Estudos Junguianos

Lenda Barba Azul e interpretação de Clarissa Èstes

11:35


"Existe uma mecha de barba que fica guardada no convento das freiras brancas nas montanhas distantes. Como chegou até o convento, ninguém sabe. Uns dizem que foram as freiras que enterraram o que sobrou do seu corpo já que ninguém mais se dispunha a nele tocar.

Desconhece-se o motivo pelo qual as freiras iriam guardar uma relíquia dessa natureza, mas é verdade. Uma amiga de uma amiga minha viu com seus próprios olhos. Ela diz que a barba é azul, da cor do índigo para ser exata. É tão azul quanto o gelo escuro no lago, tão azul quanto a sombra de um buraco à noite. Essa barba pertenceu um dia a alguém de quem se dizia ser um mágico fracassado, um homem gigantesco com uma queda pelas mulheres, um homem conhecido pelo nome de Barba-azul.

Dizia-se que ele cortejava três irmãs ao mesmo tempo. As moças tinham, porém, pavor de sua barba com aquele estranho reflexo azul e, por isso, se escondiam quando ele chamava. Num esforço para convencê-las da sua cordialidade, ele as convidou para um passeio na floresta. Chegou conduzindo cavalos enfeitados com sinos e fitas cor-de-carmim. Acomodou as irmãs e a mãe nos cavalos, e partiram a meio-galope floresta adentro. Lá passaram um dia maravilhoso cavalgando, e seus cães corriam a seu lado e à sua frente. Mais tarde, pararam debaixo de uma árvore gigantesca, e o Barba-azul as regalou com histórias e lhes serviu guloseimas.

"Bem, talvez esse Barba-azul não seja um homem tão mau assim", começaram a pensar as irmãs.

Voltaram para casa tagarelando sobre como o dia havia sido interessante e como haviam se divertido. Mesmo assim, as suspeitas e temores das duas irmãs mais velhas voltaram, e elas juraram quem não veriam o Barba-azul de novo. A irmã mais nova, no entanto, achou que, se um homem podia ser tão encantador, talvez ele não fosse tão mau. Quanto mais ela falava consigo mesma, menos assustador ele lhe parecia, e sua barba também parecia menos azul.

Portanto, quando o Barba-azul pediu sua mão em casamento, ela aceitou. Ela havia refletido muito sobre a sua proposta e concluído que ia se casar com um homem muito distinto. Foi assim que se casaram e, em seguida, partiram para seu castelo no bosque.

- Vou precisar viajar por algum tempo - disse ele um dia à mulher. - Convide sua família para vir aqui se quiser. Você pode cavalgar nos bosques, mandar os cozinheiros prepararem um banquete, pode fazer o que quiser, qualquer desejo que seu coração tenha. Para você ver, tome minhas chaves. Pode abrir toda e qualquer porta das despensas, dos cofres, qualquer porta do castelo; mas essa chavinha, a que tem nos altos uns arabescos, você não deve usar.

- Está bem, vou fazer o que você pediu. Parece que está tudo certo. Portanto pode ir, meu querido, não se preocupe e volte logo. - E assim ele partiu, e ela ficou.

Suas irmãs vieram visitá-la e elas sentiam, como todo mundo, muita curiosidade a respeito das instruções do dono da casa quanto ao que deveria ser feito enquanto ele estivesse fora. A jovem esposa falou alegremente.

- Ele disse que podemos fazer o que quisermos e entrar em qualquer aposento que desejarmos, com exceção de um. Só que eu não sei qual é o aposento. Só tenho uma chave e não sei que porta ela abre.

As irmãs resolveram fazer um jogo para ver que chave servia em que porta. O castelo tinha três andares, com cem portas em cada ala, e como havia muitas chaves no chaveiro, elas iam de porta em porta, divertindo-se imensamente ao abrir cada uma delas. Atrás de uma porta, havia uma despensa para mantimentos, atrás de outra, um depósito de dinheiro. Todos os tipos de bens estavam atrás das portas, e tudo parecia maravilhoso o tempo todo. Afinal, depois de verem todas aquelas maravilhas, elas acabaram chegando ao porão e, ao final do corredor, a uma parede fechada.

Ficaram intrigadas com a última chave, a que tinha o pequeno arabesco.

- Talvez essa chave não sirva para abrir nada - Enquanto diziam isso, ouviram um ruído estranho - errrrrrr. - Deram uma espiada na esquina do corredor e - que surpresa! - havia uma pequena porta que acabava de se fechar. Quando tentaram abri-la, ela estava trancada.

- Irmã, irmã, traga sua chave - gritou uma delas - Sem dúvida é essa a porta para aquela chavinha misteriosa.

Sem pestanejar, uma das irmãs pôs a chave na fechadura e a girou. O trinco rangeu, a porta abriu-se, mas lá dentro estava tão escuro que nada se via.

- Irmã, irmã, traga uma vela. - Uma vela foi acesa e mantida no alto um pouco mais para dentro do aposento, e as três mulheres gritaram ao mesmo tempo, porque no quarto havia uma enorme poça de sangue; ossos humanos enegrecidos estavam jogados por toda parte e crânios estavam empilhados nos cantos como pirâmides de maçãs.

Elas fecharam a porta com violência, arrancaram a chave da fechadura e se apoiaram umas nas outras arquejantes, com o peito arfando. Meu Deus! Meu Deus!

A esposa olhou para a chave e viu que ela estava manchada de sangue. Horrorizada, usou a saia para limpá-la, mas o sangue prevaleceu.

- Oh, não! - exclamou. Cada uma das irmãs apanhou a chave minúscula nas mãos e tentou fazer com que voltasse ao que era antes, mas o sangue não saía.

A esposa escondeu a chavinha no bolso e correu para a cozinha. Quando lá chegou, seu vestido branco estava manchado de vermelho do bolso até a bainha, pois a chave verteu lentamente lágrimas de sangue vermelho-escuro.

- Rápido, rápido, dê-me um esfregão de crina - ordenou ela à cozinheira. Esfregou a chave com vigor, mas nada conseguia deter seu sangramento. Da chave minúscula transpirava uma gota após a outra se sangue vermelho.

Ela levou a chave para fora, tirou cinzas do fogão a lenha, cobriu a chave de cinzas e esfregou mais. Colocou-a no calor do fogo para cauterizá-la. Pôs teia de aranha nela para estancar o fluxo, mas nada conseguia deter as lágrimas de sangue.

- Ai, o que vou fazer? - lamentou-se ela. - Já sei, vou guardar a chave. Vou colocá-la no guarda-roupa e fechar a porta. Isso é um pesadelo. Tudo vai dar certo. - E foi o que fez.

O marido chegou de volta exatamente na manhã do dia seguinte e entrou no castelo já procurando pela esposa.

- E então, como foram as coisas enquanto eu estive fora?

- Tudo bem, senhor.

- Como estão minhas dispensas? - trovejou o marido.

- Muito bem, senhor.

- E como estão meus depósitos de dinheiro? - rosnou ele.

- Os depósitos de dinheiro também estão bem, senhor.

- Então, tudo está certo, esposa?

- É, tudo está certo.

- Bem - sussurrou ele - então é melhor devolver minhas chaves.

Com um relancear de olhos, ele percebeu a falta de uma chave.

- Onde está a menorzinha?

- Eu... eu a perdi. É, eu a perdi. Estava passeando a cavalo o chaveiro caiu e eu devo ter perdido uma chave.

- O que você fez com ela, mulher?

- Não... não me lembro.

- Não minta para mim! Diga-me o que fez com aquela chave!

Ele tocou seu rosto como se fosse lhe fazer carinho, mas em vez disso a segurou pelos cabelos.

- Sua traidora! - rosnou, jogando-a no chão. - Você entrou naquele quarto, não entrou?

Ele abriu o guarda-roupa com brutalidade e a pequena chave na prateleira de cima havia sangrado, machado de vermelho todos os belos vestidos de seda que estavam pendurados.

- Chegou a sua vez, minha querida - berrou ele, arrastando-a pelo corredor e pelo porão adentro até pararem diante da terrível porta. O Barba-azul apenas olhou para a porta com seus olhos enfurecidos, e ela se abriu para ele. Ali jaziam os esqueletos de todas as suas esposas anteriores.

- Vai ser agora!!! - rugiu ele, mas ela se agarrou ao batente da porta sem largar, implorando por clemência.

- Por favor, permita que eu me acalme e me prepare para a morte. Conceda-me quinze minutos antes de me tirar a vida para que eu possa me reconciliar com Deus.

- Está bem - rosnou ele - Você tem seus quinze minutos, mas prepare-se.

A esposa correu escada acima até seus aposentos e determinou que suas irmãs fossem para as muralhas do castelo. Ajoelhou-se para rezar, mas, em vez de rezar, gritou para as irmãs.

- Irmãs, irmãs, vocês estão vendo a chegada dos nossos irmãos?

- Não vemos nada, nada na planície nua.

A cada instante ela gritava para as muralhas.

- Irmãs, irmãs, estão vendo nossos irmãos chegando?

- Vemos um redemoinho, talvez um redemoinho de areia bem longe.

Enquanto isso, o Barba-azul esbravejava para que sua esposa descesse até o porão para ser decapitada.

- Irmãs, irmãs! Estão vendo nossos irmãos chegando? - gritou ela mais uma vez.

O Barba-azul berrou novamente pela esposa e veio subindo a escada de pedra com passos pesados.

- Estamos, estamos vendo nossos irmãos - exclamaram as irmãs. - Eles estão aqui e acabaram de entrar no castelo.

O Barba-azul vinha pelo corredor na direção dos aposentos da esposa.

- Vim apanhá-la - gritou ele. Suas passadas eram pesadas; as pedras no piso se soltavam; a areia da argamassa caía esfarinhada no chão.

No instante em que o Barba-azul entrou nos aposentos com as mãos esticadas para agarra-la, seus irmãos chegaram galopando pelo corredor do castelo ainda montados, entrando assim no quarto. Ali eles encurralaram o Barba-azul fazendo com que caísse até a balaustrada. E ali mesmo, com suas espadas, avançaram contra ele, golpeando e cortando, fustigando e retalhando, até derrubá-lo ao chão. Matando-o afinal e deixando para os abutres o que sobrou dele. "

Explicação de Clarissa P. Èstes, livro: Mulheres que correm com os Lobos, sobre o Conto do Barba Azul.

A irmã mais nova, a menos desenvolvida, cumpre o roteiro tipicamente humano da mulher ingênua. Ela será capturada temporariamente pelo seu próprio inimigo interior. Mesmo assim, no final escapará mais sábia, mais forte, e sabendo reconhecer à primeira vista o astucioso predador da sua própria psique.

A história psicológica subjacente ao conto também se aplica à mulher mais velha que ainda não aprendeu perfeitamente a reconhecer o predador inato. Talvez ela tenha dado início ao processo repetidas vezes, mas, por lhe faltarem orientação e apoio, ela ainda não o concluiu.

E por isso que as narrativas míticas são tão construtivas: elas fornecem mapas iniciáticos de tal modo que mesmo uma tarefa que esteja emperrada possa ser terminada. O conto do Barba-azul é útil para todas as mulheres, independente de serem jovens e terem acabado de saber da existência do predador ou de terem sido acossadas e acuadas por ele décadas a fio, encontrando-se, afinal, preparadas para um confronto final e decisivo com ele.

A irmã mais nova representa um potencial criativo dentro da psique. Algum aspecto que está se aproximando de uma vida exuberante e reprodutiva. Ocorre, porém, um desvio quando ela concorda em se tornar presa de um homem perverso em virtude de não estarem intatos seus instintos para perceber e tomar outra decisão.

Do ponto de vista psicológico, as meninas e os meninos são como que dormentes para o fato de que eles próprios possam ser as presas. Embora às vezes nos pareça que a vida seria muito mais fácil e menos dolorida se todos os seres humanos nascessem totalmente em estado de alerta, isso não acontece. Nós todos nascemos anlagen, como o potencial no núcleo de uma célula: em biologia, a Anlage é a parte da célula caracterizada como "aquilo que se tornará". Dentro da Anlage está a substância fundamental que, com o tempo, irá se desenvolver fazendo com que nos tornemos uma pessoa inteira. Portanto, nossas vidas, enquanto mulheres, consistem em acelerar a Anlage. O conto do Barba-azul fala do despertar e da educação desse núcleo psíquico, dessa célula luminosa. Em prol dessa educação, a irmã mais nova concorda em se casar com uma força que ela acredita ser muito distinta. O casamento nos contos de fadas simboliza a procura de um novo status, o desdobramento de uma nova camada da psique.

No entanto, a jovem esposa se iludiu. A princípio, ela sentia medo do Barba-azul. Estava desconfiada. Um pouco de diversão no bosque faz com que ela descarte essa intuição. Quase todas as mulheres já passaram por essa experiência pelo menos uma vez. Consequentemente, ela se convence de que o Barba-azul não é perigoso, mas só excêntrico e cheio de idiossincrasias. Como sou boba! Por que me repugna tanto aquela barbinha azul? Sua natureza selvagem, porém, já farejou a situação e sabe que o homem de barba azul é mortal, enquanto a psique ingênua descarta essa sabedoria interior.

Esse erro de raciocínio é quase rotineiro numa mulher tão jovem cujos sistemas de alarme ainda não estão totalmente desenvolvidos. Ela é como um filhote de lobo, sem mãe, que rola e brinca na clareira, sem perceber o lince de quase 50 quilos que se aproxima vindo das sombras. No caso de uma mulher mais velha que está tão isolada do aspecto selvagem que mal chega a ouvir os avisos do seu íntimo, ela também segue em frente, com um sorriso ingênuo.

Bem que poderíamos nos perguntar se haveria como evitar tudo isso. Como no mundo animal, a menina aprende a ver o predador através dos ensinamentos da mãe e do pai. Sem a amorosa orientação dos pais, ela certamente será uma presa prematura na vida. Em retrospectiva, quase todas nós, pelo menos uma vez na vida, passamos pela experiência de uma ideia irresistível ou de uma pessoa meio deslumbrante entrando pela nossa janela no meio da noite para nos apanhar de surpresa. Mesmo que estejam usando máscaras de esquiar, que tragam uma faca entre os dentes e um saco de dinheiro jogado sobre os ombros, nós ainda assim acreditamos quando eles nos dizem que trabalham no ramo bancário.

Contudo, mesmo com uma criação criteriosa por parte dos pais, a jovem pode, especialmente a partir dos doze anos de idade, ser seduzida de modo a se afastar das suas verdades por grupos de colegas, forças culturais ou pressões psíquicas, começando assim a assumir riscos com bastante imprudência no esforço de descobrir as coisas por si mesma. Ao trabalhar com adolescentes mais velhas que vivem convencidas de que o mundo é bom, sem ao menos elas conseguirem lidar com ele corretamente, sempre me sinto como um velho cão grisalho. Tenho vontade de pôr as patas diante dos olhos e gemer, porque vejo o que elas não veem e sei, especialmente se elas forem determinadas e exuberantes, que elas vão insistir em se envolver com o predador pelo menos uma vez antes que sejam despertadas com um choque.

No início das nossas vidas, nosso ponto de vista feminino é muito ingênuo, o que quer dizer que nossa compreensão emocional do que está oculto é muito tênue.

No entanto, é assim que todas nós começamos. Somos ingênuas e nos convencemos a entrar em situações muito confusas. Não ser iniciada nos detalhes dessas questões significa estar num estágio da nossa vida em que somos propensas a perceber apenas o que está às claras.

Entre os lobos, quando a mãe deixa os filhotes para ir caçar, os pequenos tentam acompanhá-la para fora da toca, pela trilha abaixo. A mãe rosna para eles, investe contra eles e apavora os filhotes até que eles voltem atabalhoadamente para dentro da toca. A mãe sabe que os filhotes ainda não têm condição de pesar e avaliar outras criaturas. Eles não sabem quem é um predador e quem não é. Com o tempo, ela irá ensiná-los, com rigidez e eficácia. À semelhança dos filhotes de lobo, as mulheres precisam de uma iniciação semelhante, que lhes revele que o mundo interior assim como o exterior não são sempre locais propícios. Muitas mulheres não chegam a receber os ensinamentos básicos a respeito de predadores que a mãe loba dá aos filhotes como, por exemplo, se for ameaçador e maior do que você, fuja; se for mais fraco, pense no que quer fazer; se estiver doente, deixe-o em paz; se tiver espinhos, veneno, presas ou garras aguçadas, recue e vá na direção oposta; se tiver um cheiro bom mas estiver cercado de garras de ferro, passe direto.

A irmã mais nova na história não é só ingênua quanto aos seus próprios processos mentais e totalmente ignorante quanto ao aspecto assassino da sua própria psique, mas é também capaz de ser seduzida pelos prazeres do ego. E por que não?

Todas nós queremos tudo maravilhoso. Toda mulher quer montar um cavalo enfeitado com sinos e sair cavalgando pelos campos sem fim e pela floresta sensual.

Todos os seres humanos querem atingir um paraíso prematuro aqui na terra. O problema é que o ser deseja sentir-se fantástico, enquanto um anseio pelo paradisíaco, quando aliado à ingenuidade, não nos deixa realizadas, mas nos transforma, sim, em alvo para o predador.

Essa aceitação do casamento com o monstro é na realidade decidida quando as meninas são muito novas, geralmente antes dos cinco anos de idade. Elas são ensinadas a não enxergar e, em vez disso, a "dourar" todo tipo de esquisitice, quer seja agradável quer não. É em consequência desse treinamento que a irmã mais nova consegue dizer, "Bem, até que a barba dele não é tão azul assim". Esse treinamento básico para que as mulheres "sejam boazinhas" faz com que elas ignorem sua intuição. Nesse sentido, elas de fato recebem lições específicas para que se submetam ao predador. Imaginem uma loba ensinando seus filhotes a "serem bonzinhos" diante de uma doninha enfurecida ou de uma astuciosa cascavel.

No conto, até mesmo a mãe é cúmplice. Ela vai ao piquenique, "acompanha" as filhas no passeio. Ela não diz uma palavra que recomende cautela a qualquer uma das filhas. Seria possível afirmar que a mãe biológica ou a mãe interior está adormecida ou é ela própria ingênua, como ocorre muitas vezes com meninas muito novas ou com mulheres que não foram criadas pela mãe.

É interessante observar que, no conto, as irmãs mais velhas demonstram certa conscientização quando dizem que não gostam do Barba-azul, muito embora ele tenha acabado de lhes proporcionar diversão e atenções num estilo muito romântico e paradisíaco. A história dá a impressão de que alguns aspectos da psique, representados pelas irmãs mais velhas, são um pouco mais desenvolvidos em termos de insight, elas têm algum "conhecimento" que as avisa para não romantizar o predador. A mulher iniciada presta atenção às irmãs mais velhas na psique; elas a protegem do perigo com seus avisos. A mulher não-iniciada não lhes dá atenção; ela ainda está excessivamente identificada com a ingenuidade.

Digamos, por exemplo, que uma mulher ingênua insista em escolher mal seus parceiros. Em algum ponto da sua mente ela sabe que esse modelo de comportamento é infrutífero, que deveria parar e seguir valores diferentes. Muitas vezes ela até sabe como deve prosseguir. No entanto, há algo de irresistível, uma espécie de Barba-azul hipnótico, que faz com que continue seguindo o padrão destrutivo. Na maioria dos casos, a mulher sente que, se apenas se mantiver fiel ao velho modelo um pouco mais, ora, sem dúvida a sensação paradisíaca que procura aparecerá no próximo batimento do seu coração.

Num outro extremo, uma mulher envolvida numa dependência química tem com o máximo de nitidez, no fundo da mente, um conjunto de irmãs mais velhas que lhe dizem, "Não! De jeito nenhum! Isso é ruim para a cabeça e ruim para o corpo. Nós nos recusamos a continuar." No entanto, o desejo de encontrar o paraíso atrai a mulher para o casamento com o Barba-azul, o traficante das viagens psíquicas.

Qualquer que seja o dilema em que se encontre a mulher, as vozes das irmãs mais velhas na sua psique continuam a lhe recomendar consciência e sensatez nas suas escolhas. Elas representam aquelas vozes do fundo da mente que sussurram as verdades que uma mulher pode desejar evitar uma vez que elas acabem com sua fantasia do Paraíso encontrado.

E assim ocorre o casamento fatal, a fusão da doce ingenuidade com a escuridão covarde. Quando o Barba-azul sai em viagem, a jovem não percebe que, embora ele a exorte a fazer tudo o que desejar — com exceção daquela única proibição —, ela está vivendo menos, não mais. Muitas mulheres viveram literalmente o conto do Barba-azul. Elas se casam enquanto ainda são ingênuas a respeito de predadores, e escolhem um parceiro que é destrutivo para com a sua vida. Elas se sentem determinadas a "curar" aquele a quem amam. Estão, sob certo aspecto, "brincando de casinha". Poderíamos dizer que elas passaram muito tempo dizendo que a barba dele afinal não é tão azul assim.

Uma mulher capturada desse modo acaba percebendo que suas esperanças de uma vida razoável para si mesma e para seus filhos diminuem cada vez mais. É de se esperar que ela abra a porta do quarto onde jaz toda a destruição da sua vida. Embora possa ser o parceiro físico da mulher quem a prejudique e arrase sua vida, o predador inato dentro da sua própria psique concorda com isso. Enquanto a mulher for forçada a acreditar que é indefesa e/ou for treinada para não registrar no consciente o que sabe ser verdade, os impulsos e dons femininos da sua psique continuarão a ser erradicados.

Quando uma alma jovem se casa com o predador, ela é capturada ou reprimida durante uma fase da sua vida que deveria ser de desdobramento. Em vez de viver livremente, ela começa a viver falsamente. A promessa enganosa do predador diz que a mulher será rainha de algum modo, quando de fato o que se planeja é seu assassinato. Há uma saída para evitar isso tudo, mas é preciso que se tenha a chave.

Estudos Junguianos

Complexo Materno - Pontos Positivos e Negativos

11:30


Por estar associado à psicopatologia, o complexo, qualquer complexo, carrega uma conotação negativa. No entanto, com um olhar mais amplo pode-se também, encontrar seus aspectos positivos. No caso do complexo materno temos o seguinte:

Quando há uma hipertrofia do instinto maternal, como aspecto negativo, tem-se uma mulher cujos interesses ficam restritos a conceber e parir. A relação com um homem fica em segundo plano, na qual este é apenas um instrumento para a procriação e alguém para ser cuidado junto com as crianças que forem geradas. Se não for apta para gerar filhos, cuidará de parentes, da casa, de animais, enfim, ocupar-se-á dos outros. Sua vida é vivida nos outros e as relações são estabelecidas sob a forma de poder. Por estar identificada com os outros permanece freqüentemente inconsciente de sua personalidade. Quanto mais inconsciente estiver sobre a sua personalidade maior e mais violenta será sua vontade inconsciente de poder.

Outra variedade possível de complexo materno na mulher é o que Jung chamou de exacerbação de Eros. Nesta categoria há uma diminuição importante do instinto materno, levando a filha a uma relação incestuosa com o pai e de repulsa com a mãe, situação que é provocada pela ênfase exagerada sobre a personalidade do outro. Na vida adulta, uma mulher que tenha desenvolvido esse tipo de complexo, tenderá a buscar relações com homens casados, não por eles, mas no sentido de perturbar o casamento. Ao conquistar seu objetivo, por falta de instinto materno, perde o interesse e uma nova busca é iniciada.

A identificação com a mãe é outra possibilidade do complexo materno. Nesse caso, devido a um bloqueio da própria iniciativa do feminino, a filha projeta sua personalidade sobre a mãe em razão de estar inconsciente de seu mundo instintivo materno e de seu eros. A filha tende a supervalorizar e a idealizar a mãe como modelo e, inevitavelmente, passa a experimentar sentimentos de inferioridade. Na vida adulta, são mulheres que vivem uma existência à sombra de alguém, inconscientes de si; no casamento captam as projeções masculinas para a total satisfação do homem em detrimento de suas necessidades pessoais.

Há, ainda, em um estágio intermediário, o que Jung chamou de defesa contra a mãe, isto é, uma defesa contra a supremacia da mãe, na qual, vale qualquer coisa, exceto ser como é a mãe. Esse é um caso típico do complexo materno negativo. A filha luta para não ser como a mãe, no entanto não sabe quem é ela própria e, nesse conflito, permanece inconsciente a respeito de sua própria personalidade. Seus instintos concentram-se na defesa contra a mãe e, desse modo, há prejuízo na construção de uma identidade autêntica e da autonomia. A resistência contra a mãe pode manifestar-se sob a forma de distúrbios da menstruação, dificuldades para engravidar ou repulsa pela gravidez, falta de interesse por tudo o que representa família e convenções. Em contrapartida, há uma compensação desta atitude para um investimento na vida racional, objetivando a criação de um espaço onde a mãe não possa existir, com a ênfase em seus masculinos e na ruptura do poder materno através da intelectualidade.

Conforme mencionado anteriormente, assim como todo o complexo, este também apresenta seus aspectos positivos. No caso da hipertrofia do instinto, o lado positivo do complexo pode expressar-se na forma de amor materno, que carrega força motriz e representa a raiz construtiva da transformação e da capacidade de cuidado consigo mesma e com o outro. Na exacerbação do eros, há a possibilidade de, como elemento perturbador, a mulher possa ser perturbada e, dessa forma, seja transformada, adquirindo consciência de si mesma. Já no tipo de mulher identificada com a mãe, quando desempenhar um papel para o marido (projeção da anima do marido), há a probabilidade de que, extrapolando seu limite, consiga descobrir quem realmente é. Jung afirma que um complexo é superado quando a vida o esgota até o fim.

O perigo do complexo materno ocorre quando a mulher não consegue transformar sua inconsciência em consciência de sua feminilidade e de sua personalidade. Quando uma mulher fica presa na inconsciência, torna-se inimiga do que for desconhecido e ambíguo e tenta organizar sua vida em um plano seguro, objetivo e na clareza de julgamento. Essa atitude fere o mundo instintivo, pois quando nega a mãe, repudia tudo o que está em sua esfera inconsciente. Evidencia-se, então, a importância da relação estabelecida entre mãe e filha na construção da personalidade.

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O desenvolvimento do Ego e as Fases da Vida - Jung

11:30


“Não sou eu que crio a mim mesmo, mas sim aconteço para mim mesmo”
(Jung)

Evolução do ego é a evolução do aspecto do Self que se manifesta no tempo e no espaço. O Self existe a priori e a partir dele o ego se desenvolve. A evolução do ego se dá através das fases da vida. É um desenvolvimento global, no qual não existe uma seqüência rígida dos estágios. A evolução do ego pode ser dividida em três fases: a) Primeira infância e infância; b) Idade adulta; c)Velhice.


**Primeira infância e infância

Nesta fase há uma identidade total, não diferenciada, que começa a se modificar. A identidade ego-Self gradualmente se separa e elementos do meio ambiente interagem para produzir uma primeira personalidade real. Destacam-se seis estágios, que em vários momentos, se sobrepõem:

a)Realidade unitária;

b)De-integração;

c)Dimensão mágica;

d)Experienciar mitológico;

1)Medo

2)Consciência

e) Vida Adulta;

f)Velhice;


Realidade unitária

Primeira infância ocorre logo após o nascimento. A psique da criança opera como uma totalidade relativamente indiferenciada. Não há diferença racionalmente experimentada entre
dentro e fora, entre sujeito e objeto, porque o eu não está presente. É a fase da participação mística, quando a criança atua em estado de unidade com o que está a seu redor, por isso é muito influenciada pelo que o meio é, mais do que pelo que se faz ou se diz. A atmosfera psíquica é parte da criança.


De-integração

Processo que implica na separação da Realidade Unitária, com a finalidade de estabelecer um centro de consciência, um eu. De-integração é uma propriedade espontânea do Self de se dividir formando um eu e propiciando a divisão sujeito-objeto.Os primeiros indícios do eu aparecem por volta de dezoito meses (1 ano e meio). São eles: desenhos de círculos (mandalas), dizer não, dizer eu. O eu, recém surgido, começa pela primeira vez a ter a sensação de si como foco de permanência. Para a criança a mãe atualiza o Self continente.


Dimensão mágica (nascimento - 6/7 anos)

Mãe e criança interagem como se possuíssem uma identidade telepática. É uma fase pré-simbólica, onde não é possível uma compreensão racional. Não há habilidade abstrata. Não há diferenciação entre a imagem e o objeto que ela representa, entre causa e efeito, vontade, responsabilidade e culpa. Existe uma identidade com o meio envolvente, que é poderosamente mágico. A sobrevivência psíquica e física da criança depende totalmente dos pais.

O desenvolvimento do eu ocorre em termos do corpo.


Experienciar mitológico (6/7 anos – 12/14 anos)

Gradualmente a fantasia sai do nível corporal para imagens mais gerais e, então, para conceitos. Aparece a capacidade de distinguir imagens e conceitos dos objetos que eles representam.Os elementos arquetípicos, afetos, pulsões, ameaçadores do ego nascente, ainda frágil, aparecem como bruxas, demônios, monstros, dragões, que precisam ser dominados por figuras heróicas. A figura paterna torna-se mais importante. Há o predomínio do arquétipo paterno, como pulsão para a independência, ordem e disciplina.


Medo

Sensação de inadequação resultante da desproporção entre o pequeno ego e o poder esmagador do mundo mágico que o rodeia, provocando o medo. O medo é uma experiência normal para a criança e não precisa ser combatido, a não ser quando for patologicamente excessivo. O medo do escuro, comum nas crianças, é o medo de ser novamente engolido pelo inconsciente original, já que o inconsciente é a escuridão, assim como o consciente é a luz. O medo existencial, que nunca abandona o indivíduo, é o estímulo para o desenvolvimento psicológico. Com ele se faz oposição ao que é temido.


Consciência

A separação crescente ao inconsciente é sentida como uma quebra à ordem natural. Aparece a possibilidade de escolha individual e escolher significa sacrificar possibilidades.

Escolha --- risco de errar --- culpa

O medo e a culpa naturais na infância são sentimentos que levam ao desenvolvimento do sentido de responsabilidade. O estabelecimento de um padrão interno de certo e errado é fundamental para o desenvolvimento do ego. A consciência racional surge depois dos 14 anos. No início a consciência é idêntica ao código ético coletivo. A consciência mais individual, com julgamentos racionais e questionamento da validade dos padrões coletivos só ocorre na idade adulta. A consciência mais verdadeira, realmente individual, só aparece mais tarde, quando há o confronto entre o ego e o Self.


**Idade adulta

Na vida adulta as coisas e as pessoas não são mais vivenciadas como poderes, mas são apenas pessoas e coisas. O ego com sua racionalidade e controle consciente da vontade é dominante. É a única fonte de poder. É a época do controle monárquico do ego. A conexão com o Self original parece ter se perdido e “deve ser perdida”. O adulto normal acredita ser ele próprio o senhor de seu destino.

O indivíduo tem a ilusão de que pode submeter tudo à sua vontade, pois sem esta ilusão, ele não pode adaptar-se socialmente. O objetivo é satisfazer as suas próprias necessidades de sobrevivência e competitividade, evitar o desprazer, afim de se adaptar ao mundo real. A única realidade psíquica parece ser a experiência subjetiva que o ego tem de si mesmo. A preocupação do ego é com o mundo exterior: o inconsciente compensa isto ao confrontá-lo com a realidade psíquica interior, em termos de projeções. O inconsciente começa a estar em desacordo com o funcionamento consciente.


**Velhice

Fase do retorno. O movimento é em direção à totalidade do indivíduo. Os elementos não racionais pressionam para que haja a integração. O ego tem que se relacionar com o Self novamente, não como uma identidade inconsciente, mas sob a forma de um encontro consciente. A vivência desta fase ocorre quando e ego está forte para encarar o Self. As repressões da primeira metade da vida, que serviram para o desenvolvimento do ego, não podem mais ser mantidas. Surgem as questões: Quem sou eu? Para que estou aqui? Qual o significado da minha existência? Há a necessidade de adaptação ao mundo de dentro, até então, relativamente desconsiderado. Há a confrontação com os limites do ego, até a confrontação com o limite máximo, a morte física. A partir dos 35/40 anos(meia-idade na teoria Junguiana), começam a surgir os primeiros sonhos com a morte, de forma velada, mas como lembrete de que agora tem que ser levada em conta.

Autodesenvolvimento

Relação entre descontrole Alimentar e Sexual

11:30


Cada órgão do nosso corpo é regido por uma inteligência, cada célula dele sabe o que ele precisa, quando precisa, como deve funcionar. Quando esse órgão não recebe o que precisa através da alimentação para que bem funcione ele perde parte da inteligência que possui. A questão é que quando nos alimentamos mal vários órgãos ficam deficitários, assim como nossa inteligência que também deriva deles. Somos o conjunto dessas inteligências. Um medicamento ou suplemento sempre é uma inteligência artificial, ou seja, não nos pertence. Mas, muitas vezes é o que precisamos para termos tempo de criar uma estratégia para recuperar nossa inteligência natural. 

O hábito que desenvolvemos em associar fome com prazer é o responsável por nossa má alimentação. Nosso corpo nascido totalmente inteligente quando aponta que temos fome está apenas nos dizendo que precisamos supri-lo com os nutrientes necessários. Ele pede vitaminas, proteínas, minerais e outros e sabemos disso pelo que temos vontade de comer. O corpo não pede lasanha, picanha, torta de morango. Isso foi aprendizado. Se fosse para ingerirmos sabor, o leite materno seria doce ou salgado, com gosto de carne, massa, frutas. E não, é um composto altamente nutricional, não causa dependência, vício, apenas supre necessidades nutricionais e gera mais vida. Colocar sabor é ótimo desde que seja naquilo que o corpo precisa no momento. Caso contrário, podemos nos alimentar em grande quantidade e ainda assim continuarmos com fome. E chegará o tempo em que não ouviremos mais o corpo pedir, perderemos totalmente essa inteligência, pois comeremos mesmo sem fome, em quantidades prejudiciais. O bom funcionamento físico é base para o bom funcionamento psíquico. Sem algumas substâncias no corpo é praticamente impossível ter o controle do medo, da raiva, do ciúmes, da carência, da tristeza. Enfim, de todas as emoções. De todos os pensamentos. 

Quem se submete a se alimentar apenas pelo prazer, também terá esse comportamento no aspecto sexual. Aprendeu a associar necessidade do corpo apenas com prazer. Não é que terá um super desejo, um sexo apetitoso, saboroso, não, nada disso. Será sexo sem perceber o que está fazendo, sem sentir, sem tocar a alma, sem satisfazer o que de fato o corpo e a alma pediam: carinho, toque, olhar, liberdade no ato, entrega, paixão, amor. Sexo por sexo é como se alimentar por prazer. E embora a comparação com comida seja esquisita, é muitas vezes assim que o sexo é referenciado. Quem não tem esse controle sobre si e faz sexo por fazer está sempre insatisfeito, culpando às vezes o parceiro por sua falta de satisfação. 

Quem trai constantemente também segue essa linha: busca prazer, tem, acabou, quer mais, amanhã de novo, e de novo, e semana que vem. Nunca se sente completo com o ato, nunca se satisfaz com ninguém, porque não se nutre do que de fato necessita. Um sexo satisfatório pode durar dias sem necessitar de mais porque quando ele acabou não foi apenas um prazer que se obteve com ele, foi a nutrição total. Foi a inteligência desse aspecto que se manteve ou se elevou. QUANDO VOCÊ VIVE NA FUNÇÃO DE ATENDER SEUS DESEJOS, NÃO HÁ PRAZER REAL, O PRAZER REAL SE EXPRESSA NA PAZ, ANTES DURANTE E DEPOIS. Sentir fome e sentir vontade de sexo é o pedido do corpo e da alma, ambos entrelaçados para gerar Vida, não no sentido de filhos somente, mas de energia e vitalidade para criar o que quiser. Mas, se nossa nutrição em ambos está desequilibrada podemos não perceber, mas estamos provocando a morte no corpo, na alma e abrindo mão do espírito. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Estudos Junguianos

Como tornar nossa Sombra Consciente

11:30


Texto baseado no ensaio de Jung: “O casamento como relacionamento psicológico”


Embora com insight e boa vontade, a sombra possa  até certo ponto ser assimilada pela personalidade, a experiência demonstra que existem determinadas características que oferecem resistência ao controle moral e que se mostram praticamente impossíveis de serem influenciadas e portanto conscientizadas. Embora algumas características da sombra possam ser reconhecidas mais facilmente, algumas são muitos difíceis porque, no caso de uma relação amorosa, a causa da emoção está exatamente nessa outra pessoa. 

Quanto a sombra ainda, ela não comporta apenas aspectos negativos, ela é meramente inferior, primitiva, inadaptada e inábil, mas não completamente má. Contém até mesmo qualidades infantis ou primitivas que vitalizariam e embelezariam a existência humana, mas que são proibidas por convenções. Já se acreditou que a sombra é a origem de todo o mal, mas é possível afirmar que a pessoa inconsciente, ou seja, sua sombra, não consiste apenas de tendências meramente repreensíveis, mas exibe várias qualidades positivas como instintos normais, reações apropriadas, insights realistas, impulsos criativos, etc.

Para assimilá-la, tornar-se mais consciente de quem se é, e de suas capacidades, lembre a pior coisa que você já fez. Pense também naquilo que você gostaria de fazer e que nunca teve coragem, pelo que os outros diriam sobre. Esses são os dois lados da sombra.

Não existe uma técnica formal para assimilação da sombra, é sempre de forma muito individual. Primeiro precisa aceitar a sua existência, as coisas como estão. Existe um lado seu que não se parece nem um pouco com você, pelo menos com o “você” que você gostaria de ser, nem com o “você” que você quer que os outros vejam. Personifique sua sombra, dê-lhe um nome: Pedro, Teresa, qualquer um. Depois você precisa conhecer as qualidades e intenções da sua sombra, qual a aparência dela e o que ela quer. Se consegue isso prestando atenção às suas disposições de ânimo (para onde direciona sua atenção e pelo que se motiva) e suas fantasias. E então conversa com seu Pedro e sua Teresa, para descobrir aonde a energia deles quer ir. É isso que Jung chamava Imaginação Ativa. O processo de chegar a um acordo com o outro que existe em você é digno de mérito, porque através dele passamos a conhecer aspectos da nossa natureza que não gostaríamos que ninguém nos mostrasse e que nós mesmos jamais teríamos admitido possuir. Mas aí é o meu Pedro ou Teresa, fica mais fácil ir assimilando, já que Jung coloca que ninguém é Um Só. Não podemos ignorar o nosso outro lado. 


Um exemplo, mostra na prática como a sombra se apresenta. 


“Quando minha sobrinha se casou , pediram-me que fizesse um brinde à noiva com o usual discurso. Eu gostava do rapaz com quem ela estava se casando, mas não conseguia entender por que ela também gostava. Ela era bastante convencional, e ele era tudo, menos isso. Nunca tivera um emprego fixo, passava o tempo bebendo com os amigos e planejando sua próxima grande jogada. Um grande trapaceiro, é o que ele era. Eu sabia de tudo, mas não podia fazer nada, a escolha era dela.

Estava com meu discurso preparado, eu disse as coisas costumeiras a respeito de quando ela era criança e da moça formidável que era agora. E de repente sem mais nem menos, dei comigo dizendo coisas nada agradáveis a respeito de seu marido. Que ele era um bandido mal disfarçado, um elemento importante do tráfico local de drogas, que seu maior desejo era ter uma esposa com um salário fixo, que ele nunca seria nada na vida, e assim por diante.

Fingi que tudo era uma piada, mas não consegui me sair muito bem. Os pais dela ficaram boquiabertos. Minha sobrinha deixou a coisa passar e seu marido levou a coisa na brincadeira, mas não consegui dormir naquela noite.

Como pude eu, um perfeito cavalheiro, sempre educado e preocupado em fazer a coisa certa, fazer exatamente o oposto? A resposta está na minha sombra. Enquanto eu me preocupo em transmitir uma boa imagem, como faz a maioria, ela não dá a mínima para isso. 

Essa não foi a primeira vez que minha sombra manifestou suas ideias. Num dos meus livros conto como ela despejou uma tigela de salada na cabeça de uma senhora. E outra vez ela falou tudo que queria numa entrevista de emprego. De certa maneira, ela é mais confiável do que eu, pois dois anos depois desse casamento, o marido de minha sobrinha foi embora, deixando-a com um filho, e uma pilha de contas à pagar, inclusive me devendo dinheiro."

Vejam bem. Quando ficamos arrogantes, achando que somos os donos do mundo, a sombra nos traz de volta à terra deixando-nos completamente arrasados. Quanto mais nos orgulhamos de ser civilizados, educados e racionais, mais imperioso se torna o impulso explosivo de dizermos ou fazermos algo que reflita como realmente nos sentimos. Isso é a SOMBRA. Até que a percebamos. À partir daí, quando reconhecemos sua presença, ela se torna um aspecto consciente da nossa personalidade. Isso é assimilar a sombra, fazer com que aquilo que estava no inconsciente se agregue à consciência e de lá desapareça.

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

Projeto de Vida aos 40 anos, ou mais

11:00


Você pode ter chegado aos 40 e não ter concretizado teus sonhos ou chegado aos 40 e percebido que está no mínimo na metade da vida e que a outra etapa vai parecer mais longa, já que agora você é uma adulta.

Os filhos estão saindo de casa ou nunca vieram; o casamento está uma rotina ou não aconteceu; a profissão deslanchou, mas já está se esgotando e te esgotando ou a profissão nunca te realizou; o corpo se modifica a cada semana e não mais a cada mês; aquela máquina fotográfica comprada há mais de 15 anos para as fotos da viagem está na estante como artigo de antiguidade ou as viagens foram tantas e no final nenhuma te preencheu como você pensava; a fé está em cima do muro pelas inúmeras crenças que não trouxeram o resultado esperado. Hoje você arca com o cansaço de ter feito muito, ganhado muito e não se sentir inteira com nada e a leveza e a suavidade foi trocada pela racionalidade áspera, depois das frustrações.

A responsabilidade tomou o lugar da espontaneidade, os medos se acumularam, a maior sensação é de que é tarde demais para tudo. A medicina avançou e te empurra para rua te dizendo que você pode ter energia sempre e juventude eterna. Há um conflito entre o desejo de chegar aos milhões e ter tudo e largar tudo e viver livre por aí, apenas por aí, sem satisfação à ninguém. Ter a sua própria versão de Comer, Rezar e Amar. Tem também aquela vontade de largar tudo, mas começar com outro marido, trabalho, amigos, e as às vezes até filhos. 

Quanta coisa pode vir à acontecer a partir das próximas escolhas? Quantos paradigmas, crenças precisam ser trocados para que você possa prosseguir com mais sanidade?

Algumas mulheres sentem que estão acordando, outras que estão desistindo. Quem não possui algum destes fantasmas aos 40, não é humano. Melhor, quem não tem “muitos” destes fantasmas é porque não viveu nada. 

Não importa se você acredita somente nesta vida ou em outras mais, a próxima etapa está chegando e é muito tempo. Chegou a hora de parar de recriar sofrimentos e fazer um novo Plano que seja coerente com a realidade com que cada uma se encontra e não com os sonhos generalizados de toda adolescente. Está na hora de refazer os Planos para as que realizaram quase tudo e as que não realizaram quase nada. Ah, e também para as que realizaram um pouco de tudo e sentem que não concluiram bem, quase nada. 

Um ciclo se fecha e outro começa. É a hora da rendição. Renda-se ao novo, crie suas regras, priorize-se, faça seu roteiro mesmo acompanhada, respeite seus valores, siga o seu rumo. Começa agora, aos 40,  a Melhor fase de uma Verdadeira Mulher. Agora você está apta a construir o que quiser, e amparada pela idade a  destruir o que não serve mais, sem parecer uma tola inconsequente. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Deusas e a Mulher

Descubra a sua Deusa Interior

14:18


Este teste foi elaborado pela estudiosa Maria da Luz Calegari

O teste abaixo permitirá saber quais são os arquétipos predominantes em sua personalidade.

É fato que todos estes arquétipos fazem parte da nossa natureza, mas existe aquela que representa sua essência, e aquela do momento de vida.

Atribua verdadeiro (V), parcialmente verdadeiro (P) e falso (F) a todas as alternativas de cada questão. Todas devem ser assinaladas. Vamos lá!

1. Sua imagem

A-É a de uma mulher sexy e atraente
B- Sua aparência é distinta e isso é destacado pelos outros
C- Sua bondade é sempre mais citada que sua beleza
D- Ter uma boa aparência lhe dá segurança e você investe nisso
E- Sua aparência tem um quê juvenil sempre notado
F- Você faz o gênero jeans/camiseta e cara lavada
G- Sua aparência em uma dignidade austera


2. A casa de seus sonhos é:

A- Térrea, florida e aconchegante
B- Mansão bem localizada
C- Espaçosa e sem luxo, com cozinha bem equipada
D- Um apartamento moderno e funcional
E- Um "castelinho" numa rua arborizada e escondida
F- Um chalé ou bangalô
G- Um lar, com tudo o que essa palavra significa


3. A parte mais importante de sua casa é:

A- O quarto de dormir
B- A sala de estar
C- A cozinha
D- O escritório
E- Saleta particular
F- Sala de ginástica
G- Sala de refeições


4. Qualidades masculinas valorizadas:

A- Beleza, virilidade e paixão
B- Ambição, liderança e agressividade
C- Dedicação ao trabalho e à família
D- Inteligência, determinação e cultura
E- Compreensão, aconchego e ternura
F- Espírito livre e aventureiro
G- Respeito ao lar e à sua individualidade


5. Em relação à fidelidade, você pensa:

A- É mais importante ser fiel a mim mesma
B- É uma obrigação do homem e da mulher
C- Para os homens é difícil ser fiel
D- Não acredito em fidelidade
E- Ficaria muito triste em saber que sou traída
F-É uma invenção do patriarcado
G- Não me preocupo com infidelidade


6. Para você sexo é:

A- Fundamental
B- Faz parte do casamento
C- Importante, pois gosta de crianças
D- Natural e saudável
E- Uma forma de chegar ao íntimo do outro
F- Um esporte
G- Comunicação e demonstração de aceitação


7. Quando você encontra um homem muito interessante, pensa:

A- Se for também bom amante, é perfeito
B- Com um marido desses eu seria imbatível
C- Com ele poderia ter filhos lindos
D- Com certeza a cabeça deve ser vazia
E- Dentro daqueles braços, estaria bem protegida
F- Adoraria desafiá-lo
G- Não saberia o que fazer com um homem assim


8. Os homens vêem você como uma mulher:

A- Poderosa e perigosa por ser sedutora
B- Forte e confiável, como deve ser uma esposa
C- Maternal e equilibrada
D- Muito independente e competente
E- Feminina, suave e jovial
F- Interessante, mas um tanto agressiva
G- Sincera e em quem se pode confiar inteiramente


9. As mulheres, geralmente, demonstram em relação a você:

A- Ciúme e inveja
B- Simpatia e acatamento
C- Confiança e familiaridade
D- Admiração e distanciamento
E- Empatia e vontade de fazer confidências
F- Amizade sincera
G- Respeito


RESPOSTAS:

A corresponde à Afrodite,
B a Hera,
C a Deméter,
D a Atenas,
E a Perséfone,
F a Ártemis e
G a Héstia.


Contagem:

Contagem: Cada quesito marcado como verdadeiro vale 3 pontos, como parcialmente verdadeiro vale 1 ponto e marcado como falso vale -1 ponto (1 ponto negativo).

Some todas os pontos de cada letra.

A Deusa mais pontuada será aquela em evidência neste momento de sua vida


Para saber mais: O Amor amordaçado - Maria da Luz Calegari, Editora InNova

Amor seus enigmas, tramas e possibilidades da editora InoNova


"Ao terminar o teste busque no blog as características das deusas. E lembre-se que as características são tendências das deusas que atuam em você, não significa que seja você. É um excelente teste de autoconhecimento."


Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

Mulheres que Amam Demais - Mude Isso

11:04


A Co-dependência, também conhecida por "mulheres que amam demais" , é uma incapacidade que algumas mulheres têm para viver relacionamentos amorosos saudáveis, com uma tendência constante para se apaixonarem por pessoas muito problemáticas e ficarem presas emotivamente a estas mesmas pessoas.

Nestas mulheres, existe uma atração por parceiros que sejam ausentes, negligentes, imaturos ou mesmo violentos (fisicamente e/ou verbalmente). De uma forma inconsciente, há uma necessidade de perpetuar uma série de emoções negativas que estes parceiros lhes provocam, como forma de se manterem num "equilíbrio" enganador, que lhes traz sofrimento e angústia ao longo de toda uma vida. Segue abaixo algumas características para sua própria análise:

1 - Tiveram lar desajustado em que as necessidades emocionais não foram satisfeitas,

2 - Por não terem recebido atenção, suprem a necessidade sendo superatenciosa, principalmente com homens carentes,

3 - Como não conseguem transformar seus pais em pessoas atenciosas, amáveis, afetuosas, tentam transformar através do seu amor um homem inacessível.

4 - Com medo de ser abandonada faz qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento(abandono), ou foge do relacionamento para não sofrer o abandono.

5 - Quase nada é problema, toma tempo ou custa muito para ajudar o homem que está envolvida. Compra coisas que não pode presentea-lo, vive de acordo com o estilo de vida dele que é maior que o seu.

6 - Por falta de amor em relacionamentos pessoais está disposta a ter paciência, esperança, tentando agradar cada vez mais.

7 - Arca com mais de 50% da responsabilidade , da culpa, das falhas, em todo relacionamento,

8 - A autoestima dá a impressão que ela não merece ser feliz. Acredita que ainda não tem o direito de desfrutar da vida, como se não fosse merecedora de amor e atenção,

9 - Com pouca segurança da infância a mulher tem necessidade "desesperada" de controlar o homem e seu relacionamento. Mascara os esforços sendo prestativa para controlar pessoas e situações,

10 - A mulher está muito mais em contato com o sonho de como o relacionamento poderia ser, do que com a realidade da situação. Escolhe um homem que não é o que quer e continua a sonhar quando tenta a todo custo transformá-lo,

11 - Mulher dependente de homens e de sofrimento espiritual. Com o relacionamento diminui a habilidade de prestar atenção a outros aspectos da vida e lidar com eles. E sem um homem a quem dirigir a atenção entra em estado de abandono.

12 - Tendência psicológica e bioquímica a depender de doces e álcool,

13 - Ao ser atraída por pessoas caóticas ou situações dolorosas, incertas, a mulher evita concentrar responsabilidade nela mesma,

14 - Tende a ter momentos de depressão mas tenta fugir através da agitação criada por um relacionamento instável,

15 - Não tem atração por homens gentis, estáveis, seguros e interessados nela.

Luciana Sereniski
CRP12/06912


Fonte: Mulheres que amam demais - Robin Norwood.

Autodesenvolvimento

O Simbolismo dos Discípulos e relação com psique

10:15


Os livros Sagrados apresentam histórias que podem ou não ser reais. Para a Psicologia Junguiana isso não faz diferença. Esses dramas ajudaram a nos construir e nos descobrir. Seus personagens são “hoje” a personificação das qualidades e atributos da Psique. Tudo que se encontra na Bíblia ou noutro livro Sagrado, à priori,  é simbólico. Já parou para pensar porque Jesus escolheu aqueles discípulos? O que eles representavam para aquilo que Ele quis ensinar? No que essas figuras podem nos auxiliar na busca do Nosso Ser Real? 

Cada discípulo tinha uma característica peculiar. E elas eram vistas como inferiores ou sem importância, pelos poderosos (imagine esse processo acontecendo dentro de você), e talvez por isso não perceberam o poder que estava sendo criado. Quando menos esperavam os milagres já estavam acontecendo. Aquilo que nossa mente não vê como possível estabelecimento não dá muito valor e não cria objeção no movimento dessa característica, ficando esta livre dentro da Psique. Por isso que quando se inicia algo e se começa realizando tópico a tópico, indo de degrau em degrau não há  uma verdadeira oposição, porque a mente não sente que vai ser transformada. Vamos conhecer algumas características de cada discípulo que precisamos disciplinar em nós. As características disciplinadas, sempre vão obedecer as ordens de quem as disciplinou.

1 - Simão - que depois foi chamado Pedro, o atributo é a AUDIÇÃO. Quando essa qualidade é disciplinada controlamos àquilo que chegará aos nossos ouvidos. Não importa o que a realidade naquele momento possa apresentar, a pessoa só ouve aquilo que é primordial para seguir na direção que acredita ser o caminho. A orientação de Jesus à este era: Apenas deveria permitir a entrada de visitantes dignos e respeitáveis na Casa, a Consciência. Após esta Consciência ele recebe outro nome, Pedro, mostrando que ele é outra pessoa à partir dali. Pedro, designava pedra, aquele que não pode ser subornado ou coagido por ninguém. Descobre que o seu Eu é Cristo, começa a ter Fé em Si Mesmo. Com essa descoberta recebe as chaves do Céu. 

2 - André - irmão de Pedro, essa segunda característica é originada da primeira. Ao disciplinar a audição, e descobrir que posso confiar em mim começo a ter CORAGEM. Ouso naquilo que acredito que precisa ser feito, mesmo com tudo contrário, confiante, espero com tranquilidade o resultado. 

As próximas características também tem relação, pois também vêm de dois irmãos.

3 - Tiago - O Justo e 

4 - João - O Amado - Para que a justiça seja sábia precisa ser feita com Amor respondendo o Mal com o Bem. Quando Tiago é elevado ao alto cargo de Juiz Supremo torna-se obrigatório que se coloque em seus olhos uma venda, para não ser influenciado pela matéria, pela aparência das coisas. O juiz disciplinado em nós é a característica de quem não se deixa levar pelas aparências, pois escuta tudo desapaixonadamente, sem envolvimento emocional. Com a JUSTIÇA AMOROSA disciplinada conseguimos perdoar à todos, o que não significa que os efeitos do erro não serão recebidos. Cada um só expressa no momento aquilo que no momento está consciente de Ser. Sem condenar ou criticar a consciência momentânea da pessoa, aceitemos o mundo como ele se apresenta e mudamos, se necessário a nós mesmos. 

5 - Filipe - Este pediu que lhe mostrasse o Pai. O Pai é o estado de consciência superior que habita o Ser humano, e o Pai só pode ser visto quando expressado e é a imagem e semelhança de onde provém, a consciência da pessoa.
Jesus disse à ele: Todo esse tempo conosco e você não me reconhece Filipe? Aquele que me viu também viu o Pai. 
Aquele BUSCADOR sempre alcança. PERSISTE, sabe que tem mais do que está sendo mostrado.

6 - Bartolomeu - Qualidade IMAGINATIVA disciplinada, coloca a pessoa acima da média. Quem a possui se destaca dos demais. É como separar o joio do trigo. É a imaginação ou a falta dela que faz da pessoa um líder ou mais um na multidão. Quando disciplinar sua imaginação e parar de focar no medo e imaginar a desgraça, na raiva e imaginar a confusão, na tristeza e imaginar a derrota, numa pessoa que não gosta e imaginar sua queda, e começar a direcionar sua imaginação para construir o cenário da realização do que deseja, então, e só então sua mente será um mundo de ideias para a materialização dos desejos e elevação dos limites humanos.

7 - Tomé - Este duvida. E esta qualidade pode ser positiva. Se aparece uma doença duvida que é real e modifica a realidade até a saúde que acredita ter, se há a falta de dinheiro duvida desta realidade e persiste até enxergar a realidade da fartura que está na sua consciência. É a qualidade disciplinada da NEGAÇÃO, que evita que a pessoa receba impressões que não estejam em harmonia com seu estado de Ser, já que a materialização nem sempre ocorre imediatamente à consciência. Adotar uma posição neutra diante da realidade negativa faz com que essa tenha que se modificar para materializar uma realidade que já está consciente. CREIA PARA VER e não Veja para Crer. 

8 - Tiago - Filho De Alfeu - Qualidade do DISCERNIMENTO. Uma mente clara e organizada chama esse discípulo à existência para ver com clareza, ter a clarividência (enxergar além). É uma mente que consegue interpretar com sabedoria o que se vê, avaliar e antever o que vem, podendo modificar o caminho, caso não seja o desejado.

9 - Judas Tadeu - Discípulo da GRATIDÃO, qualidade de dar Graças, elogiar. Quando esta qualidade está desperta a pessoa vive dizendo: Obrigada, Grata. E sabe que a gratidão pelas coisas não vistas abre as janelas do céu, permitindo que caia sobre ela mais presentes do que ela possa receber. Aquele que não é grato pelo que tem no momento, não receberá mais presentes da Fonte. Até que essa qualidade seja disciplinada o Ser humano não verá o deserto florescer. 

10 - Simão - O Cananeu - Da terra do leite e mel. Quando essa qualidade é chamada para ser discípulo a pessoa está ciente da abundância e da riqueza. É o discípulo das BOAS NOTÍCIAS. Este aspecto disciplinado é incapaz de ouvir outra coisa que não seja boa notícia e isso dá a certeza da fartura. 

11 - Mateus - É o dom de Deus (Consciência) - Essa qualidade revela que os desejos são dons recebidos e neles já contém o projeto e o poder para expressão. A pessoa não fica questionando como esse desejo vai manifestar, se não enxerga a possibilidade no momento, porque as formas como vai acontecer não importa. É a qualidade de ACEITAR OS DESEJOS, como PRESENTES JÁ RECEBIDOS. Aquele que tem dificuldade de aceitar presentes, elogios, ajuda do outro, tem a necessidade de disciplinar essa qualidade. 

12 - Judas Iscariotes - DEIXAR DE SER QUEM É. Essa é a qualidade desse discípulo quando desperta em nós. Ela sabe que precisa deixar de Ser (morrer por vontade própria). Obviamente não é real que deva ser um suicídio físico, foi apenas uma alegoria para mostrar que quando nos arrependemos verdadeiramente nossa mente nos perdoa quando deixamos de Ser quem éramos e realizar o que realizávamos que nos fazia mal ou a outros. É a qualidade de RENUNCIAR A SI para tornar-se aquele que deseja Ser. 

É importante observar que:  pensamos que para sermos melhores, manifestar nossos desejos, ir além, ter poder, ser amados, realizar milagres, precisamos ter todas as características positivas e eliminar as vistas como negativas. E Jesus dizia: Eu vim para os pecadores, ou seja, o que você tem que considera ruim ou "normal" é exatamente, se bem direcionado aquilo que te levará ao lugar de direito, a tornar-se o Todo. A elevação psíquica vai acontecer com e através daquilo que menos considera em você.  Portanto, antes de buscar outras características em você para disciplinar, considere disciplinar estas apresentadas, pois com elas Jesus mostrou que tudo é possível. 

Ah. Já estava esquecendo. Os discípulos pelo aprendizado do correto uso de suas características foram declarados livres. E você, como se autodeclara?


Luciana Sereniski
CRP 12/06912