Autodesenvolvimento

Como manter o amor?

12:09


Ah...o amor, esse milagre de encantamento, feito de encontros inesperados ou acasos favoráveis, é como um choque que eletriza, cega, encanta e também pode matar. Mas no mínimo, deixa-nos perdidos, sem saber como segura-lo. 

Já foi pior, ou melhor, depende do ponto de vista, mas desde a década de 70, numerosas transformações dos costumes e da vida privada vêm ocorrendo. Os contraceptivos e as discussões sobre o aborto, o feminismo, a progressão das uniões livres, os corpos mais expostos na mídia e na propaganda, a liberação de certa forma do sexo. Tudo isso acabou por emancipar os corpos e tentar emancipar a alma. 

O amor parece ter sido liberado sem limites, sem recalques, sem constrangimentos. O rigor e a ética nas relações vêm sendo contestada e as relações livres, não com relação à gênero, mas às diversas maneiras de se vincular ou se desvincular, vem sendo pauta de discussões.

Sexualidade e pecado parece ter sido extirpada e sexo e amor podem se dar as mãos. Mas ao contrário do hino que há percorrendo as redes sociais de que “ninguém solta a mão de ninguém”, em algum momento na relação, as mãos precisam estar livres e isso também não é pecado.

O amor nem sempre foi romântico. Ele, como base do casamento, talvez tenha sido a mais importante mudança na mentalidade, nos últimos dois séculos. Anteriormente casamento, que é o que poderia se chamar de relação, era um negócio e para a vida toda. Ainda é, em algumas culturas. 

Será que o amor romântico chegou tarde demais? Quando as mentes já estavam impregnadas pelas ideias de  necessidade de segurança, para as mulheres e de serem respeitados apenas se tivessem resultados de conquistas, incluindo a quantidade de mulheres, da mesma forma que de dinheiro, no caso dos homens?

Parece que o amor romântico, mal chegou e já está de partida. Foi uma moda que não deu certo, ou é incompatível com a mentalidade humana? Como há certo risco em determinar verdades, já que o amor está mais para filosofia e arte do que para a ciência, onde ele é visto através dos sintomas e substâncias produzidas, que mais parece uma doença do que um sentimento, vou me abster. Embora eu tenha opinião sobre isso.

Apenas como uma torcedora de que o amor romântico permaneça, ao menos mais um tempo conosco, para que possamos conhecê-lo melhor e não vá embora tão rápido, como o visitante de um enfermo que chega trazendo flores, senta de lado na poltrona, com medo de uma contaminação e vai embora rapidinho com a desculpa de que este precisa descansar, quero fechar esse texto com uma dica que pode ajudar aqueles que também querem saber mais desse desconhecido.

O amor só se mantém pelo desejo. Um é o oposto do outro. Mas não é equilibrar os dois, tornando-o cinza, ou café com leite, que faz o amor romântico continuar a existir. E sim, saber o tempo do amor, e, o tempo do desejo.

O amor quer transformar o outro em algo que nada nele seja estranho, o amor quer se fundir e que os dois sejam apenas um. Já o desejo, quer que o outro seja estranho, uma eterna surpresa, o desconhecido constante. 

Só os capazes de amar podem compreender isso, entendendo que sexo e amor soltam as mãos sim. Só os mais conscientes vão saber que essa é a hora do desejo e que essa não é a hora de buscar o desconhecido fora da relação, mas se tornar desconhecido para o outro, para que o outro se torne estranho para nós, e a sedução se faça necessária. Só então se pode voltar novamente ao momento do aconchego, dos abraços, do olhar apaixonado, do beijo demorado, das palavras doces, dos projetos em comum, da admiração, da sensação de eternidade, aquilo que costumeiramente chamamos de amor e que se não está de partida, no mínimo está se tornando fora de moda. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912


Autodesenvolvimento

O que estou fazendo de errado, já que meus desejos não estão se realizando? Parte 4.

09:38


4 - Perdendo tempo em Rede Social ou jogos: Não se preocupe, não bancarei seus pais, seus parceiros, seus amigos, e nem você mesmo que vive se condenando por passar tempo demais em rede social ou na frente de um vídeo game. Têm pessoas demais puxando sua orelha. 

Por isso sei que você já sabe que esse hábito, ou, já um vício está impedindo que seus desejos se realizem. Não há mais foco, concentração, disciplina. Se é que um dia houve. 

Te explicar que o vício por rede social, jogos, comida, sexo ou drogas fica na mesma região do cérebro e que para sua mente não importa no que está viciado, o prejuízo pode ser o mesmo, também sei que não vai adiantar. 

Quando o assunto é hábito ou vício, prefiro menos explicações, já que a mente vai arrumar um jeito de te enganar mesmo, e justificar seu comportamento. 

Então vamos a...

Como a Psicologia pode trabalhar nessa hipótese: Viciados mentem e mentem muito, principalmente para si mesmos. A mente de um viciado em rede social ou jogos não é diferente. Essa mente não vai aceitar que não consegue dormir porque não consegue parar de olhar o celular, ou dar um tempo no jogo. Vai justificar que fica nas redes sociais porque não consegue dormir, que vai até o final do jogo que pode levar um dia inteiro, porque é persistente. 

O caminho então é exercitarmos a mente para que ela pense diferente. Assim como para criar força muscular, com exercícios mentais criamos força mental para que controlemos nossa vontade e possamos escolher nossos comportamentos, começando pela escolha dos pensamentos. Sim, o que pensamos pode e deve ser controlado. Normalmente esses exercícios precisam ser realizados uns 25 minutos todos os dias, por no mínimo 1 mês. Conforme o caso, logicamente começamos com menos tempo. Mas o mês precisa ser completo, ou seja, não conseguindo realizar um dia, precisa retornar ao início. Vou dar um exemplo porque não há uma receita. Cada pessoa recebe seus exercícios de forma personalizada. Mas o objetivo é sempre o mesmo: Criar força mental para resistir às tentações do vício. Embora citei rede social e jogos, esses exercícios também são utilizados para pessoas que não tem controle sobre passar o tempo todo pensando em alguém, não conseguem deixar de bisbilhotar a rede social do ex ou da ex, não consegue deixar de responder uma mensagem de alguém que está te iludindo e você sabe, pessoas que tem pensamentos obsessivos e pensamentos acelerados. Enfim serve para toda forma de falta de vontade e falta de controle. 

Exercício: Os exercícios são sempre alterados quando se tornam automáticos, quando os pensamentos que não tem relação com o que está fazendo, invadem a mente. Os exercícios são individuais porque precisam ir contra aquilo a que a pessoa tem facilidade, já que nesse caso o automatismo mental continua e não exige foco no ato, o que impossibilita criar musculatura mental. Leia-se força mental.

Ex: Faça uma conta (aquele tipo rosário cristão) com 100 pedras, deixando pequenos espaços para ir arrastando as pedras enquanto conta. Com ele na mão vá arrastando e contando as pedras até chegar a 600, ou seja 6 vezes a conta. Sendo que a cada rodada você altera a direção. Primeiros 100 arrasta para a direita, outros 100 para esquerda. Realizar isso não errando nenhuma contagem. Errou uma lá no meio, volta ao início. 

Esse exercício e mais no mínimo 4 são passados no primeiro momento. A soma de tempo desses 5 exercícios dará uns 25 minutos diários, se fizer sem erros. Nesse tempo sua mente não consegue ficar naquela divagação emocional e a força mental vai sendo criada. 

Vou dar uma outra dica: Comece a ter mais controle emocional quando portas batem, ruídos aparecem de repente, campainhas tocam, pessoas gritam. Ao não causar uma emoção de pavor, dar um pulo, levar um susto, dizer algo em seguida de um fato assim acontecer, você vai criando força para dominar sua mente. Cria atenção plena ao momento que está vivendo. Quem estiver de fato atento vivendo no presente vai conseguir antecipar o que vai acontecer. E talvez até poder impedir. 

Recobrando o controle você sairá do mundo virtual, onde personagens de jogos vencem e pessoas realizam coisas, ou mentem que, e começará a realizar os desejos da própria vida. Afinal é isso que você quer não é? Se realmente for, impossível que não consiga.

Obs.: Levantei apenas algumas hipóteses e falei sobre, mas há outras hipóteses que cabe a cada um levantar sobre não estar manifestando seus desejos, como:
- Ganhos Secundários,
- Muitos desejos de uma só vez, em desencontro com a realidade, e sem planejamento,
- Inconstância dos desejos,
- Vários fracassos no que deseja, e a criação de medo excessivo.

Enfim, a lista pode ser grande. A solução primeira é descobrir o ou os impedimentos. 

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

O que estou fazendo de errado, já que meus desejos não estão se realizando? Parte 3

14:14




...Continuação

3 - Falta de Planejamento Personalizado: Uma jovem de 17 anos chegou com um distúrbio de Ansiedade e algumas patologias que podem estar associadas: Transtorno de Pânico com Ataques, Depressão, Obesidade. Cinco anos antes foi indiretamente pré-determinado pela família que ela faria certa faculdade. O fato deles terem sido tão amorosos, tão presentes, tão estimuladores, tão confiantes no potencial dela, tão disponíveis financeiramente, fez com que ela pronunciasse o que eles queriam ouvir, e o que ela pensava que tinha escolhido: “Vou fazer vestibular para…”. Ela era inteligente, focada, disciplinada, mas a escolha retirou toda sua originalidade, espontaneidade e estava acabando com o desejo de viver. Mas eu nunca havia visto um Planejamento de Estudo e de Vida tão completo. A única coisa que não constava era o tempo que ela poderia respirar, porque tenho certeza que pela angústia que chegou, respirava às vezes. 

Com 17 anos ela tinha um Planejamento detalhado até os 35 anos, quando então poderia pensar em casar. Embora não havia o tempo para namorar até lá. Tudo era voltado para a vida profissional e financeira. Minutos eram detalhados. Escovar os dentes, e arrumar o cabelo pela manhã tinha um prazo de 5 minutos, que era levado à risca. 

Com o Planejamento e quantidade de tempo dispensada aos estudos ela poderia passar aonde quisesse. Mas não passou em nenhuma. Um excelente Planejamento não é garantia de que o desejo vai se realizar. Mas sem um Planejamento é improvável que um desejo se materialize. O motivo da não realização do desejo dessa moça, primeiro foi porque ela não estava consciente que o desejo não era dela, mas sua mente estava tentando mostrar isso quando começou a materializar patologias. Nas provas ela desmaiava, tinha brancos, vômitos, enxaqueca...Segundo, porque o Planejamento transformou ela num robô voltado somente para estudar, trabalhar, ganhar dinheiro. Cancelou sua vida amorosa, ainda mais numa idade em que ela estava despertando para a sexualidade; tirou-lhe o direito ao lazer; à saúde, por mais que ela tivesse a possibilidade de ter uma excelente alimentação e acesso aos melhores médicos, a saúde não era tão importante quanto o tempo de estudos; o tempo com amigos e familiares, praticamente nada; tempo de reflexão, espiritualidade e ócio, jamais. Sua vida até os 35 anos seria quarto, universidade, livrarias, biblioteca, cursos, mestrado, doutorado - PhD, filmes voltados para vida profissional, viagem somente 1 semana a cada 6 meses, para lugares voltados a vida profissional. Não preciso me alongar para que percebam que não havia espaços para erros, para ser flexível, espontânea, criativa, vital para todo Planejamento.

Inclusive em recente pesquisa, em ordem de importância, a Criatividade é a competência profissional mais buscada nas empresas, seguidas de Persuasão, Colaboração, Adaptabilidade e Gerenciamento de Tempo. 

Viciada em Planejamento, como a família ensinou, refizemos depois de um período que possibilitou que eu a conhecesse e que ela se conhecesse, um Planejamento para a pessoa que ela era, incluindo todos os aspectos que uma vida necessita ter,  e com a possibilidade de desenvolver essas competências, que se alteram de posição, mas nos últimas anos, são de importância nos escritórios de RH. 

O mesmo já aconteceu com um rapaz que entrou para O Marketing de Rede, chegando à terapia, depois de um ano cumprindo um Planejamento detalhado, para executar aquela função que ele começou a sentir ódio por não conseguir avançar. Ele desejava muito os benefícios da função, que eram bem generosos. Mas sentia como se tivesse abusado do Ser real que ele era, que detestava vendas, contatos. Quando descobriu que seu perfil não era de um líder, mas de um estrategista, teve uma ideia de negócio que em 2 anos já trouxe à ele metade dos rendimentos que ele estava se propondo ganhar no Marketing de Rede em 7 anos. 

Como a Psicologia pode trabalhar nessa hipótese: Tenho vontade de relatar todas as histórias de reconstrução de vidas que já vivenciei, mas creio que para compreensão da necessidade de um Planejamento que não mate o restante dos aspectos, essas sejam suficientes. E é exatamente esse o trabalho da psicologia quando falamos da realização de um Planejamento. Por trás de um Planejamento, tem um Ser, tem uma Vida, tem uma missão de Vida. Não basta excelentes Planejamentos técnicos, e algumas vezes algumas ferramentas aplicadas para estimular que se vá adiante. Precisa antes que o planejador saiba realmente quem é, o que o satisfaz, o que ele sente, o que o motiva, o que o desafia, no que ele consegue focar e principalmente no que pode se apoiar no momento para levar o plano adiante: que valor financeiro possui, com quem pode contar, que conhecimentos sobre o assunto possui, tempo disponível, espaço, e o que mais for necessário para a concretização dos desejos. 

Um Planejamento precisa envolver a sua realidade. Um robô pode realizar o que se propôs, mas não sente nada quando e se termina o planejado. Por isso, primeiro, mais certeza quando se impuser realizar alguma coisa, porque as consequências do desgaste de um Planejamento ilusório chegarão roubando um pouco de vida. 

O Planejamento precisa englobar todas as áreas da vida, protagonizando obviamente mais as áreas que precisam ser focadas para a realização do desejo.

Lembre que escrever o que deseja não é Planejamento. Planejamento necessita de prazos determinados, objetivos, metas, tarefas. Detalhes, detalhes e muitos detalhes.

O processo de Imaginação Ativa da Teoria Junguiana, é excepcional para a materialização dos desejos, pois permite lidarmos com a sombra que causa a resistência a manifestação do que quero. Há dinâmicas, testes, relaxamentos, há uma infinidade de possibilidades que nessa hipótese um psicólogo pode colaborar. É Impossível não conseguir quando o desejo é legítimo e o caminho é trilhado.

É um erro achar que Planejamento serve apenas para quem está buscando se posicionar na vida profissional e financeira. Todos os aspectos da vida precisam de Planejamento para que os resultados venham. Uma relação amorosa entra aqui também. 


Observação: A moça citada, hoje com alguns anos a mais, está casada, tem um filho, não fez nem aquela, nem outra faculdade e hoje é uma pessoa realizada que ganha bastante dinheiro com o que a tornou famosa. Não foi o resultado que a família desejava, nem exatamente saiu como o planejado. Quando você segue um plano, você segue com a consciência daquele momento. Deixando espaço para a espontaneidade, trabalhando o autoconhecimento. Algumas coisas que não estavam ali vão aparecendo. Algumas que eram importantes podem deixar de ser, e outras que nem mesmo davam sinal de existir de repente se exibem, como o botão de uma flor, que se abre do dia para a noite. Atentos a isso, Planejamentos precisam se ajustar, e abrir espaço para as surpresas que vão surgindo. No caso dessa moça o amor de um homem e o filho chegaram antes da faculdade e exatamente por isso que hoje ela sabe exatamente o que a realiza profissionalmente. 

Muitos desejos que não se realizam acontecem porque esquecemos desse ajustamento. Um sorvete, por exemplo, não destrói um Planejamento de emagrecimento, mas a rigidez acaba com muito mais do que isso. 

Nem tão à esquerda, nem tão à direita. Seres humanos evoluídos vivem no equilíbrio. 
Luciana Sereniski
CRP 12/06912





Autodesenvolvimento

O que estou fazendo de errado, já que meus desejos não estão se realizando? Parte 2

16:57

...Continuação

2- Autoflagelação Emocional pelos erros cometidos: Utilizo o termo autoflagelação, mas não para designar alguém que machuca o corpo, mas a alma, na ânsia de aliviar a culpa.

A incorporação da ideia de que se realizar algo errado não é merecedor de receber algo bom foi ensinado não da forma que realmente funciona, mas transformado numa espécie de tortura, para controlar as pessoas. 

O que nos ensinaram parece simpático e vamos repassando aos filhos, quando num tom de inocência avisamos: “Se você for bonzinho o Papai Noel traz o presente”. Assim ingenuamente se incorpora a ideia de que se erramos não merecemos receber algo bom. E crenças sobre receber e merecimento vão se formando. 

É fato que se erramos vai haver uma ação dentro de nós, estejamos conscientes disso ou não, para que as coisas se acertem. Mas isso em nada tem a ver com castigo, em não mais merecer receber. Na natureza não há certo ou errado, só equilíbrio e desequilíbrio. Obviamente que se provocamos um desequilíbrio, por sermos também natureza, haverá um movimento interno para que o equilíbrio volte a reinar. O processo é automático. Ninguém poderá fugir do que fez. 

O mesmo vale para o desequilíbrio no sentido positivo. Este também é automático. Em algum momento receberemos o que merecemos pelos acertos, para que o equilíbrio volte a existir. A natureza não quer ninguém melhor do que o outro. Ela se encarrega de te devolver o que merece para que todos sejam iguais em direitos e deveres e possam crescer juntos. Uma das leis desse mundo é a dualidade, portanto o máximo que aqui poderemos chegar será a neutralidade. Ou seja, conseguir realizar, estar feliz, estar em paz, tendo tudo, ou não tendo nada, tendo quem amamos, ou não tendo quem amamos, quando erramos, quando acertamos. Quem chegar a isso, venceu. E não cabe aqui mais explicações, mas estar neutro não significa não sentir. 

A autoflagelação emocional acontece quando não confiando no processo natural da vida, a pessoa se impõe, sem estar consciente, devido a suas crenças aprendidas, pagar um preço maior pelo erro cometido. Cria para si a ideia de que não é uma boa pessoa, portanto não merece mais ter um bom retorno e isso impede a mente de trabalhar à favor da realização dos desejos. É mais comum do que podemos imaginar.

É importante saber que o erro cometido será reequilibrado (cobrado), através da natureza dele, embora lógico tudo em nós está entrelaçado, ainda assim a sabedoria em nós vai buscar priorizar o reequilíbrio no mesmo aspecto que foi gerado, exatamente para que possamos continuar recebendo e crescendo nos outros pontos. E quando estivermos mais fortalecidos, essa sabedoria em nós escolhe que agora vamos pagar o preço. Nunca a natureza, que somos nós, e está em nós, age para ganhar de nós, nos machucando. O objetivo é sempre nos autodesenvolver. 

Quantas vezes de forma leiga dizemos: “dá até medo quando tudo está indo bem porque parece que alguma coisa ruim vai acontecer”. E é isso mesmo. Para sempre, até o final dos tempos, enquanto estivermos transmutando o que há de sombras em nós, para chegarmos a neutralidade,  o processo será esse: Equilíbrio, desequilíbrio, equilíbrio, desequilíbrio…). Se deixarmos por conta do processo natural pagamos o preço devido. Se resolvermos gerar culpa além do normal pelos erros e nos autoflagelar, o jugo será pesado. 

Uma observação: Na hora do reequilíbrio a natureza levará em consideração se é um erro primário, ou seja inconsciente, ou um erro cometido com intenção. No processo de reequilibrar a intensidade (o preço), com certeza vai variar. 

Como a Psicologia pode trabalhar nessa hipótese: Primeiramente recebendo os erros como partes do processo de autodesenvolvimento e sem os julgar. Em segundo lugar ajudar o paciente na compreensão e aceitação do seu erro. E para isso é importante ele saber como esse processo acontece dentro dele. Mas simplesmente explicar pode não ter efeito nenhum na psique da pessoa. Por isso na Psicologia Junguiana trabalhamos muitas vezes casos assim com mitologia, contos de fada, pois através deles crianças ou adultos conseguem assimilar o simbolismo, que é Universal, e mudar a psique, através da verdade que é revelada de forma subliminar. E é assim que de repente a pessoa se compreende, se perdoa, consegue perdoar o erro dos outros e se libertar, para prosseguir no seu processo de autodesenvolvimento. 

É, eu sei, na teoria é ótimo, na prática um pouco mais complicado.  Então, o quanto antes começar o treino para parar de se culpar, mais rápido os desejos se realizarão.  

Luciana Sereniski
CRP 12/06912

Autodesenvolvimento

O que estou fazendo de errado, já que meus desejos não estão se realizando? Parte 1

15:53


Impossível responder essa questão apontando uma única causa, portanto serão postados alguns textos até esgotar o assunto, levantando hipóteses para que cada qual na sua individualidade possa refletir sobre. Muito provável que algumas ou muitas das hipóteses estejam entrelaçadas impedindo que os desejos se materializem. Vou focar a cada hipótese em como a psicologia trabalharia a questão. Vamos as hipóteses:

1 - Terceirização do Poder e a busca pelo mágico: Recentemente veio à tona relato de muitas mulheres se dizendo abusadas, enganadas, estupradas pelo médium João de Deus. Vou deixar de lado aquilo que não compete à um psicólogo, que é o julgamento, e vou me utilizar não do comportamento dele, mas do comportamento das milhares de pessoas que buscaram ajuda com ele para resolver questões emocionais e mentais. Algumas delas como consequência de desequilíbrios mentais e emocionais já apresentavam doenças físicas. Muitas delas realizavam um esforço desmedido na busca por alguém que elas consideravam mais poderoso do que elas e do que um psicólogo ou psiquiatra (profissionais que estudaram para trabalhar com a psique humana), para que este realizasse seus desejos. Antes de prosseguir nesta situação, quero relatar uma situação que vivenciei dias atrás. 

Numa viagem, eu aguardava em determinado lugar para ser atendida, enquanto várias pessoas, na maioria mulheres, trocavam figurinhas em alto e bom tom sobre a ida à uma cartomante, ou algo relacionado, mas era alguém que fez previsões para toda a equipe. Para uma das moças, cerca de vinte e poucos anos, foi dito que neste ano ela encontraria o homem da sua vida e ele era muito rico, o que ia ao encontro do desejo da pessoa que parecia valorizar muito o dinheiro, e esse homem iria realizar todos os desejos dela. Para outra, uma mulher perto dos cinquenta, casada há mais de vinte anos, um homem maravilhoso estava para entrar na sua vida, dando-lhe todo o amor, carinho e paixão que ela sempre desejou. Eles teriam um caso e de tão apaixonada ela deixaria o esposo. Os olhos dela brilhavam ao relatar seu futuro pré-determinado pela cartomante. 

No meu íntimo eu pensava, com relação a primeira: “Quando esse homem rico chegar para realizar seus desejos, antes de perguntar o nome lhe pergunte se é corrupto, porque esse é o único tipo de homem que está disposto a realizar os sonhos das mulheres, sem cobrar nada por isso, já que o dinheiro não é dele mesmo”. Com relação a mulher casada, qualquer um que estivesse ali mais de 5 minutos saberia da insatisfação com seu casamento, era nítido que ela queria se sentir amada, valorizada, desejada por um homem. Mas como estava seu preparo para receber um homem “pronto” para dar tudo isso? Agora com a premonição de um príncipe chegando, quem sabe na próxima esquina, tudo estava resolvido. Ela estava alerta para outro, e não mais voltada para resolver as questões de relação dentro do casamento, não especificamente sobre seu casamento, mas sobre si e sua forma de se relacionar. Com os olhos voltados para fora ela seria um alvo muito fácil para atrair mais do mesmo, numa embalagem nova, que não muito tarde se revelaria a mesma coisa. Aqui a mágica ficou nas mãos da cartomante que definiu o futuro delas, o homem rico que salvaria a moça da sua inconsciente sensação de incapacidade de conseguir sozinha realizar seus desejos, e por fim a mágica estava num outro casamento que traria o amor para a mulher já casada, amor esse que nem ela estava conseguindo se dar. E todos esses mágicos seriam responsáveis pela realização dos seus desejos, e dos desejos que lhes foram revelados.

Voltando a questão do João de Deus. Algumas pessoas foram curadas, e hoje se sabe que foram poucas. Mas as que conseguiram, seja lá pelo que mal as afligia, só foram curadas pela sua fé, e não pelo poder de um homem que determinou-se poderoso e as pessoas aceitaram como tal. Eu me pergunto se essas pessoas curadas tomaram consciência do seu próprio poder para realizar o que desejam ou se sentem medo de que algo ruim volte, já que o intercessor não era poderoso. Se for um comportamento viciado algumas pessoas já estão na busca do seu próximo guru, como aquele grupo que eu ouvia que também comentava que já precisavam voltar a cartomante, provavelmente para que ela repetisse todas as revelações, e as fizesse acreditar, porque no fundo nem elas acreditaram realmente naquilo e mais no fundo ainda, não era ser salva por um homem que elas queriam, mas salvas por si mesmas. 

Algumas pessoas podem pensar: Ok, mas se a pessoa acredita que uma pedra cura, então essa pedra tem o poder de curar e isso é o que vale, a cura. Só que não, porque se você perder a pedra ou a pessoa que você atribuiu poder vier a morrer, tudo pode se perder. O valor estaria na consciência do seu poder, da sua fé, da sua capacidade de realizar, na consciência da própria divindade. Uma cura inconsciente serve sim para dar mais tempo, mas o problema pode retornar a qualquer momento. Uma cura consciente elimina toda possibilidade daquilo voltar a acontecer e essa cura, a realização disso, só é possível vir de dentro de cada Um, com a consciência do Próprio Poder que vive dentro de cada Ser, denominado de Força, Deus, Guia, Ser Superior, Eu Maior, como quiser. 

As pessoas que conseguiram se curar, se tomarem consciência que foi pelo Poder que delas emana, estarão livres do mal que as afligia para sempre. E mais, que elas são seus próprios intercessores. Para quem conhece um pouco de religião cristã sabe que até a vinda de Jesus os intercessores eram necessários. O ensinamento principal de Jesus foi dizer que à partir dali a comunicação entre o homem e o divino era direta, através da fé. O milagre seria possível trancado ali no seu quarto. Desde óbvio, que a pessoa soubesse como domar sua psique, porque é através dela que o impossível ocorre, que o desejo se materializa. 

Como a Psicologia pode trabalhar nessa hipótese: Quem define seu presente, seu futuro, independente do que aconteceu no passado é você, que é a única pessoa que sabe qual é seu real desejo. Muitos desejos não se realizam porque não foram desejados por nós. Um psicólogo não é um guru, não se posiciona como um poderoso que vai te passar a receita, ou definir o caminho a seguir. Você escolhe o caminho, te ajudamos a usar sua potencialidade para chegar aonde deseja, ajudamos a que enxergue quais são as sombras que te impedem de caminhar e meios para resolvê-las. E se você resolver ir por outro caminho, voltar, correr, parar, vamos acompanhar, vamos respeitar sua decisão. Gradativamente você começa a perceber que quem manda na sua vida é você, quem define o que quer, o caminho que deseja seguir, a relação que quer viver é você e isso te torna poderoso. Nós olhamos dentro de você e ajudamos a revelar quem você é, um Ser divino. Mas te avisamos que pode ser difícil ainda, que você não está preparado, ou, que agora é um bom momento, que você está firme para o que deseja. Mas respeitamos qualquer escolha. Só não somos capazes de fazer o que um poderoso guru pode te prometer: Fazer por você. Isso nunca. Porque isso seria roubar a sua Vida, e isso por si só, já é um abuso.

Luciana Sereniski
CRP 12/06912