Adquirindo Segurança e Autoconfiança
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Autoconfiança é o ato de confiar em nós mesmos, em toda nossa capacidade. Segurança é uma espécie de postura que mostramos quando confiamos em nós mesmos, esta sendo o desencadeador da autoconfiança, já que segundo Jung, segurança é uma das primeiras necessidades de sobrevivência do ser humano, vindo logo depois da necessidade de alimentação, água, necessidades fisiológicas: defecar, urinar. Se é uma necessidade de sobrevivência uma pessoa sem sentimento de segurança parece estar constantemente não conseguindo viver, como se estivesse sempre em guerra, com medo de morrer, mas também com medo de viver, mesmo quando o agora esteja diferente da infância, onde a segurança não foi instalada.
Nos nossos primeiros momentos já começamos a buscá-la. Quando estamos com fome e somos nutridos nos sentimos seguros; quando sentimos dor e alguém nos socorre, nos sentimos seguros; quando sujamos as fraldas e somos trocados, nos sentimos seguros; quando acordamos chorando com medo, ou mesmo por birra e alguém nos acolhe, sentimos segurança. A segurança que temos portanto é um dos primeiros aprendizados com nossos pais, na fase matriarcal, tanto com meninos quanto com meninas. Desde muito cedo o resultado do que eles nos fazem ou deixam de fazer repercute na nossa segurança. Essas sensações ficam instaladas em nossas células e, quando o ego começa a aparecer, lá pelos 7 meses eu já não consigo diferenciar que a insegurança é do outro e não minha, porque até esse momento não temos a capacidade dessa diferenciação. Minha mãe sou eu, minha mãe é o mundo, tudo e todos sou eu e se algo foi ruim, o mundo será visto a priori como ruim.
A falta desse acolhimento, desse amor, determina as primeiras crenças aprendidas por aqui:
- Sou amada
- Não sou amada
- As pessoas são boas
- As pessoas são más
- Conseguir realizar meus desejos é fácil
- Conseguir realizar meus desejos é difícil
- Suprir minhas necessidades é natural
- Suprir minhas necessidades talvez nunca aconteça
- Pais são confiáveis, portanto o mundo é um lugar confiável, com pessoas confiáveis
- Meus pais não são confiáveis, portanto ninguém é
- A dor sempre passa
- A dor é insuportável
- Se sinto fome, sede, terei meu suprimento
- Se tenho fome, sede, terei que sofrer muito para conseguir.
É triste que tenhamos desenvolvido essas crenças e não tivemos escolha, aqui caberia uma discussão que não compete a ideia do texto, já que há crenças religiosas e filosóficas que dizem que escolhemos tudo antes de nascer, o que traria tudo desde o início para nossa responsabilidade. Mas à partir da consciência enquanto o Ser existente de agora, podemos garantir que toda mudança é possível. E mesmo que a crença errônea persista, temos que tentar amar o fato de poder alterá-las, buscando não culpar, nem julgar nossos pais, ou não conseguiremos transpor essa barreira e paramos neles e em nós da infância.
Para não se desestimular e não se colocar numa situação de vítima, saibam que no mínimo na metade da população não foi instalada a ausência de medo e desenvolvido uma segurança adequada no primeiro ano de vida. O problema ainda maior é que estamos replicando essa defasagem, faltando ao não dar a segurança necessária aos nossos filhos, sendo o excesso de cuidados também negativo, pois desta forma também não se aprende a confiar em Si mesmo para realizar escolhas. Sem culpados, pois não estamos sozinhos nesta busca. Somos todos no mínimo um pouco inseguros e não autoconfiantes.
Luciana Sereniski
CRP 12/06912
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