água? As respostas variaram de 250g a 700g.

O palestrante, então, disse:- 

- O peso real não importa. Isso depende de por quanto tempo você segurar o copo levantado. Se o copo for mantido levantado durante um minuto, isso não é um problema. Se eu o mantenho levantado por uma hora, vou acabar com dor no braço. Mas se eu ficar segurando um dia inteiro, provavelmente eu vou ter cãibras dolorosas e vocês terão de chamar uma ambulância.

E ele continuou:

- E isso acontece também com o estresse e a forma como controlamos o estresse. Se você carrega a sua carga por longos períodos, ou o tempo todo, cedo ou tarde a carga vai começar a ficar incrivelmente pesada e, finalmente, você não será mais capaz de carregá-la.

Para que o copo de água não fique pesado, você precisa colocá-lo sobre alguma coisa de vez em quando e descansar antes de pegá-lo novamente. Com nossa carga acontece o mesmo. Quando estamos refrescados e descansados nós podemos novamente transportar nossa carga.

Em seguida, ele distribuiu um folheto contendo algumas formas de administrar as cargas da vida, que eram: 

1 - Aceite que há dias em que você é o pombo e outros em que você é a estátua. 

2 - Mantenha sempre suas palavras leves e doces pois pode acontecer de você precisar engolir todas elas. 

3 - Só leia coisas que faça você se sentir bem e ter a aparência boa de quem está bem, caso você morra durante a leitura. 

4 - Dirija com cuidado. Não só os carros apresentam defeitos e tem recall do fabricante. 

5 - Se não puder ser gentil, pelo menos tenha a decência de ser vago. 

6 - Pode ser que o único propósito da sua vida seja servir de exemplo para os outros. 

7 - Nunca compre um carro que você não possa manter. 

8 - Quando você tenta pular obstáculos lembre que está com os dois pés no ar e sem nenhum apoio. 

9 - Ninguém se importa se você consegue dançar bem. Para participar e se divertir no baile, levante e dance, pronto. 

10 - Lembre que é o segundo rato que come o queijo - o primeiro fica preso na ratoeira. Saiba esperar. 

11 - Quando tudo parece estar vindo na sua direção, provavelmente você está no lado errado da estrada. 

12 - Aniversários são bons para você. Quanto mais você tem, mais tempo você vive 

13 - Alguns erros são divertidos demais para serem cometidos só uma vez. 

14 - Podemos aprender muito com uma caixa de lápis de cor. Alguns têm pontas aguçadas, alguns têm formas bonitas e alguns são sem graça. Alguns têm nomes estranhos e todos são de cores diferentes, mas todos são lápis e precisam viver na mesma caixa. 

15 - Não perca tempo odiando alguém, remoendo ofensas e pensando em vingança. Enquanto você faz isso a pessoa está vivendo bem feliz e você é quem se sente mal e tem o gosto amargo na boca. 

16 - Quanto mais alta é a montanha mais difícil é a escalada. Poucos conseguem chegar ao topo, mas são eles que admiram a paisagem do alto e fazem as fotos que você admira dizendo "queria ter estado lá". 

17 - Uma pessoa realmente feliz é aquela que segue devagar pela estrada da vida, desfrutando o cenário, parando nos pontos mais interessantes e descobrindo atalhos para lugares maravilhosos que poucos conhecem. 

"Portanto, antes de voltarem para casa, depositem sua carga de trabalho/vida no chão. Não carreguem para casa. Vocês podem voltar a pegá-la amanhã. Com tranquilidade."

Autodesenvolvimento

O Tempo e as Jabuticabas

14:19


Quando a escrita poética é o perfeito relato da união entre consciente e inconsciente, que normalmente acontece após o meio da vida.
Luciana


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. 

Tenho mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço... 

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. 

Já não tenho tempo para conversas intermináveis. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. 

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa. 

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora e não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena e para mim basta o essencial.

Rubem Alves

Autodesenvolvimento

Começar Novo

12:50


Repassando o texto, para considerações.  Palavras poéticas não tornam a realidade mais fácil, mas propicia a esperança de que a realidade pode mudar. 
Luciana

Quantas vezes pensamos: Ah, se eu pudesse começar de novo, faria tudo diferente...

Começar de novo não é necessariamente começar novo. Quando a vida lhe der uma oportunidade de recomeçar, pense novo. Às vezes, essas oportunidades chegam em forma de rupturas, mudanças dramáticas, perdas, rejeição, doenças. Às vezes, a chance se esconde no fim das grandes crises, das guinadas da sorte, das puxadas de tapete. Às vezes, só criamos coragem depois que perdemos o rumo, o chão. Na maior parte das vezes, só enxergamos com clareza quando estamos de fora.

Começar novo não é reiniciar, é inventar outro padrão. É preciso reconhecer os erros, os nossos e os alheios, as fraquezas, os excessos, os entraves. Começar novo é permitir-se inclusive novos enganos, erros, fragilidades mas não os mesmos.

Só quem já apanhou da vida é capaz dessa façanha: passar os planos a limpo, faxinar os porões do coração, despedir-se daquelas dores crônicas, libertar-se do passado. Quando os velhos modelos falam, os antigos códigos não dizem mais nada, o futuro imaginado desaparece e até os sonhos murcham mas a despeito de tudo você percebe saídas, diagnostica a crise, identifica as fragilidades e não se dá por vencido, nesse momento você está engendrando o novo. Não uma retomada mas uma nova história.

Só quem viveu bem suas perdas e enganos pode começar novo. Só quem conhece o peso do fracasso, da solidão e da esperança perdida pode trocar de pele, escolhas, script. Como disse o filósofo: “O que não me mata, me fortalece”. Alguns caminhos, erros e ideais só se percorre, comete e persegue uma vez. Muitos deles têm prazo de validade. Nossas escolhas, certezas e sonhos não são estáticos nem imexíveis; muitas vezes são eles que se mudam de nós, desistem de nós. Insistir é burrice, é prolongar o desgaste.

Quando a vida lhe der uma oportunidade de recomeçar, seja generoso, diga sim, surpreenda-se e experimente ser a pessoa que você se tornou depois que enfrentou suas noites traiçoeiras, chorou suas perdas, atravessou seus desertos, matou seus leões.

Hilda Lucas (Escritora)


Deusas e a Mulher

Perséfone - A Jovem que atrai os homens

11:52


Com homens a mulher tipo Perséfone é mulher-criança, insegura e juvenil na atitude. Três categorias de homens são atraídos pelas mulheres tipo Perséfone: homens que são tão jovens e inexperientes quanto ela; homens malandros atraídos pela sua inocência e fragilidade; e homens que não se sentem confortáveis com mulheres amadurecidas.

O rótulo amor jovem se ajusta a primeira categoria. Nesses relacionamentos de escola secundária e faculdade, o jovem e a jovem estão explorando, como iguais, a companhia do sexo oposto.

A segunda categoria emparelha Perséfone, o arquétipo da garota agradável de uma boa família, com um homem malandro. Ele é fascinado por essa garota protegida e privilegiada que é tão seu oposto. Ela, por sua vez, é cativada por esse magnetismo pessoal, aura sexual e personalidade dominadora. 

A terceira categoria estereotipada envolve homens que por várias razões não se sentem confortáveis com mulheres amadurecidas. O relacionamento pouco duradouro entre um homem mais velho e uma mulher mais jovem, por exemplo, é um exagero do modelo patriarcal arquetípico. Supõe-se que o homem seja mais velho, mais experimentado, mais alto, mais forte e mais esperto que a esposa. Supõe-se que a mulher seja mais jovem, menos experiente, mais baixa, mais fraca, menos educada e menos inteligente. O tipo que mais intimamente se ajusta a esse ideal é o de uma jovem Perséfone.

Além do mais, Perséfone é bastante diferente da imagem que muitos homens têm da mãe, mulher poderosa e difícil de agradar, e isso é outra razão pela qual alguns homens gostam de moças mais jovens. Com uma Perséfone, um homem sente que pode ser percebido como homem poderoso e dominante, e não ter sua autoridade e ideias desafiadas. Sente também que ele pode ser inocente, sem experiência ou incompetente, e não ser criticado. 

O relacionamento com um homem pode ser o meio através do qual a mulher tipo Perséfone se separa de uma mãe dominadora. Agora passa por um estágio de ser Perséfone “a joguete” onde ela é o objeto a ser possuído numa luta pelo poder entre um homem e sua mãe. Apaixona-se por um homem do qual sua mãe não gosta, alguém diferente do homem bonzinho que sua mãe tinha em mente. Algumas vezes Perséfone escolhe um homem de classe social diferente, ou ainda raça diferente. A mãe pode objetar à sua personalidade: “Ele é reservado e grosseiro” ou “Ele é desagradável, tem sempre que ter outro ponto de vista”. Pode ser a primeira pessoa que não tenha tratado a filha como uma princesa mimada, e não toleraria que ela fizesse esse papel. Sua mãe fica horrorizada. Confiante de que possa influenciar sua filha usualmente complacente, a mãe ataca sua escolha. Lamenta a personalidade do homem, seu caráter ou educação, algumas vezes também pondo em questão o julgamento, a competência e os princípios morais da filha.

Muitas vezes a mãe reconhece que ele é um adversário em potencial e, de fato, essa habilidade para resistir à sua mãe foi uma razão por que a filha Perséfone sentiu-se atraída por ele. Agora pela primeira vez na vida, A filha tipo Perséfone pode estar em desigualdade com sua mãe e seus padrões de comportamento de boa menina. Sua mãe ou sua família podem proibi-la de ver o homem que escolheu. Ela pode concordar, em vez de desafiá-los abertamente, e depois sair furtivamente para vê-lo. Ou pode tentar convencer a mãe das boas qualidades que ele tem.

Depois de certo tempo nesta luta, o homem usualmente ordena que ela se confronte com a mãe ou que desista de tentar obter a aprovação da mãe. Pode ordenar que ela viva com ele, case-se com ele, vá embora com ele ou corte o contato com a mãe. Prensada entre os dois, ou ela volta para a mãe e representa o papel de filha recuperada e submissa, ou compartilha a sorte com ele e faz a ruptura.

Se ela literalmente ou figurativamente não se afasta da mãe, pode ter começado sua jornada para tornar-se um ser humano separado e autodeterminado. Faz isso com o risco de trocar a mãe dominadora por um marido dominador, mas usualmente, tendo desafiado a mãe, ela muda e não é mais a pessoa complacente que era antes. A reconciliação com a mãe pode vir mais tarde, após ter ela alcançado sua independência emocional.

Luciana Sereniski
CRP 12/06912