O que estou fazendo de errado, já que meus desejos não estão se realizando? Parte 2
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...Continuação
2- Autoflagelação Emocional pelos erros cometidos: Utilizo o termo autoflagelação, mas não para designar alguém que machuca o corpo, mas a alma, na ânsia de aliviar a culpa.
A incorporação da ideia de que se realizar algo errado não é merecedor de receber algo bom foi ensinado não da forma que realmente funciona, mas transformado numa espécie de tortura, para controlar as pessoas.
O que nos ensinaram parece simpático e vamos repassando aos filhos, quando num tom de inocência avisamos: “Se você for bonzinho o Papai Noel traz o presente”. Assim ingenuamente se incorpora a ideia de que se erramos não merecemos receber algo bom. E crenças sobre receber e merecimento vão se formando.
É fato que se erramos vai haver uma ação dentro de nós, estejamos conscientes disso ou não, para que as coisas se acertem. Mas isso em nada tem a ver com castigo, em não mais merecer receber. Na natureza não há certo ou errado, só equilíbrio e desequilíbrio. Obviamente que se provocamos um desequilíbrio, por sermos também natureza, haverá um movimento interno para que o equilíbrio volte a reinar. O processo é automático. Ninguém poderá fugir do que fez.
O mesmo vale para o desequilíbrio no sentido positivo. Este também é automático. Em algum momento receberemos o que merecemos pelos acertos, para que o equilíbrio volte a existir. A natureza não quer ninguém melhor do que o outro. Ela se encarrega de te devolver o que merece para que todos sejam iguais em direitos e deveres e possam crescer juntos. Uma das leis desse mundo é a dualidade, portanto o máximo que aqui poderemos chegar será a neutralidade. Ou seja, conseguir realizar, estar feliz, estar em paz, tendo tudo, ou não tendo nada, tendo quem amamos, ou não tendo quem amamos, quando erramos, quando acertamos. Quem chegar a isso, venceu. E não cabe aqui mais explicações, mas estar neutro não significa não sentir.
A autoflagelação emocional acontece quando não confiando no processo natural da vida, a pessoa se impõe, sem estar consciente, devido a suas crenças aprendidas, pagar um preço maior pelo erro cometido. Cria para si a ideia de que não é uma boa pessoa, portanto não merece mais ter um bom retorno e isso impede a mente de trabalhar à favor da realização dos desejos. É mais comum do que podemos imaginar.
É importante saber que o erro cometido será reequilibrado (cobrado), através da natureza dele, embora lógico tudo em nós está entrelaçado, ainda assim a sabedoria em nós vai buscar priorizar o reequilíbrio no mesmo aspecto que foi gerado, exatamente para que possamos continuar recebendo e crescendo nos outros pontos. E quando estivermos mais fortalecidos, essa sabedoria em nós escolhe que agora vamos pagar o preço. Nunca a natureza, que somos nós, e está em nós, age para ganhar de nós, nos machucando. O objetivo é sempre nos autodesenvolver.
Quantas vezes de forma leiga dizemos: “dá até medo quando tudo está indo bem porque parece que alguma coisa ruim vai acontecer”. E é isso mesmo. Para sempre, até o final dos tempos, enquanto estivermos transmutando o que há de sombras em nós, para chegarmos a neutralidade, o processo será esse: Equilíbrio, desequilíbrio, equilíbrio, desequilíbrio…). Se deixarmos por conta do processo natural pagamos o preço devido. Se resolvermos gerar culpa além do normal pelos erros e nos autoflagelar, o jugo será pesado.
Uma observação: Na hora do reequilíbrio a natureza levará em consideração se é um erro primário, ou seja inconsciente, ou um erro cometido com intenção. No processo de reequilibrar a intensidade (o preço), com certeza vai variar.
Como a Psicologia pode trabalhar nessa hipótese: Primeiramente recebendo os erros como partes do processo de autodesenvolvimento e sem os julgar. Em segundo lugar ajudar o paciente na compreensão e aceitação do seu erro. E para isso é importante ele saber como esse processo acontece dentro dele. Mas simplesmente explicar pode não ter efeito nenhum na psique da pessoa. Por isso na Psicologia Junguiana trabalhamos muitas vezes casos assim com mitologia, contos de fada, pois através deles crianças ou adultos conseguem assimilar o simbolismo, que é Universal, e mudar a psique, através da verdade que é revelada de forma subliminar. E é assim que de repente a pessoa se compreende, se perdoa, consegue perdoar o erro dos outros e se libertar, para prosseguir no seu processo de autodesenvolvimento.
É, eu sei, na teoria é ótimo, na prática um pouco mais complicado. Então, o quanto antes começar o treino para parar de se culpar, mais rápido os desejos se realizarão.
Luciana Sereniski
CRP 12/06912
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