Ego e Self
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Para Jung (1986), o Ego ou Eu é o centro da consciência, cabendo-lhe a tarefa de se relacionar com todos os outros conteúdos conscientes. É uma instância que responde a necessidades do Self, que lhe é superior.
O Self ou Si-mesmo é o centro ordenador, unificador e totalizador da psique total (consciente e inconsciente). Ele engloba o Eu ou Ego. É representado pela Mandala, por Jesus Cristo, pela imagem de Deus. É o Deus que habita em nós, mas também o Diabo, visto que é o todo, carregando em si a luz e as trevas.
O Si-mesmo é o todo psíquico. É o arquétipo central do inconsciente coletivo. Atrai para si os outros arquétipos para harmonizá-los na vida consciente e assim conferindo à personalidade um sentido de firmeza, de coesão, de unidade.
É um desejo do ser humano conhecer a si mesmo plenamente e atingir um estado de autorrealização, entretanto, tal empreendimento é praticamente impossível. Chegar-se-á até onde for possível, pois tal tarefa dependeria da conscientização de tudo e de como o Ego se ajusta às mensagens do Self, e, embora possam Ego e Self estar funcionando bem harmoniosamente, conscientizar-se de tudo poderia ser, analogicamente falando, conhecer a Deus!
Portanto, o Self ou Si-mesmo serve como um orientador no caminho do autoconhecimento. Ele expressar-se-á, principalmente, nos sonhos, guiando o indivíduo através do mundo inconsciente para trazer à consciência aspectos relevantes para o seu desenvolvimento e crescimento pessoal, levando-o à autorrealização na medida de suas próprias possibilidades interiores.
O Self também possui sua sombra, que nada tem a ver com o Arquétipo da Sombra. Tem-se, então, o lado "negativo" do Self. Deve-se ter em mente de que todos os arquétipos apresentam os dois pólos: positivo e negativo. A Sombra do Self nada mais é do que o arquétipo do Mal, um arquétipo maior, mais divino que o "arquétipo tido como do mal" no contexto humano — a Sombra.
"Por isso diz Jung: "Reside na esfera das possibilidades reconhecer o mal relativo de sua natureza, ao passo que olhar nos olhos do mal é uma experiência tão rara quanto comovente". A alusão de Jung refere-se ao aspecto arquetípico do Mal, ao lado escuro da imagem de Deus ou do Self, cuja insondabilidade ultrapassa bastante a maldade da sombra humana." (von FRANZ, 1992. p.132).
"Inicialmente, o ego está fundido com o self, porém, depois ele se diferencia. Jung descreve uma interdependência dos dois: o self possui uma visão mais holística e é, portanto, supremo, mas a função do ego é confrontar ou satisfazer às exigências dessa supremacia. O confronto entre o ego e o self foi identificado por Jung como característico da segunda metade da vida."(SAMUELS, et elli, 1988, p. 65).
O Ego se compõe das percepções conscientes, dos sentimentos, dos pensamentos, das lembranças, enfim, de todas as experiências conscientes da vida humana que ele filtrou e escolheu, visto que seria impossível registrar-se todas e quaisquer experiências vividas pelo indivíduo no consciente. Portanto, o Ego seleciona, e parte do material rejeitado irá se alojar no lado sombrio da personalidade, parte será agregada à consciência e outra parte será desconsiderada. Esta seleção se dá de acordo com a função dominante.
Segundo Jung, são quatro as funções psíquicas, a saber, sensação (diz que algo existe), pensamento (revela o que é esse algo), sentimento (mostra o seu valor), intuição (indica suas possibilidades) e cada indivíduo terá uma delas predominante, isto é, será de um desses modos que o indivíduo fará a maior parte das apreensões das experiências vividas.
Cabe ao Ego reconhecer e integrar a Sombra, e isto se dará na medida em que ele vai elevando seu grau de consciência dos conteúdos reprimidos e rejeitados que se apresentam, principalmente, através do mecanismo de projeção.
Somente um Ego forte, coeso e bem estruturado pode se defrontar com as figuras do inconsciente.
Cabe ressaltar que integrar a Sombra não é atuá-la. Pelo contrário! É justamente quando integrada que se minimiza sua atuação.
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