O que é normal para as Mulheres, nos Relacionamentos atuais?

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"Normal" é o ponto entre o que você quer e o que você consegue. A questão é não sabermos exatamente o que queremos. Ou melhor, sabemos atualmente que queremos tudo, que queremos todos. E então o que se consegue nunca é o suficiente.

Para ser o “normal’, e, já parece muito para os dias de hoje, é premissa saber o que se quer. Não quem se quer. Ao determinar quem se quer, fingimos para fazer dar certo. Ui, que peso! Fingimos orgasmo para não declarar que nosso “grande amor” não sabe o que nos dá prazer, não sabe nos acariciar, tampouco sabe beijar. Fingimos que nosso cabelo é natural; fingimos o tamanho dos seios para parecer a mulher que ele espia; fingimos que três não é uma multidão. Fingimos que estamos "normais", centradas, felizes, para não estragar a selfie. Um observador mais apurado perceberá pelos olhos, na foto, uma louca gritando lá dentro: esse não é o cara. No entanto, de tão insana ela jura que vai transformar o sapo em príncipe. E, ops...se passaram 5, 10, 15 anos. E vá saber o que se quer depois de tudo isso. A única coisa que conseguimos dizer é: nunca mais quero ninguém. Chega!!

Não devíamos chegar a esse ponto. Isso está "normal", mas é uma crueldade conosco, fingir relacionamentos. Se em 3 meses não é o “cara”, não será nem nos próximos 30 anos. E não adianta apelar para mágica numa terapia de casal porque muitos casos nem com exorcismo. O "normal" é pararmos de fingir que esse é ou tem o que queremos. E tomara que saibamos o que queremos. 

Parece ter ficado "normal" passar a ideia de que estamos preferindo poder à amor. Verdade seja dita, estamos quase lá. Um bom investimento pode ser para a vida toda, já um relacionamento...Mas ainda não definimos bem isso. Ou será outro fingimento nosso para acreditarmos que a intimidade conosco é a intimidade em estado mais puro? Também poderia ser uma outra forma de negar nossos sentimentos, porque está “normal” o medo de compartilhar emocionalmente nossas vidas. Autopreservação e fazer bons negócios estão mais importantes, ou melhor, mais seguros. É isso, enfim, nosso porto seguro. Viajamos, pagamos impostos, compramos roupas caras, somos mulheres inteligentes e incríveis, e construímos nosso próprio Forte. Uhuuu!! Parece perfeito. Então porque tanta depressão, tanta solidão, tanta ansiedade, tanta insônia, tanto medicamento?

Outra ideia tentadora e “normal’ nos dias de hoje, para se relacionar, é chegar com um pote de beleza e juventude, e isso vai compensar tudo. A época da não-inocência está lotada de Lolitas e Bonequinhas de Luxo apostando todas as cartas da sensualidade na ânsia de conseguir relacionamentos “normais”. É estranho como o "normal" pode se parecer. 

Estamos conseguindo muitas coisas, muitas mesmo, como nunca antes, mas o "normal" fica naquele ponto entre o que se consegue e o que se quer. O que queremos?

Está normal ouvirmos que não há homens que prestem. Se tornou uma crença. É muito cedo para determinarmos que não há homens bons. Falo de amor heterossexual, já que esse amor é o mais enrustido da atualidade. Mas não é definitivo. Há muitos homens que sabem que temos um coração, um cérebro, mas que também temos um clitóris, e não uma esfinge que eles precisam desvendar um enigma. Somos simples, ou deveríamos ser. Se nos enxergam tão complicadas talvez devêssemos começar a nos desenrolar e nos definir e definir: qual o meu "normal"?

Faça isso sem livros, sem amigos, sem religião, sem fundamentos, sem família, sem armaduras, sem fingimentos. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

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