Quando se sofre da Síndrome do Pânico existem várias manifestações mentais e físicas que ocorrem no organismo. As principais manifestações físicas da síndrome do pânico são as seguintes:
• Nervosismo e efeitos químicos.
• Efeitos cardiovasculares.
• Efeitos respiratórios.
• Outros efeitos diversos.
Vamos aprofundar cada uma destas manifestações.
Nervosismo e Efeitos Químicos
Quando somos confrontados com o medo o cérebro manda sinais para o sistema nervoso. É o sistema que é responsável para preparar o corpo para a ação e também acalma o corpo e restaura o equilíbrio. Para executar estas duas funções vitais o sistema nervoso autônomo tem duas divisões, o sistema nervoso simpático e o sistema nervoso parassimpático.
O sistema nervoso simpático é aquele que nós conhecemos melhor porque é o que prepara o nosso corpo para a ação e aciona o sistema de ataque-fuga, enquanto que o sistema nervoso parassimpático é aquele que adoramos pois serve para restaurar o nosso sistema e retornar o corpo ao estado normal de relaxamento.
Quando um destes sistemas são ativados eles estimulam todo o corpo e tem um efeito de tudo ou nada. Isto explica o porquê quando um ataque de pânico ocorre, a pessoa tem várias sensações pelo corpo.
O sistema simpático é responsável por libertar adrenalina das glândulas supra renais. Estas glândulas estão localizadas acima dos rins. As glândulas supra renais também liberam adrenalina que funciona como um mensageiro químico para o corpo estar a 100% (para fugir ou atacar). Quando um ataque de pânico começa não é possível desligar o sistema ataque-fuga tão rapidamente como ele foi acionado. Existe sempre um período com ansiedade aumentada e continua enquanto estes sinais viajam pelo corpo.
Depois de algum tempo o sistema nervoso parassimpático é acionado. O papel dele é retornar o corpo ao seu funcionamento normal depois do perigo iminente desaparecer. O sistema parassimpático é a parte do sistema nervoso do qual gostamos mais porque nos retorna ao estado de relaxamento e normalidade.
Quando aprendemos a diminuir a ansiedade, com uma técnica de relaxamento por exemplo, estamos na realidade a incentivar o sistema parassimpático a entrar em ação. Uma coisa boa da qual nós temos de lembrar é que este sistema vai entrar em ação mais tarde ou mais cedo, quer tentemos quer não. O corpo não continua numa espiral de ansiedade cada vez mais intensa. Chega a um ponto em que a ansiedade desliga e o corpo fica relaxado. Este é um dos vários sistemas que temos integrados no corpo para sobrevivermos.
Mesmo se você se preocupar e estressar muito para manter o sistema nervoso simpático a funcionar ele vai acabar por parar. Com o tempo ele torna-se mais esperto que nós e percebe que na realidade não existe perigo. O nosso corpo é extremamente inteligente – a ciência moderna está sempre a descobrir novos padrões de inteligência que correm pelas células do nosso organismo. O nosso organismo parece ter uma infinidade de maneiras para lidar com um conjunto de funções muito complicadas que nós tomamos por certas. O principal objetivo do nosso organismo é viver bem e de saúde pelo máximo de tempo possível.
Tente deixar de respirar durante o máximo de tempo possível. Não importa a sua força mental, você nunca consegue vencer a força de vontade do corpo. Isto são boas notícias – não importa se tenta convencer-se que vai morrer de um ataque de pânico, você não vai morrer por causa disso. O seu corpo vai passar por cima do medo e procurar por um estado de equilíbrio.
Lembre-se disso da próxima vez que tiver sintomas da Síndrome do Pânico. A sua mente pode prolongar as sensações do ataque de Pânico por mais algum tempo, mas eventualmente tudo vai voltar ao estado de equilíbrio. O estado de equilíbrio (homeostase) é o que organismo procura sempre atingir.
A interferência para o seu organismo não é mais do que um exercício dos seus sentimentos. O nosso corpo não entra em alarme com estes sintomas. Porque deveríamos entrar em alarme? O nosso organismo conhece as suas capacidades. É o nosso consciente que entra em pânico, que fica assustado e exagera com medo e terror! Nós temos a tendência de esperar pelo pior e de exagerar as nossas sensações. Um batimento cardíaco acelerado é um ataque cardíaco. Uma mente demasiado ativa é quase esquizofrenia.
Efeitos Cardiovasculares
A atividade no sistema nervoso simpático aumenta o batimento cardíaco, acelera a circulação em todo o corpo, assegura que todas as áreas importantes para o reflexo ataque-fuga estejam com muito oxigênio. Isto acontece para preparar o corpo para a ação.
Uma coisa fascinante do reflexo ataque-fuga é que o mecanismo manda o sangue de onde ele não é necessário (através da contração dos vasos sanguíneos) para os lugares onde ele é necessário, músculos dos braços, pernas e do tronco.
Por exemplo, no caso de haver um ataque físico o sangue vem da pele, dedos, dedos dos pés e é movido para as áreas ativas com as pernas e os músculos dos braços. É por isso que muitas pessoas sentem falta de sensibilidade e formigamento durante um ataque de pânico que são mal interpretados como um risco para a saúde, como o início de um ataque cardíaco. É interessante que as pessoas que sofrem de ataques de ansiedade pensam muitas vezes que tem problemas de coração. Se você tem mesmo essa preocupação então deve consultar o seu médico para verificar. Assim você pode tirar conclusões e esquecer esse medo.
Efeitos Respiratórios
Um dos efeitos mais chocantes do ataque de pânico é a falta de ar e a respiração rápida. É muito comum que durante um ataque de Pânico a pessoa sinta um aperto no peito e na garganta. Todos temos o medo de perder o controle da nossa respiração. Os ataques de pânico são associados a um aumento do ritmo respiratório e na quantidade de ar inspirado. Isto tem uma importância obvia para a defesa do corpo pois os tecidos precisam de mais oxigênio para preparar para a ação. O que sentimos quando aumenta a respiração pode incluir a falta de ar, hiper-ventilação, sensações de falta de ar e mesmo dores e apertos no peito. O problema real é que estas sensações são estranhas para nós e não parecem naturais.
Um portador da Síndrome relata: “como tive ataques de pânico muito extremos, lembro-me que em muitas ocasiões eu sentia que não podia confiar no meu corpo para respirar. Por isso eu tinha que respirar conscientemente e dizer a mim mesmo para inspirar e expirar. Claro que isso não era o suficiente para as necessidades de oxigênio do meu corpo e por isso esse sentimento aumentava mais – e a ansiedade também. Quando apliquei a técnica de relaxamento, deixei o meu corpo fazer o que ele faz melhor – seguir os instintos biológicos”.
Um efeito secundário importante da respiração mais rápida (especialmente quando não existe atividade física) é que a quantidade de sangue que vai para a cabeça diminui. Enquanto que esta diminuição de circulação para o sangue não é perigosa, ela produz uma variedade de sintomas desagradáveis, mas que não tem geralmente maiores consequências. Estes incluem tonturas, visão enevoada, confusão, sentimento de irrealidade e suores frios.
Outros Efeitos Físicos dos Ataques de Pânico
Existem outros efeitos produzidos pela ativação do sistema nervoso simpático, nenhuma das quais fazem mal realmente. As pupilas dilatam para deixar entrar mais luz, o que pode resultar em visão turva e em “ver estrelas”, etc. Existe uma diminuição da salivação, resultando numa boca seca.
Existe uma diminuição da atividade no sistema digestivo, que muitas vezes provoca náuseas, uma sensação pesada no estômago e mesmo prisão de ventre. Finalmente, quando os vários grupos musculares ficam tensos em preparação para o ataque-fuga isso pode resultar e várias sensações de tensão, por vezes transformando-se em dores e tremores.
No geral o mecanismo de ataque-fuga ativa todo o metabolismo corporal. Por isso é que as pessoas sentem calores e suores pois este processo utiliza muita energia e depois a pessoa sente-se cansada e esgotada.
Gostaria de chamar a atenção sobre os mitos da Síndrome do Pânico, porque existem rumores que dizem que um ataque de Pânico pode causar a morte, o que é totalmente falso. Estes rumores ainda aumentam mais o medo que as pessoas têm da doença e não ajudam no tratamento.
MANIFESTAÇÕES MENTAIS
O objetivo do mecanismo de ataque-fuga é alertar a pessoa do perigo potencial que pode estar presente. Por isso, quando ele é ativado a prioridade mental é a de procurar por potenciais ameaças à sua volta. Esta reação está programada e é quase impossível de ignorar. É difícil concentrar-se em alguma coisa, pois a mente está treinada para procurar por todas as potenciais ameaças e não quer desistir até a ameaça ser identificada.
Um dos fatores que aumenta a intensidade das manifestações mentais e físicas dos ataques são os mitos da Síndrome do Pânico. Estes rumores que se transformam em mitos dizem coisas erradas (que é possível morrer de um ataque de pânico, o que é totalmente falso) e isto só piora a situação de quem sofre deste problema.
Quando o pânico aparece, muitas pessoas procuram pelo caminho mais rápido e mais fácil para sair do local; saem da fila no banco e vão para fora, por exemplo. Algumas vezes a ansiedade pode aumentar se temos a impressão que sair nos vai causar algum tipo de embaraço social.
Se você tiver um ataque de pânico no local de trabalho mas acha que deve continuar com a tarefa que está a fazer, é normal você ter muitas dificuldades em se concentrar. É muito comum ficar com agitação e desconforto geral nessa situação.
Muitas pessoas que sofreram ataques do Pânico, dizem que a luz artificial – como aquela que vem dos ecrãs, dos computadores e das televisões – pode muitas vezes começar ou piorar o ataque de Pânico, particularmente se a pessoa está cansada ou esgotada.
Vale a pena pensar nisso se trabalha durante períodos longos num computador. Você deve instalar lembranças frequentes no seu computador para se levantar e ir apanhar um pouco de ar fresco.
Quando se tem um ataque de Pânico e não é encontrada nenhuma ameaça externa, a sua mente começa a olhar para dentro e considera possíveis doenças no corpo ou na mente das quais poderia estar a sofrer. Isto inclui pensar que comeu alguma coisa estragada ao almoço até à possibilidade de estar a ter uma paragem cardíaca.
A pergunta importante é: Porque é que o mecanismo de ataque-fuga é ativado durante um ataque de pânico mesmo quando parece que não há nada para você se assustar?
Após uma investigação mais profunda, parece que temos medo das próprias sensações – temos medo de perder o controle do nosso corpo. Estes sintomas físicos inesperados criam um medo ou Pânico como se alguma coisa estivesse muito mal.
Porque é que se sente os sintomas físicos do mecanismo ataque-fuga quando não se tem medo?
Existem muitas formas de estes sintomas se manifestarem e não só através do medo. Pode ser que você está com muito estresse na sua vida e este estresse resulta num aumento da produção de adrenalina e de outros químicos que de vez em quando produzem estes sintomas.
Este aumento de adrenalina pode ser mantido quimicamente no corpo mesmo depois do estresse ter desaparecido. Outra possibilidade é a sua dieta, que afeta diretamente os nossos níveis de estresse. Cafeína em excesso, álcool e açúcar são conhecidos por aumentar o estresse no organismo.
Emoções presas e não resolvidas são muitas vezes apontadas com um possível catalizador dos ataques de pânico. É importante sim analisa-las para resolver os problemas de ataque de ansiedade. É importante saber lidar com o momento presente, com a emoção que se apresenta para saber desarmar um ataque de ansiedade, assim como remover a ansiedade que inicia o ataque.
Luciana Sereniski
CRP 12/06912