Autodesenvolvimento

Capacitação para ter Pensamentos Positivos - Parte 2

19:51


3 - A Atitude Positiva está além de apenas Pensar Positivo

A Atitude Mental Positiva está além de decidir mudar a forma de pensar: "pensar positivamente de forma alegre e com boa disposição", embora seja garantia que ter boa disposição para pensar positivamente muda a maneira como olhamos as coisas e portanto altera para melhor as situações ao redor. No entanto, a mudança significativa dessa forma de pensamento e uma drástica alteração de resultados depende de querer, de vontade, de esforço consciente e implementação de estratégias que suportem a decisão para conseguir nos elevar, nos distanciar e estruturar uma solução, mesmo perante uma adversidade, dificuldade, dor emocional.

Aqui sugiro uma sequência de ações que apoiadas por um raciocínio lógico e flexível irão trazer mudanças reais:

A)Seja consciente, foque-se no seu diálogo interno

Esteja consciente de como você pensa, preste atenção às suas crenças negativas, suas conversas interiores, preste atenção às ações negativas, ao julgamento que faz das pessoas e das situações e perceba o que te faz sentir mal e que sentimento surge com isso (raiva, medo, inveja, tristeza, inferioridade, ciúmes, etc…).

Use a força de vontade para enfraquecer essa dinâmica interna. Evite os comportamentos, as atitudes, os pensamentos, os julgamentos, sentimentos que te trazem negatividade. 


B) Assuma a responsabilidade. Tudo depende de você

É fácil apontar o dedo, culpar, julgar, vitimar-se, difícil é o caminho da quebra. Quando você culpa os outros pelo que ocorre com você sua atenção é direcionada para fora e você não consegue mais reunir os recursos para conseguir vislumbrar uma solução, e isso depende só de você. 


C) Comprometa-se com você a adotar uma Atitude Positiva

O passo final é comprometer-se com a mudança de atitude. Sem um compromisso total, pouco progresso pode ser feito. Se comprometa completamente com a criação e implementação de um diálogo interno mais positivo. Leve em consideração a possibilidade de mudar algumas crenças que possam estar impedindo a mudança de atitude. Depois estabeleça metas para implementar as novas crenças e novas formas de realizar as situações.

Se sentir dificuldade, um psicólogo poderia ser uma excelente saída.

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

Capacitação para ter Pensamentos Positivos - Parte 1

18:05


1 - Ter Atitudes Positivas é uma Escolha

Você pode não estar consciente, mas a positividade ou negatividade que você está vivendo nesse momento foi escolha sua, porque eles derivam do que você está sentindo. Num primeiro momento você pode ao perceber o que sente aceitar para que imediatamente você possa optar por continuar ou não sentindo seja lá o que for.

Sim, podemos optar. Ao olhar o sentimento e não se identificar com ele abrimos a possibilidade de escolha do que vamos sentir. Não se identificar é separar o sentimento de você. Você não é a tristeza, a raiva, a inveja. Elas existem em você. Ao não haver essa identificação esses sentimentos incapacitantes perdem o poder, a força e nos devolvem a energia que eles retiraram.

Nesse momento, quando se está atento ao que se está sentindo, abre um espaço para a reorganização mental, onde você volta a se capacitar para buscar solução para o sentimento negativo e o que o causou, para a construção do novo, que acontece a cada instante em nós. A escolha da Atitude Mental Positiva não acontece somente em meio a guerra, a briga, ao conflito, mas pode acontecer segundos, minutos e até horas após, fazendo com que você retorne o mais rápido possível ao controle de Si Mesmo. 


2 - Não combata os Pensamentos e Sentimentos Negativos

Você não pode nem deve alimentar pensamentos negativos, e, jamais tomar decisões importantes nesse estado de consciência. Mas e quando eles estão, o que fazer? Imagine os pensamentos como se eles fossem balões das histórias em quadrinhos, que estão acima de você, apenas anunciando que há uma comunicação. Ao verificar que eles são incapacitantes, pessimistas, destrutivos não tente eliminá-los, apenas pare de ler o que eles dizem, pare de segui-los. Os pensamentos negativos por vezes vão aparecer mas não são prejudiciais quando não estabelecemos contato com eles e não os convidamos para deitar na mesma cama ou morar na mesma casa. Imediatamente imagine aquele balão em cima de você se desprendendo e subindo e crie nem que seja uma única frase positiva ou palavra para colocar no mesmo lugar.

Continua...

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

O que é Atitude Mental Positiva

18:18


Com certeza não é ignorar a realidade dos fatos, tampouco ficar fazendo afirmações de que tudo acabará bem, que aquilo que aconteceu não foi de fato ruim. Não é encarar tudo como uma Pollyana e engolir sapos em nome da paz e harmonia. Também não é dizer que tudo será melhor daqui para frente, não é fingir que está aceitando uma situação quando está somente reprimindo, mas fazendo afirmações positivas.

Atitude Mental Positiva é a certeza de que você pode decidir como reagir às situações em prol de Si Mesmo. Não é mentir para depois acreditar que é verdade, é capacitar-se para que seja.

A crença de que você pode enfrentar algo para conquistar o que quer influencia diretamente na concretização do desejo. Uma crença pode ser formada através de uma única experiência, onde a emoção seja muito intensa ou, o mais comum, pela soma de experiências onde existe o mesmo significado e normalmente se estrutura na primeira infância. Os acontecimentos posteriores podem modificá-las agregando mais do mesmo ou sublimá-las.

Após a capacitação para Atitude Mental Positiva é necessário que haja de forma consistente a repetição da atitude. (Continua com Capacitação para ATM)

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

Relações precisam ser dignas

15:44


Durante toda semana trouxe textos sobre autoestima e quero fechar com algumas considerações. É fato que infelizmente a autoestima feminina devido a todo processo histórico ainda não é adequada. Mas já estamos conscientes, então paremos de culpar a história pregressa e façamos nossa história a partir de então. Grande parte das mulheres ainda espera ser amada por alguém para somente depois optar por se amar. Mas se não tinha amor próprio antes o Ser que foi atraído provavelmente seja uma armadilha. Prefiro chamar de aprendizado, porque é com erros que também aprendemos. A questão é que a conta é outra.

Primeiro você se ama. Depois alguém ama você. Não precisa de muito entendimento, conhecimento para isso. Você simplesmente precisa colocar na sua cabeça que tem que gostar de você mesma. É fácil, mas não é um milagre, exige empenho, mas quero deixar aqui um possível caminho.

O único que eu conheço, o único caminho que eu ouvi falar e o único que eu própria percorri foi o do  autoconhecimento. À medida que você se conhece é impossível você não começar a gostar mais de você. A ideia que temos de nós, o valor que nos damos está baseado no que conheço de mim. Se você se ama pouco é porque se conhece pouco. Nós somos seres incríveis, muito melhores do que pensamos ser. Nesse processo vamos percebendo que precisamos imediatamente começar a dizer uns “nãos” por aí porque foi muito “sim” para os outros que terminou em você se negar, pensando como os outros, sentindo como eles queriam, desejando o que nem sabe se é teu desejo, e consequentemente se afastando do teu Eu real. E isso parece permitir que o outro tenha a ousadia de te depreciar, falando ou fazendo algo. E o pior é que quando não temos uma boa autoestima permitimos acreditar nesses seres não saudáveis que nos desconsideram. Mais uma situação que engolimos e que reforça nossa imagem negativa. A não ser que...

Você pare com isso. Que você chame suas forças e se impeça de continuar a agir contra Si mesma. E a força vem do autoconhecimento, da resolução das sombras e do acesso às forças infinitas que habitam em nós. Parece muito, mas a ação de um resulta na resolução de outro. Algumas ideias para te auxiliar: medite, faça silêncios interiores, saia sozinha, ouse realizar algo que antes alguém fazia para você, perceba como age e quando age e o que sente nesses momentos. Passe a estar bem acompanhada somente com sua companhia. E então quando estiver com alguém será um grande momento. 

Se estiver numa relação seja de amizade, de trabalho, de amor que não seja de mão dupla está vivendo uma relação indigna. Não é necessário sair dela, mas é imprescindível sair da posição que você está. Se você ao se conhecer mais e se amar mais não despertar a mudança do outro, em algum momento ficará difícil conviver. E convenhamos: é melhor perder vivências com o outro agora a perder a convivência consigo para o resto da vida. É um preço muito alto a se pagar para viver neste mundo sem a companhia da única pessoa que você veio para estar: Você. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

Autoestima - Primeiro Pilar - A consciência

11:00


Autoestima é a confiança que cada pessoa tem em sua capacidade de pensar; confiança em sua habilidade para lidar com os desafios da vida; acreditar que se tem o direito de vencer e ser feliz (...)

Este é um pequeno trecho de uma mensagem do psicanalista e psicopedagogo Chafic Jbeile, ao tratar de um assunto delicado, que afeta, positiva ou negativamente, a vida de muitas pessoas: a AUTOESTIMA. Para apresentar o assunto, ele dividiu o tema em sete pilares, ou seja, em sete áreas de sustentação, e vem divulgando periodicamente cada pilar, um por vez.

Achei interessante o formato utilizado pelo professor para apresentar o assunto, tanto do ponto de vista metodológico quanto pedagógico, atendendo tanto estudiosos como leigos curiosos. Por serem textos públicos vou posta-los, e o farei em partes, no desejo e esperança que possam ajuda-los a refletirem sobre si mesmos, e sobre uma forma de vida saudável e significativa. Sempre que me parecer cabível alguma observação, esta será devidamente identificada e comentada ao final do texto.

O primeiro pilar da autoestima, defendido pelo prof. Chafic é a Consciência. Tenho certeza do poder reflexivo do tema. Vejamos o texto como se apresenta:

"A autoestima está para a dinâmica psíquica tal qual o sistema imunológico está para o corpo. Da mesma forma como o corpo se protege dos ataques de agentes nocivos ao organismo, a qualidade do afeto e valor próprio que cada pessoa nutre sobre si mesma resguardará sua saúde mental, fortalecendo-a e preparando-a para as exigências biopsicossociais e espirituais, inerentes às suas vivências.

De acordo com o Dr. Nathaniel Branden, autoestima é a confiança que cada pessoa tem em sua capacidade de pensar; confiança em sua habilidade para lidar com os desafios da vida; acreditar que se tem o direito de vencer e ser feliz e, ainda, a convicção íntima de que a pessoa pode afirmar suas necessidades perante seus semelhantes, acreditando merecer usufruir dos resultados de seus esforços.

Considera-se, portanto, como possuidora de saudável autoestima a pessoa que demonstra confiar nas próprias idéias e aceita intimamente ser merecedora da felicidade. Estas convicções inspiram o comportamento das pessoas e as fazem parecer mais felizes e realizadas do que outras, mesmo não tendo tanto quanto as outras pessoas possam ter.

Isto significa que não é, necessariamente, a quantidade de dinheiro, bens e intensidade de consumo que uma pessoa sustenta que irá determinar a qualidade de sua autoestima. Igualmente, quanto pior for a autoestima de uma pessoa, mais ela necessitará demonstrar status e poder, seja financeiro, social, intelectual etc.

A autoestima interfere diretamente no comportamento das pessoas e, consequentemente, a forma como cada pessoa se comporta irá influenciar a qualidade de sua autoestima, estabelecendo um ciclo constante de causa e efeito. Esta sucessão de pensamentos e atos requer atenção e cuidados instantâneos, a exemplo da pessoa que age de uma determinada forma e depois se arrepende, culpando-se e sentindo-se a pior pessoa do mundo. Acreditar nisto faz com que a pessoa adote pensamentos depreciativos sobre si mesma e então parte para atitudes autopunitivas. Assim, não se permite o mínimo prazer e evita sair, curtir os amigos ou um cinema; descuida-se da aparência pessoal e tende a cumprir apenas a rotina mais necessária que lhe for exigida.

É nestas horas que a pessoa precisa ser mais gentil consigo mesma; evitando os excessos da auto exigência e ao invés de menosprezar-se por não ter alcançado a perfeição deve perguntar-se como desenvolver ações mais assertivas. Esta atitude madura irá oportunizar pequenos avanços e melhorias na qualidade da autoestima e, por conseguinte, influenciar ações das quais a própria pessoa terá mais orgulho de si, empregando progressivamente mais valor às suas idéias e aumentando a crença de que merece e pode ser feliz.

É incrível como se pode elevar o orgulho e respeito próprios com pequenas ações. A autoestima é uma conseqüência de atitudes internas. Não se pode trabalhar diretamente a autoestima de ninguém, porque esta é a soma de pensamentos e ações. O que a pessoa faz determina o que ela pensa sobre si mesma. O que a pessoa pensa sobre si mesma influencia o “que” e “como” irá fazer algo. Isto exige o uso de uma das maiores faculdades humanas: a consciência!

Neste sentido, o primeiro dos sete pilares da autoestima é a “atitude de viver conscientemente”. Viver conscientemente é a capacidade que cada pessoa desenvolve para estar o mais cônscia possível do espaço que ocupa, onde quer que esteja presente; estar o mais cônscia possível do papel que desempenha em seu momento mais imediato, e determinar suas ações de acordo com estas percepções.

Para os biólogos ela distingue o ser humano das demais espécies vivas. Para os médicos ela é um importante sinal vital do cérebro. Para os filósofos é um dos mais nobres atributos existenciais que o ser humano possui. Para religiosos e espiritualistas ela é interpretada como a própria iluminação. Para os cientistas da mente ela é questão imprescindível para saúde mental. Para a psicanálise é o remédio das neuroses. Ela é a consciência!

Toda pessoa é muito mais capaz, inteligente e brilhante do que imagina ser, e a consciência é a mais verídica, confiável e justa prova desta irrefutável verdade. Conhecer a si mesmo é uma das mais gratificantes tarefas que uma pessoa pode empreender durante sua vida.

Quando a pessoa simplesmente ignora suas necessidades, interesses e desejos, obrigando-se e sujeitando-se desde relacionamentos, tarefas e atitudes que contrariem suas convicções íntimas, então ela estará se traindo e ferindo sua autoestima, exceto quando tem consciência daquilo que decidiu fazer.

A pessoa que vive conscientemente percebe a força de suas palavras, de suas ações. Percebe quão firme ou frouxo é o seu aperto de mão; quão intenso ou vazio é o seu olhar; quão focada ou dispersa está a sua atenção.

Há que se permitir distrair-se, mas a distração à revelia é o mesmo que uma mente desgovernada, impulsiva, inconsciente. Penso que é a consciência quem deveria estimular as ações das pessoas e não as ações consumadas conflitar com a consciência. A não ser em caso de defesa, fuga ou evasão nas situações de risco, todas as outras ações deveriam proceder ao pensamento, nunca o contrário.

Fugir à realidade é o mesmo que fugir à consciência e fugir à consciência é o mesmo que negar a responsabilidade da própria vida. Desta forma, a pessoa que vive conscientemente assume os prazeres e os desprazeres de suas realizações e de suas vivências. Não transfere o dolo de sua existência a outrem, pois apesar de às vezes ser desconfortável sabe que seu estado e condição atuais são responsabilidade sua.

A pessoa que vive conscientemente põe tudo que é no mínimo que faz. Envolve-se com sua dinâmica pessoal e com seus afazeres. Percebe-se a maior parte do tempo e, por isto, tem condições de regozijar com seus acertos e aprimorar aquilo que acredita possa melhorar, independentemente das críticas que recebe, tanto as positivas e construtivas quanto as nocivas e depreciativas, pois está com seu sistema imunológico mental fortalecido.

O mais importante, neste aspecto, não é manter forte esquema de auto vigilância, antes, o mais importante é exercitar a consciência em relação à dinâmica íntima e pessoal. Viver conscientemente é ser agente de suas próprias vontades ao invés de perceber-se como vítima da vontade dos outros ou da própria circunstância. Isto faz aumentar o orgulho e respeito próprio, influenciando a qualidade da autoestima.

Para desenvolver e fortalecer o primeiro pilar da autoestima sugere-se estimular a atenção na própria pessoa. Criar dinâmicas ou jogos em que a pessoa possa observar a forma como fala, como anda, como se relaciona com outras pessoas, suas manias, suas virtudes, suas gafes. É importante rever o inventário de suas coisas prediletas: cores, músicas, flores, roupas, palavras, frases, pessoas, comidas, acessórios etc.

Pergunte a pessoa sobre o que terá de fazer para estar mais consciente em seu trabalho, em seus relacionamentos, em seus estudos, enfim, em seus momentos diários. Incentive-a (nota - incentive-se) fazer uma coisa de cada vez e a viver apenas um dia a cada 24 horas. Prestar mais atenção ao tempo imediato e aos movimentos do próprio corpo e das próprias palavras e atitudes, assim estará praticando a arte de viver conscientemente."

Prof. Chafic Jbeile

Autodesenvolvimento

Autoestima - Segundo Pilar - A Autoaceitação

10:30


Havia uma jovem que trabalhava em um gabinete ao lado onde eu fui assessor parlamentar há alguns anos. A moça tinha uns 25 anos, aproximadamente. Esbaldava ótima apresentação vestual e sua expressão era sempre a de alguém em paz com a vida.

Certo dia, fui além do bom dia e boa tarde e a elogiei: “Você se veste muito bem!”. Ela não demorou muito e respondeu: “Ah, que nada! Esta roupa já está batida, comprei há anos...” e continuou depreciando seus trajes da cabeça aos pés, até que sem graça e decepcionado, sai de perto e fui embora engasgado sem entender bem o que havia acontecido.

Dias depois, em outra oportunidade de corredor, soltei-lhe um chiste: “Como uma moça tão bonita e bem arrumada desperdiça um elogio tão despretensioso e sincero assim?”, mas ela respondeu se defendendo e dizendo que não jogou o elogio fora, apenas havia sido franca em dizer sobre as roupas dela e que afinal não se achava tão bonita assim. Bem, quando elogio ela recusa e começa a se depreciar, quando aponto um defeito e digo que ela não aceita um elogio, então nega.

Como se vê, ela padece de autoaceitação, este segundo pilar da autoestima. Acontece que para ela usufruir autoaceitação precisa antes tomar a atitude de viver conscientemente.

Veja como o segundo pilar depende do primeiro! A ideia do Dr. Nathaniel Branden nominar de “pilares” as dimensões da autoestima é bastante oportuna e pertinente, pois assim como um edifício não pode se sustentar sem qualquer um de seus pilares, da mesma forma a autoestima não pode existir em uma condição saudável sem qualquer um de seus pilares, em especial este segundo, considerado mais central do que os demais, embora todos sejam ou estejam intensamente interligados e dinâmicos entre si.

A atitude da autoaceitação é o segundo pilar da autoestima e o Dr. Branden afirma que “[...] a não aceitação de si mesmo é a recusa em manter relacionamento antagônico consigo mesmo”. Desta forma, a título de exemplo, a criança que cresce ouvindo adjetivos depreciativos sobre si, desconfiará de qualquer elogio no futuro, pois o que o outro diz a seu respeito contradiz a autoimagem registrada em seu cérebro e, por isto, não aceita. O contrário também é verdadeiro: a criança muito mimada e paparicada terá maior dificuldade aceitar seus defeitos quando adulta.

A atitude de autoaceitar é estar do próprio lado e agir a favor ou em favor de si mesmo, resguardadas as devidas proporções. Especialistas em saúde mental concordam que tanto o cliente em tratamento psicoterápico quanto o aluno em sala de aula poderão apresentar maior dificuldade em assimilar adequadamente um novo aprendizado se, eventualmente, a recusa em aceitar a si próprio for intensa e profunda. Esta afirmativa faz sentido, na medida em que a pessoa que não se aceita, rejeita inconscientemente qualquer melhora ou crescimento mais significativo, podendo inclusive boicotar-se simplesmente por não saber colocar-se do próprio lado e agir em favor de si mesmo.

Neste caso, não se deve confundir com o egoísmo, pois enquanto no agir em favor de si mesmo é aceitar a porção que lhe é devida, no egoísmo a pessoa não quererá compartilhá-la, o que é bem diferente. Observe que muitos clientes de psicoterapia abandonam o tratamento justamente quando estão começando a sentir algum progresso mais substancial. Esta dinâmica pode ser, entre outras coisas, indícios de auto sabotagem em função do despreparo em relação à atitude da autoaceitação.

Invariavelmente, o não desenvolvimento ou a degradação do segundo pilar da autoestima faz com que a pessoa nutra desde intolerância até ódio por si mesmo, podendo chegar a níveis mais preocupantes e desencadear atitudes de autoagressões, autopunições, automutilações e até mesmo a renúncia direta ou indireta pelo desejo de viver.

O caminho da restauração deste importante pilar da autoestima é empreender ações que visam despertar na pessoa pensamentos, palavras e atitudes de autoafirmação. E preciso que a própria pessoa consiga repetir em voz alta que respeita a si mesma; que tem valor e que tem o direito de ser quem ela é.

Mais uma vez, estas ações não devem servir para fazer com que a pessoa fique estagnada em uma determinada condição, mas que possa reconhecer e aceitar tal condição como ponto imediato de partida para uma situação ou condição mais elaborada.

Não é o fato de uma pessoa mal educada, social e moralmente inconveniente declarar-se deste jeito e fazer com que o outro a aceite assim. Mas é o caso dela mesma avaliar a impertinência desta sua condição e decidir-se evoluir em termos de maior produtividade e melhor qualidade de vida social.

Para cada lugar existente e de acesso disponível há um comportamento mínimo esperado. Para cada relacionamento, independentemente dos níveis de interação, há uma reciprocidade mínima esperada. Tanto nos lugares quanto na presença de outras pessoas, qualquer um pode continuar sendo quem ele é, mas de um jeito mais condizente e harmonioso.

Infelizmente, muitas pessoas têm tido maior facilidade em trocar de personalidade do que mudar de atitudes. É pela autoaceitação que estas nuanças poderão ser melhor percebidas e mais adequadamente trabalhadas. O simples fato de alguém ter a coragem de pedir e buscar ajuda é um ótimo sinal de autoaceitação. Lembra do ditado popular? “O pior doente é aquele que não reconhece a doença”. Quem não reconhece a doença, dificilmente pedirá ajuda.

Porém, a glória da restauração e desenvolvimento do segundo pilar da autoestima se efetiva quando uma pessoa que passou boa parte de sua vida se sujeitando a humilhações e abusos de toda natureza resolve dar um basta nesta condição e diz para si mesma: “Agora chega!”. Esta declaração é um marco histórico na evolução de sua situação. É preciso operar em favor de si mesmo quando ninguém mais pode fazê-lo, agindo positivamente e decidindo mudar uma situação indesejada, nem tanto por causa da submissão em si, pois esta tem seus limites aceitáveis, mas certamente por causa da mínima e qualquer condição de subjugação. Esta deve ser inaceitável!

Em seu livro “Sentido e contrassenso da revolta”, Julia Kristeva destaca os aspectos positivos e extremamente necessários da revolta. Tida como algo pejorativo e antissocial, a revolta, quando utilizada e aplicada em determinadas situações é altamente indicada. Afinal, apesar de óbvio ninguém deveria aceitar para si o que é inaceitável para qualquer um.

A atitude de autoaceitação é para pensamentos, características pessoais e demais coisas que são de modo geral aceitáveis. De outra forma, é preciso lançar mão da revolta inteligente e determinar a mudança, decidindo-se posicionar do próprio lado e em favor de si mesmo. Este é o contra senso da revolta! Dizer “chega!” à humilhação, ao abuso e à subjugação.

Quando eu digo sobre aceitar as coisas aceitáveis, estou me referindo, por exemplo, a recusa de alguém em olhar-se no espelho só porque não aceita suas medidas, o formato do cabelo, o tamanho do pé ou coisas deste tipo, mas indubitavelmente é preciso aceitar cada imperfeição como sendo particularmente sua. Isto não quer dizer, repito, que aceitar-se seja conformar-se. A partir da aceitação é que a mudança poderá ser empreendida.

Para que haja mudança e crescimento é preciso que haja autoaceitação. Aceitar-se a si próprio não é estagnar-se na condição ou situação atual, mas reconhecer que tal condição ou situação é um ótimo ponto de partida para a condição ou situação que se deseja alcançar.

Quando a pessoa resiste reconhecer em si os próprios defeitos ou a enfrentar a fonte de seus dissabores vivenciais, então a angústia se fortalece e a ansiedade tende aumentar. Entretanto, quando esta pessoa identifica e reconhece, aceitando, suas imperfeições e decide enfrentar aquilo que ela teme, permitindo e incentivando aflorar à consciência o que estava latente, então, a ideia adoecedora, que antes era forte se enfraquece e se dissolve naturalmente.

A atitude da autoaceitação começa quando a pessoa reconhece em si a antagônica condição humana, posto que é imperfeita apesar de fascinante; ignorante apesar de estudada; aprendiz apesar de docente; confiante apesar de traída; cansada apesar de determinada; ingênua apesar de inteligente; errante apesar de assertiva, enfim, todos somos tudo e também somos nada.

É a atitude da pessoa que dirá quem ela é, apesar do tempo, do lugar, das pessoas e das circunstâncias. Só não quer se conhecer quem não se aceita. Quem não se aceita e, por isto, recusa saber quem é, então, variavelmente acabará sendo quem os outros dizem que é e, assim, acabará se conhecendo pelo outro e não por si mesma, o que seria muito mais prazeroso, verídico e adequado.

Se uma pessoa demonstra ainda não conseguir conviver com seus próprios defeitos e imperfeições, estimule-a a aceitar pelo menos as próprias qualidades, para que não fique total e aleatoriamente à mercê da opinião dos outros e, por consequência, estabeleça imagem mental de si mesma, bem diferente da própria realidade, estruturada essencialmente em determinações alheias.

Encerro esta crônica com uma reflexão assinada por Mark Twain “[...] Daqui a alguns anos você estará mais arrependido pelas coisas que não fez do que pelas que fez. Então solte suas amarras. Afaste-se do porto seguro. Agarre o vento em suas velas. Explore. Sonhe. Descubra”.

Prof. Chafic Jbeile

Autodesenvolvimento

Autoestima - Terceiro Pilar - A Autorresponsabilidade

10:00


Aqui no Distrito Federal prevalece, desde a sua fundação até os dias atuais, a cultura do assistencialismo. Começou com JK oferecendo inúmeras vantagens: promoções, salários mais altos, lotes, apartamentos, isenção de impostos etc. Tudo para atrair profissionais de todos os segmentos e regiões do País com o objetivo de fazer a nova Capital funcionar como qualquer outra cidade. A notícia da distribuição das benesses pelo Governo espalhou-se rapidamente por todo território nacional, atingindo tanto as metrópoles quanto regiões castigadas pela miséria. Famílias inteiras, das mais longínquas regiões do Brasil largaram suas bases de origem e vieram tentar a vida em Brasília. Até aí tudo dentro da normalidade!

O problema começa a partir das pessoas que nasceram no Distrito Federal, em especial aquelas que originaram no seio de famílias mais pobres, como sempre a maioria, e sob o auspício de que teriam de tudo só porque vieram para cá, afinal, quem convida paga a conta! Acredito que uma quantidade significativa dessas pessoas menos favorecidas foram criadas com base neste maldito princípio constitucional de que o Governo tem a obrigação de fornecer tudo a qualquer cidadão: desde o parto de seus filhos, a cesta básica, saúde, segurança, passando pela escola, até a moradia e, no fim da vida, bancar o enterro do infeliz deixando é claro a pensão para a viúva e os filhos até completarem 18 anos.

O que seria augusta medida de amparo virou voraz estratégia política! Governadores mais recentes viram que a ideia de manter eleitores dependentes é uma inestimável fonte de votos e assim programas como bolsa-escola, vale-gás, vale-leite, vale-pão, cheque-educação, renda minha e uns sem números de outros benefícios foram surgindo com a justificativa de ajudar e amparar os mais necessitados, o que é mais do que louvável. Entretanto, estes benefícios no mínimo inibem, quando não roubam do sujeito, algo primordial para sua existência, enquanto pessoa humana e também como cidadão: a atitude da autorresponsabilidade.

Claro que ganhar de tudo, sem empregar muito esforço é uma ideia bem atraente, deveras tentadora. No entanto, nada pior do que uma pessoa crescer e se desenvolver sem a grata oportunidade de ser ela mesma e não o outro a própria responsável pela realização de seus desejos e felicidade. E se ela não aprendeu ser responsável pela realização de sua própria felicidade, certamente não aprenderá ser responsável por suas escolhas e atos. Por conseguinte, não sendo responsável por suas escolhas e atos, também não admitirá sê-la por seus relacionamentos na família, no trabalho, na sociedade como um todo. De modo que a responsabilidade por sua felicidade é primeiro da família, depois do Estado e inclusive da sociedade, assim ela pensa.

Se for infeliz a culpa é do outro, nunca dela! Chamar a responsabilidade para si não é apenas uma questão ética e moral, mas uma questão de autoestima, pois segundo o Dr. Nathaniel Branden, toda pessoa precisa em algum momento experimentar exercer e vivenciar qualquer controle sobre sua vida, só assim poderá sentir-se competente e merecedora da felicidade. Lembra do ditado: “tudo que é de graça não tem valor”? Pois é, quem ganha tudo ou passivamente espera sempre ganhar sem qualquer esforço: alimentos, roupas, bolsa de estudo, moradia etc, em um primeiro momento ficará muito feliz pela graciosa dádiva, mas esta pessoa irá se viciar em querer ganhar mais coisas, cada vez mais.

Em um segundo momento, obviamente sua autoestima será afetada e então ficará mais sensível do que o habitual. E se a pessoa de quem ela ganhou algo não lhe receber prontamente quando procurada, irá nutrir pensamentos de que está sendo desprezada, rejeitada e, assim, se sentirá inferior. Na verdade já se sentia de alguma forma inferior quando pediu algo, mas posteriormente esta ideia de inferioridade lhe chega de forma arrasadora ao consciente.

Trabalhei em uma instituição onde os bolsistas curiosamente eram sempre os alunos mais problemáticos, não que todos sejam; cuidado com o silogismo! Mas aqueles, em especial, quando não eram atendidos na hora sentiam-se humilhados e armavam o maior barraco, citando leis e reivindicando direitos. Isto acontece porque os referidos alunos queriam o benefício da bolsa, mas detestavam admitir para si mesmos a condição de bolsista. Bolsa é para a pessoa sem renda, com declaração de pobreza emitida por Cartório, em situação de risco pessoal e vulnerabilidade social. Bolsa de estudos não é modalidade de desconto, mas é justa, oportuna e democrática medida social de amparo aos excluídos que vivem à margem da sociedade. É uma forma de transformar, pela Educação, a vida de quem vive na mendicância, por exemplo. Aqueles bolsistas chegavam de carro à faculdade e odiavam admitir que bolsa é, em sua essência, para pobres declarados e socialmente excluídos.

Eles queriam a bolsa e exigiam tratamento especial, nunca igualitário. Isto é um mecanismo de defesa do ego angustiado, como forma de compensar sua perda de qualidade neste importante pilar da autoestima causada pela ausência da atitude da autorresponsabilidade, não porque era bolsista, imagina! Mas porque teve sua atitude de autorresponsabilidade suprimida ou pela superproteção dos pais, ou porque acabou se viciando nos programas assistenciais e agora não sabe viver sem eles.

Veja como anda ereta, autoconfiante e com os olhos no horizonte as pessoas que adquirem suas coisas com o próprio esforço. Quão marcante é o primeiro salário! Que sensação de controle e competência usufrui a pessoa. Ela faz questão de pagar suas contas e comprar seus próprios objetos de uso pessoal. Como é importante o papel da mesada para os adolescentes a partir dos 12 anos, aproximadamente. é a forma como os pais educam seus filhos para desenvolverem atitudes de autorresponsabilidade e por isto que não concedo bolsa integral nem atendo ninguém de graça. Pois ao dar gratuidade no atendimento estaria roubando do outro a responsabilidade sobre si mesmo e isto é extremamente contra terapêutico.

O sujeito me procura porque quer se desvencilhar da dependência familiar e então eu o torno dependente de mim?  Claro que não!  É ele quem deve arcar com as despesas de suas sessões, nem que seja pagando um real, cinco reais, dez reais pela sessão. Ele tem que pagar o que puder pelo próprio bem, assumindo a dádiva da autorresponsabilidade e se libertando de suas ilações inconscientes, causadoras das mais terríveis sensações e pensamentos de inferioridade e incompetência.

No meu tempo de escola, por volta dos anos 80, a responsabilidade de passar de ano era primeiro do aluno e depois da família. Nesta época professor era respeitado! Lembro-me que ficávamos todos de pé quando a professora entrava na sala de aula e olha que ela tinha apenas o Magistério.

Atualmente, o Governo fez o favor de transferir a responsabilidade da aprovação do aluno para o professor. Este coitado que hoje, mesmo sendo pós-graduado, tendo mestrado ou doutorado, ganha muito mal e é recebido com uma salva de vaias pelos seus “clientes” e ai dele – o professor - se tentar colocar ordem na sala, é despedido! Quero saber quem foi o bandido que roubou dos alunos a responsabilidade pela própria aprovação e passagem de ano? Este infeliz fez um mal a todos, com consequências catastróficas no futuro, onde os problemas atuais são apenas a ponta deste grande iceberg do caos familiar, escolar e social que iremos viver se medidas não forem tomadas.

Há professores que ministram aula sob escolta policial. Isto porque o aluno quer culpar o professor pelo seu mal desempenho, aliás desempenho nenhum. Se o professor cobra, então é ameaçado e agredido. Os psicoterapeutas nem se fala, mas os governos, assim como as famílias, deveriam resguardar o direito de instruir seus cidadãos e filhos a conquistarem seus desejos.

Educar para serem responsáveis pela própria felicidade; a conseguirem o que querem na medida de suas possibilidades e condições antes de lhes “corromperem” com benesses fortuitas em troca de votos ou, no caso das famílias, como forma de compensação da ausência e descaso por parte dos pais na educação dos filhos. Se alguém não se esforça para realizar seus próprios desejos é porque ou estes desejos não são seus ou não são verdadeiramente desejos, antes são meras fantasias. Por serem apenas fantasias, transfere-se para o outro a responsabilidade de realizá-las.

Ser responsável pela própria felicidade não quer dizer assumir a “culpa” de tudo que acontece de errado, mas significa estar disposto a aprender com os próprios erros e também com o erro alheio. Há que se ter um equilíbrio, pois ninguém tem o controle total sobre nada, inclusive sobre si próprio, mas também não é para se eximir de qualquer responsabilidade como se a certidão de nascimento fosse uma apólice de seguro, onde esta pessoa acredita poder fazer tudo, sem ter de ser necessariamente responsável por nada, nem mesmo pela própria felicidade.

De acordo com o Dr. Nathaniel Branden, apresentado no primeiro texto desta série, o balizamento da autorresponsabilidade reside na adoção de métodos que possam gerar modificações na consciência individual. Estes métodos são reflexões diárias e sistemáticas, por meio de perguntas do tipo: “Se eu assumir mais 5% de responsabilidade pela realização de meus objetivos.......... (o que acontecerá? O que terei de fazer?)”.

Falta de responsabilidade é a pessoa esperar que a família, o Governo, a Igreja, os colegas de sala, a equipe de trabalho e as pessoas de modo geral farão as coisas para ela e por ela. Quem sabe faz a hora, não espera acontecer! Cada qual, como artista que é, deve assinar como autor desta tela, onde pinta o quadro da própria vida! 

Prof. Chafic Jbeile

Autodesenvolvimento

Autoestima- Quarto Pilar - A autoafirmação

09:30


Certa vez eu anunciei uma vaga de emprego. Dezenas de currículos chegaram ao meu e-mail, inclusive o da esposa de um amigo que eu não poderia (não poderia?) deixar de fora do processo seletivo. Escolhi alguns com o perfil profissional mais alinhado à proposta de trabalho para o cargo anunciado e, então, agendei algumas entrevistas, pois precisava identificar nos candidatos algo que os currículos não mostram.

No dia da entrevista a esposa de meu amigo compareceu entre algumas candidatas que chegavam vestidas como se fossem para uma festa; outras tão formal como se fossem trabalhar no Fórum; e outras ainda tão desleixadas que pareciam não ter espelho em casa. Além disto, reparei que o discurso era artificial, parecendo que decoraram dicas de algum livro do tipo “Como passar em entrevistas de emprego”, um desastre!

A esposa do meu amigo estava tão confiante em relação a vaga, que estava nítida a expressão de desprezo ao olhar as concorrentes. Foi uma das primeiras a ser dispensada.

O ponto comum entre as candidatas era que cada uma tentava atender ou contestar expectativa que mal sabiam qual seria, pois não perguntaram antes qual o traje para a entrevista ou quais os detalhes do trabalho, ou seja, tentaram atender uma eventual exigência com base apenas em suas ocultas suposições, sem levar em consideração se aquela exigência era real ou não e, sendo real, como seria exatamente para que pudessem decidir atender ou não. Não fizeram isto, pois não acreditavam que tinham este direito e dever para consigo mesmas: A atitude da autoafirmação!

Enfim, as pessoas tentam (como eu tentei durante muitos anos) a todo momento atender ou confrontar expectativas alheias sem saber se tais expectativas existem e em que forma ou condições elas existem, pensando que desta forma estão se afirmando perante o outro. Assim, retiram de si a oportunidade da escolha e se obrigam a parecer com quem não são, forjam máscaras pelo simples fato de querer incondicionalmente agradar ou desagradar propositadamente o outro em função de sua cegueira histérica, sujeitando-se a roupas, situações e posicionamentos que intimamente não gostam ou não concordam, traindo a si mesmas.

Não me refiro aos diferentes papeis que exercemos como filhos, pais, professores etc. Em cada papel um comportamento e uma atitude determinada e isto é completamente aceitável e pertinente. Também não me refiro a cumprir regras que anteriormente tenha aceitado cumprir de comum acordo. Refiro-me à sujeitar-se incondicionalmente às convicções alheias para ser aceito ou não ser rejeitado pelo outro.

Contrariar a si para agradar ao outro é uma das piores formas de traição e, geralmente, depois de um tempo a pessoa desenvolve desde vergonha até raiva de si mesma pela auto traição, afetando consideravelmente sua autoestima, que é a qualidade de amor e consideração que mantém por si mesma. Como gostar de si mesma quando se trai?

No caso da rebeldia, quando se faz algo que agride o outro é igualmente prejudicial à autoestima. Conheço pessoas que sustentam remorso por ter se exaltado e agido de forma bruta, magoando pessoas quando na verdade não são adeptas a este tipo de comportamento. Geralmente se consideram calmas, controladas e educadas, mas para supostamente afirmar-se perante o outro, desnecessariamente deixam de lado a urbanidade e partem para a grosseria como única maneira de defender uma idéia ou convicção própria, decepcionando a si mesma.

Ser “curto e grosso” não é sinônimo de sinceridade e autenticidade, muito menos de autoafirmação, é sinal de autoestima fragilizada, ou no mínimo, falta de educação mesmo. Não é comum à pessoa com autoestima saudável agir com agressividade quando a situação não justifica tal apelo.

A agressividade é admitida nos seres humanos em caso de eminente risco pessoal e em legítima defesa. Se alguém usa de agressividade para defender uma idéia própria é porque inconscientemente considera em situação de risco pessoal, o que seria totalmente incoerente no ponto de vista lógico.

Embora minha, é apenas uma idéia cuja aceitação ou rejeição pelo outro, de forma alguma, pode colocar em risco a minha existência. Neste sentido, o Dr. Nathaniel Branden defende que o princípio da autoafirmação é a disposição que a pessoa tem para tratar a si própria com respeito em todos os seus contatos diários e relacionamentos. Não se vê necessidade o uso e aplicação indiscriminada de comportamento agressivo para defender as próprias convicções.

Não se trata apenas de uma possibilidade, mas de um direito universal que deve ser reconhecido pela própria pessoa. É preciso acreditar que se tem o direito de ser quem se é, conscientemente. Autoafirmação sem consciência é pura estupidez, como o caso das candidatas que chegavam mal arrumadas e diziam que as pessoas tinham de aceitá-las como elas são, afirmando: “Se gostar bem, senão gostar amém!”. Elas tinham razão até certo ponto, mas faltou-lhes consciência, pois o simples fato de direito em ser quem é, tornam desnecessários o comportamento e discurso ofensivos.

Para empreender atitude de autoafirmação não é necessário ser arrogante, estúpido ou imperativo. Basta dizer natural e educadamente que gosta ou não gosta de certas coisas; ou que prefere determinada linha de pensamento do que outra. Que gostaria ou não realizar determinadas tarefas de trabalho.

Em outro extremo a ausência da autoafirmação gera timidez, medo de falar e se apresentar em público; a pessoa receia expressar suas idéias e, com aquele sorriso sem graça, acaba por fingir concordar com as idéias dos outros, entrando em contradição sistematicamente. Quanto mal à autoestima faz a falta de posicionamento, de autoafirmação.

Não são poucos os profissionais que sofrem a síndrome de burnout, entre outras inúmeras doenças laborais. Uma parte, acredito, porque além de todos os percalços naturais da profissão, tais profissionais também não se respeitam e realizam tarefas ou assumem funções que contrariam suas crenças, valores e vocações em função do salário apenas. Esta é uma forma prática de vender um pedaço da autoestima, tornando-se morno e indiferente com o trabalho e as coisas do trabalho. Neste caso é hora de procurar o trabalho certo para fazer já que não consegue fazer bem feito o trabalho que se concordou fazer até então.

Toda passividade é, de alguma forma, uma atitude sabotadora, ou de si, ou do outro, ou da instituição. Para Branden, “certas pessoas param e se movimentam como se não tivessem direito nenhum ao espaço que ocupam”. Quando você ver ou ouvir alguém fazendo ou falando algo que você repudia, conteste educadamente, ao invés de temer ser rejeitado(a) ou desagradável. A autoestima não perdoa passividade.

Por outro lado, quando um profissional tem atitude da autoafirmação este coopera com boas ideias, se empenha em desenvolvê-las, “briga” por elas, buscando apoio e superando dificuldades com determinação e persistência, sempre de uma forma prazerosa e produtiva porque está certo e consciente daquilo que acredita e tem esperança realizar, sem precisar destruir o outro.

Quantas vezes traí a mim mesmo tentando me adaptar a pessoas e circunstâncias das quais eu não concordava, trabalhando em empregos medíocres e insignificantes para mim. Pensava que aquelas pessoas e oportunidades seriam únicas e eu não poderia perdê-las. Era puro autoengano. Depois de um tempo de sofrimento e muita depredação de minha autoestima acabava por me afastar daquelas pessoas e trabalho. Deveria ter tomado uma atitude de autoafirmação desde o início, durante a entrevista teria sido o ideal, ficando do meu próprio lado e poupado a mim mesmo de tanta angústia. É preciso “cortar os fios” antes que a bomba exploda, ou melhor, antes de implodir o quarto pilar da autoestima.

Algumas daquelas candidatas que mencionei no início do texto se chatearam comigo por eu não tê-las contratado, inclusive a esposa de meu amigo. Porém, disse a cada uma o que eu pensava sobre o perfil delas em relação à vaga, sempre de uma forma gentil e procurando ser construtivo em minha devolutiva, pois não me agradaria deixá-las pior do que quando chegaram. Sempre acreditei estar fazendo um favor a elas mesmas, pois não consegui perceber atitude de autoafirmação e empregá-las somente em função de suas necessidades pessoais ou de uma amizade.  Seria grave irresponsabilidade de minha parte. Certamente eu teria causado prejuízos à autoestima delas e principalmente a empresa e equipe de trabalho. Em um lampejo de consciência, acabei por fazer um favor a todos, inclusive a mim mesmo quando decidi experimentar a atitude da autoafirmação.

Por mais que algumas pessoas possam ser importantes, nada justifica a negação ou supressão de nossas próprias opiniões. Ser auto-afirmativo é estar do próprio lado e respeitar as próprias opiniões sem, contudo tomar atitudes estúpidas em relação à opinião das demais pessoas. Neste aspecto, a atitude de autoafirmação exige equilíbrio entre coragem e sabedoria! 

Prof. Chafic Jbeile

Autodesenvolvimento

Autoestima - Quinto Pilar – A Intencionalidade

09:00


Participava da cerimônia de formatura de um grande amigo. Ao parabenizá-lo pela vitória da etapa acadêmica vencida ele me disse: 

- “Vamos ver o que vai ser agora!”.

Não podia perdoá-lo pela insinuante e inconsciente acomodação desvelada em suas palavras; muito menos perderia a chance de coibir uma ação íntima de aquietamento e respondi instantaneamente: 

-“Que história é esta? Vai passar a bola para o acaso? Nada disto! Pode começar a planejar a sua carreira e determinar o que vai ser ao invés de soltar os remos”.

O amigo respondeu: 

-“Será que não pode deixar de ser psicanalista pelo menos na minha formatura?” 

E eu disse: 

-“Nunca quando alguém de minha estima representa um perigo para si mesmo”. 

A conversa cessou por ali, mas minha preocupação continuava. O fato é que assim como meu amigo, eu também já perdi muito tempo de minha vida deixando a vida me levar. Soltar os remos e ver para onde a maré leva o barco é algo muito estúpido e bastante arriscado. É preciso ter a intenção de fazer e realizar o que se pretende, ao invés de transferir para o acaso a sua própria sorte. 

Afirmações do tipo: “Vamos ver o que vai dar”; “Deixa a vida me levar”; “Quem sabe um dia...”; “Eu gostaria fazer isso”; “Quem me dera eu pudesse”; “Se eu isso...”; “Se eu aquilo...” são afirmações isentas de intencionalidade. Elas denotam que a pessoa está entregue e dependente de forças aleatórias e causais para que algo se concretize. 

Até o famoso “Se Deus quiser...” não pode ser isolado e aleatório, como se alguém estivesse a transferir para Deus, única e exclusiva responsabilidade sobre as coisas que a pessoa deseja realizar ou conquistar para si. O Homem faz planos e a resposta vem de Deus, mas se o homem não faz planos, dificilmente uma resposta virá. A falta de planos é a falta de fé, e a falta de fé é a drástica isenção da intencionalidade. 

Viver de propósito e com propósito é a argamassa do quinto pilar da autoestima. É preciso que cada pessoa estabeleça metas (curto prazo) e objetivos (médio e longo prazos) para qualquer coisa que pretenda realizar/conquistar na vida, seja lá em que área for. 

Não são poucas as pessoas que vivem sem a importante atitude da intencionalidade. Geralmente são aquelas pessoas que respondem a um convite com o seguinte chavão: “Eu não tenho tempo!” Ou estão entregues ao acaso e por isto não têm disciplina sobre o próprio tempo ou estão mentindo quando na verdade poderiam simplesmente dizer “obrigado pelo convite, mas não quero ir” ou “Tenho outro compromisso nesta data” ou coisas assim. 

Quem afirma não ter tempo é porque não tem disciplina sobre os próprios eventos de sua vida diária. Não se organiza e vive em função das coisas urgentes ou emergenciais. Por isto se descontrola e se angustia. Muitas vezes gasta mais do que pode; fala mais do que deve e age por impulso e está sempre dizendo algo do tipo “deixa como está para ver como é que fica”. Para o Dr. Nathaniel Branden, viver intencionalmente envolve as seguintes questões:

a) Assumir a responsabilidade de formular conscientemente seus próprios objetivos e propósitos;

b) Preocupar-se em identificar os atos necessários para alcançar os objetivos estabelecidos;

c) Monitorar o comportamento para que ele esteja em sintonia com os objetivos estabelecidos;

d) Prestar atenção aos próprios atos para certificar-se que eles levarão você ao ponto aonde quer chegar. 

Em outras palavras leitor(a), viver intencionalmente é determinar o tipo de comportamento que quer ter para com as diferentes pessoas, em diversas ocasiões e ambientes. Você pode ser grosseiro(a) ou gentil por impulso ou de propósito. Você pode ser o que você quiser ser. 

Viver intencionalmente é determinar o que se deseja alcançar na vida e traçar um plano. Em seguida, estabelecer objetivos e metas para se chegar à realização desejada, tendo sabedoria para ajustar os planos e as atitudes enquanto caminha rumo a seus propósitos. 

Preste atenção nestas frases antigas, de autorias diversas: 

Quem não sabe para onde quer ir, qualquer lugar serve. 

Se você não fizer alguma coisa, nada vai mudar. 

Se você continua fazendo as mesmas coisas, continuará tendo os mesmos resultados. 

Sua vida muda quando você muda! 

A bússola aponta o Norte, mas você precisa fazer algo para chegar lá. 

E se você é religioso(a) saiba que Deus não move um dedo naquilo que você pode fazer. Deus só age quando as coisas estão verdadeiramente fora de seu alcance e controle.

Portanto, não se preocupe com as coisas que você não pode fazer nada, mas tome uma atitude positiva em relação às coisas que você tem algum controle e pode fazer algo, ao invés de apenas soltar os remos e dizer “vamos ver o que vai dar...”. 

Decida intimamente, realize suas coisas com a intenção de realizá-las do fundo de seu coração, pois viver, trabalhar, estudar, namorar, escrever, falar e muitas coisas mais que fazemos no dia a dia só terá graça e plenitude quando temos a intenção de fazê-las e isto é viver com a atitude da intencionalidade: O quinto pilar da autoestima! 

Encerro este texto com mais esta reflexão: "A raiz da nossa autoestima não são nossas realizações, mas as atitudes geradas interiormente que, entre outras coisas, nos possibilitam realizar algo" (Nathaniel Branden)

Prof. Chafic Jbeile

Autodesenvolvimento

Autoestima - Sexto Pilar - A Integridade Pessoal

08:30


Assisti recentemente, como faço há muitos anos, palestra sobre meio ambiente e educação ambiental. Achei fantástica a proposta didática na impecável apresentação dos slides; os conceitos são realmente fascinantes e os vídeos tão surpreendentes quanto comoventes. Fiquei encantado!

Acontece que meu encantamento foi amenizado pelo próprio palestrante quando ao final do evento o flagrei jogando o papel do chiclete no chão. Ao perceber que eu vi o que ele havia feito sorriu sem graça dizendo: “este papel é solúvel”. Percebi a falta de coerência entre discurso e prática. Imperdoável para aquela pessoa, naquele dia, naquele momento.

O jovem professor pediu desculpas, apanhou o pedacinho de papel amassado e o jogou no cesto de lixo. Mesmo assim, continuei a observá-lo discretamente enquanto desmontava seus equipamentos e senti que ele havia ficado envergonhado de si mesmo. Menos mal para o meio ambiente, porém extremamente doloroso para o moço!

Pude perceber que aquele palestrante autoconfiante e cheio de convicção durante a conferência perdera muito de seu brilho depois do efêmero e vergonhoso episódio. Já não olhava mais com tanta firmeza e confiança nos olhos das pessoas que iam cumprimentá-lo pela excelente exposição. Ele havia perdido sua força interior, pois sua autoestima acabara de receber um baque.

Ele perdera sua integridade pessoal naquele exato momento.

Um gigante sobre educação ambiental que havia respondido brilhantemente diversas perguntas polêmicas e difíceis sem se abalar, agora se encontrava derrubado por um simples pedacinho de papel.

Passou duas horas aproximadamente combatendo ferrenhamente o descuido com o lixo pessoal; encheu a tela com estatísticas estarrecedoras sobre o impacto ambiental causado pelo lixo que produzimos; não poupou críticas às pessoas mal educadas, às famílias que não fazem coleta seletiva de seu lixo, excomungou governantes e até ONGs.

Enfim, aquele jovem havia perdido momentaneamente e no sentido mais estrito da palavra, a sua integridade pessoal. Deixou de ser inteiro quando seu ato contradisse seu belo discurso, cujo teor expressava seus valores, princípios e ideais. O moço desmontou-se, perdeu espaço dentro de si e diminuiu de tamanho. Sua autoestima foi ferida, ficando comprometida no sexto pilar!

De acordo com o Dr. Nathaniel Branden: “[...] quando nos comportamos de forma conflitante com o que julgamos apropriado, perdemos o respeito por nós mesmos”.

Sabe-se que a falta de integridade é tão ou mais nociva do que qualquer censura ou rejeição externa, pois contamina intensamente o senso de self. Pode-se evitar uma pessoa que está sempre nos humilhando e ofendendo, mas dificilmente se pode evitar a si mesmo em veladas sessões de autocensura. Por isto acredito que o pior dos verdugos seja a própria consciência.

Nenhum ser humano tem poder maior de condenação do que a própria pessoa contra si mesma e a depressão é uma prova disto. Não é a toa que oro a Deus diariamente pedindo livramento dos inimigos, mas principalmente do rigor de meu superego.

Não obstante, os momentos que comparo meu discurso com meus atos são importantes incubadoras de culpa, pois desperta-se naquele exato momento da autocensura moral uma espécie de juiz corregedor a que Freud intitulou superego, cujo moto maior é o princípio do ideal, lugar do inconsciente onde estão armazenadas as nossas referências mais sublimes juntamente com as mais elevadas expectativas, depositadas em nós pela sociedade e por nossos entes queridos ao longo de nosso desenvolvimento.

O murundu de ideais perfeitos construídos desde a infância em nosso inconsciente afronta a todo instante nossos impulsos mais pueris, idílicos, exercendo pressão enlouquecedora, cujo ego precisa lançar mão dos mais eficazes mecanismos de defesa para aliviar desconfortante compressão: esta angústia do ego causada pelo ultraje de nosso próprio ego moral ou superego.

Um desses mecanismos de defesa do ego é a projeção, cuja dinâmica consiste em lançar no outro aquilo que condeno em mim. Portanto, quando reconheço que fiz o que condeno o outro fazer, percebo-me isento de integridade e o espírito desfalece instantaneamente.

Uma das características menos toleráveis nas pessoas de modo geral e em especial naquelas pessoas que sempre condenamos é a falsidade, a hipocrisia: palavra-chave de toda crítica aos dissimulados políticos. Quem já não repetiu a frase “fulano é mentiroso” ou ”deputado X é falso, enganador, um hipócrita!”. Parece que ao amaldiçoar o outro por sua falta de integridade, tenta-se expurgar de si mesmo esta tragédia interna que corrompe a alma e contamina o espírito.

Daí a repercussão avassaladora que tem a falta de integridade sobre a autoestima. Quem não tem pecado que atire a primeira pedra! Quem nunca foi hipócrita ou mentiroso?

A raiva e o ódio que estava em Caim ou em Hitler também podem estar em mim, assim como a generosidade de Abel e o amor de Cristo também podem estar em mim. Tenho em mim o que há de melhor e o que há de pior na espécie humana. Ao admitir isto me vejo com mais integridade, pois deixo de ser apenas quem eu gostaria de ser (a melhor parte) para admitir ser quem eu realmente sou (todas as partes).

Tirar uma doença do CID – Código Internacional de Doenças não a fará desaparecer, assim como refutar uma característica repudiante não a eximirá de existir em mim.

Reprimo e expurgo aquilo que julgo não prestar ou repudio em mim; mas afloro e evidencio o que mais me agrada. Contudo, não me deixo iludir haver pleno controle sobre estas forças interiores. Dado que as circunstâncias, as pessoas e o meu estado geral complementam tais forças de controle a cada instante que vivo. Em função do descontrole destas forças, posso perder ou recuperar minha integridade pessoal a todo instante.

Na experiência do Dr. Nathaniel Branden, ao aplicar dinâmica onde solicitava aos participantes que completasse a frase: “Eu seria mais íntegro se...” então algumas respostas surgiram, tais como: ...eu cumprisse minhas promessas; ...eu admitisse minhas falhas, erros ou inabilidades qualquer ao invés de mascará-las descaradamente.

Assim, ser íntegro é não rir de piadas das quais realmente não se acha graça nenhuma; é admitir as qualidades e virtudes de um concorrente; é dizer não quando se tem vontade; é não superfaturar o recibo do reembolso; é reconhecer a responsabilidade que tem sobre as pessoas; é não desviar objetos do escritório para uso particular.

Enfim, na opinião de cada participante ser íntegro é o mesmo que fazer a coisa certa, empreendendo congruência entre aquilo que se fala e aquilo que se faz, sabendo que as virtudes que a autoestima nos pede nem sempre são as mesmas que a vida nos exige.

Prof. Chafic Jbeile

Autodesenvolvimento

Autoestima - Sétimo Pilar – Final - O Amor

08:00


Talvez eu não seja a melhor pessoa para falar de amor. Este é um tema melhor abordado pelos poetas, pelos artistas, pelas mães, pelas mulheres de modo geral. Eles sim podem falar com mais propriedade e com maior eloquência do que eu. Mesmo assim, a despeito de minhas limitações, ousarei falar sobre o amor em função de sua implicação à estrutura da autoestima.

Há vários sentidos e aplicações para a palavra amor. Em todos os empregos e usos do termo o significado comum é o de querer bem e agir em favor de algo ou alguém. Tudo que se faz com plenitude de vontade e intensidade de alma, se diz que é feito com amor. Portanto, o mal feito é por si só isento de amor porque não é máximo, não é esforçado, não é bem quisto, antes é feito com má vontade, de qualquer jeito, obrigado e, por isto, livre do significante amor.

A referência filosófica do amor alude aos relatos de Platão quando compara este sentimento com a caça; como algo que se busca a todo esforço até que se obtenha aquilo que acredita não possuir. Daí chamar de amor platônico toda forma de amor que extrapola os limites do bom senso e aproxima-se do patológico.

Em Freud tem-se entendido o amor como a pulsão mais primária, o impulso de vida; também conhecido nos escritos psicanalíticos como Eros. Este alterna com Thanatos, o impulso de morte. Enquanto o primeiro constrói e edifica, o segundo destrói e corrompe. O pai da psicanálise sugeriu várias vezes e em todas as suas obras a força dessas pulsões sobre as atitudes conscientes e inconscientes de nosso viver.

Enfim, são muitas as referências sobre amor e não há espaço e tempo neste singelo texto para abordar todas elas. As que aqui se apresentam são suficientes para referenciar o que pretendo vincular com o tema proposto, ou seja, o sétimo pilar da autoestima.

Desta forma, tanto no âmbito religioso-espiritual, filosófico ou psicanalítico o emprego da palavra amor e suas variações semânticas sugerem tratar de uma força sem limites, intangível, venerável e poderosa ao ponto de fortalecer, revigorar e gerar vida. Em outras palavras, o amor é como as turbinas de um avião ou o motor de um carro. Sem eles nem um nem outro poderiam sair do estado estático.

É neste sentido que o amor se aplica a autoestima como sétimo pilar, pois sem esta força propulsora nada nem ninguém poderão mover-se e muito menos transformar-se. Nenhum dos outros seis pilares poderiam se efetivar sem o sétimo. Só o impulso de vida – amor – é que pode fazer uma pessoa mudar de idéia, se arrumar, tomar atitudes mais condizentes com o autorrespeito, a autoafirmação, a integridade pessoal, a prosperidade e a melhora pessoal em todos os sentidos aplicáveis.

Não se pode ver o amor, mas pode-se percebê-lo atuante quando as pessoas são compelidas a mudar e a fazer mudar qualquer coisa ou pessoa para um estado melhor, mais bem aprimorado.

Autoestima é a tradução literal do amor próprio. Cada qual tem sua autoestima na mesma proporção do amor que sente por si próprio. Assim fica fácil entender porque as pessoas se prejudicam e se matam entre si, pois cada qual ama o próximo como a si mesmo.

Aquilo que se faz ao outro é, em análise, aquilo que se deseja fazer a si mesmo, mas de uma forma velada. E o que se quer fazer veladamente a si mesmo é o límpido reflexo da consideração e amor que cada um nutre e mantém por si mesmo. Ninguém que desonra a si mesmo poderá ter o outro em honra.

Em outra perspectiva desta análise, pode-se entender as pessoas que nos agridem e nos machucam como praticantes de ação proporcional ao ódio e repúdio que elas sentem por elas mesmas. Só quem conhece e experimentou o amor pode amar. Aquele que não sabe e sequer provou desta força chamada amor, jamais poderá desejar ou fazer o bem a si mesmo, quem dirá ao próximo.

Viver sem se sentir amado é uma porta para a angústia e a depressão. Viver sem se sentir amado torna a vida muito mais dolorosa do que normalmente seria. Tudo fica mais difícil. Se relacionar fica mais difícil. Estudar, trabalhar, produzir fica quase impossível e então reina o impulso de morte, tornando as pessoas mais amargas, destrutivas, maldizentes e infelizes. O que esperar dessas pessoas? Não há perspectiva de vida, de sucesso ou mesmo de futuro quando a pessoa não se sente amada, querida, desejada. 

Portanto, não basta dizer a uma pessoa que a ama ou usar sua linguagem de amor para acreditar que o outro está sendo amado. É necessário que o outro se sinta amado para que possa experimentar esta força que transforma e revitaliza qualquer pessoa que é agraciado por ela.

Nada pode ser mais sublime e produtivo para uma pessoa do que sentir-se amada pelo pai, pela mãe, por Deus, por qualquer alguém que lhe importa ou pela sociedade de uma forma geral. Os piores delinquentes, capazes das piores ações destrutivas e práticas antissociais são pessoas incapazes de sentir e experimentar o amor.

Esta incapacidade pode ser congênita, relacionada à micro lesões cerebrais que impedem o processamento de tal sentimento ou mesmo pela experiência do abandono, do descaso e do desprezo elaborados de forma peculiar em suas mentes a partir das ações e palavras de seus entes mais próximos, a partir do nascimento até algum momento de sua vida em que ocorre um insight negativo e passa a crer na ideia de que não é amado o suficiente, antes se sente indesejado e rejeitado. Eis a semente do mal, da criminalidade. 

Ninguém rouba, mata ou destrói por amor, mas por ódio e revolta.

Como é poderosa quando dita com sinceridade a frase “eu te amo”. Experimente dizer mais vezes eu te amo com as pessoas que você quer bem, mas comece dizendo a si mesmo(a) toda vez que se olhar no espelho pela primeira vez no dia. Contudo, nunca repita mais do que três vezes ao dia para não estimular eventual narcisismo!

As ações sociais de contenção da delinquência e repressão ao crime não deveriam se restringir a medidas socioeducativas e penais com base no Código Civil e na Constituição Federal apenas. Nada que se faça com base exclusivamente nas Leis e nas regras sociais poderá transformar o ódio de alguém em amor. Por isto as cadeias estarão sempre lotadas e os índices de criminalidade continuarão aumentando dia após dia. Ninguém pode se sentir amado com a aplicação da Lei.

Também não é o caso de distribuir bíblias aleatoriamente. Pois, ainda que eu falasse as línguas dos anjos se não houver amor, nada adiantará. É preciso se sentir amado e experimentar este sentimento.

E se alguém não se sente amado e, portanto, não experimenta o amor como poderá ter bem consolidado o seu amor próprio? Assim, terá invariavelmente comprometido todos os sete pilares da autoestima.

Leitor(a), a melhor referência teórica de amor que eu conheço está no primeiro livro que o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios, registrado no Capítulo 13, versos 1 a 8 da Bíblia, como se segue:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal; Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor nunca falha[...]”.

Prof.Chafic Jbeile